Atuação discente em saúde e a Agenda 2030 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

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Em Junho de 2012, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) realizada no Rio de Janeiro, 193 países-membros integrantes da Assembleia Geral da ONU estiveram reunidos para discutir os novos rumos sobre a sustentabilidade e desenvolvimento mundial. Foi assim que se desenvolveram os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), ou também chamados Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, com uma forte base nos antigos Objetivos do Milênio (ODM), cujo prazo se encerrou em 2015.

Para melhor compreensão da pauta, é importante se compreender o conceito de Desenvolvimento Sustentável, que não diz respeito somente ao meio ambiente, mas em diversas outras frentes de trabalho nos mais distintos setores. Segundo definição da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, ‘’O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades’’.

Estabelecida tal definição, os ODS, criados na Rio+20, compõe 17 objetivos, subdivididos em um total de 169 metas a serem atingidas até o ano de 2030 de forma a dar continuidade e ampliar os trabalhos dos antigos ODM por mais 15 anos. Essas 17 metas são: 1- Erradicação da Pobreza; 2- Fome Zero e Agricultura Sustentável; 3- Saúde e Bem-Estar; 4- Educação de Qualidade; 5- Igualdade de Gênero; 6- Água Potável e Saneamento; 7- Energia Acessível e Limpa; 8- Trabalho Decente e Crescimento Econômico; 9- Indústria, Inovação e Infraestrutura; 10- Redução das Desigualdades; 11- Cidades e Comunidades Sustentáveis; 12- Consumo e Produção Responsáveis; 13- Ação Contra a Mudança do Clima; 14- Vida na Água; 15- Vida Terrestre; 16- Paz, Justiça e Instituições Eficazes; 17- Parcerias e Meios de Implementação.

Os 17 ODS são inseparáveis, em desenvolvimento mútuo, interdepentende e constante; são uma responsabilidade de Estado, e não de Governo, independentes de partidos ou candidatos políticos. Trata-se de uma responsabilidade social em que a coparticipação de empresas e da população de forma geral é fundamental. A conscientização e atuação pode ser liderada por qualquer cidadão, e em questão de acadêmicos da área da saúde, há uma parcela importante de poder de mudança. Alguns meios que podem ser citados são a Extensão Universitária, Centros Acadêmicos e outras entidades, Pesquisa Científica, apoio docente e discente, reconhecimento de necessidades da população e intervenções

Transformando a discussão em dados numéricos, o quanto os discentes do ensino superior na área da saúde possuem poder para agir em prol dos ODS? E qual o dever dos mesmos quanto ao tema? Em 2019, a ONU estimou uma população mundial total de cerca de 7,7 bilhões, enquanto o Brasil demonstra, até o desenvolvimeno desta postagem, uma população de aproximadamente 213 milhões. Do total de brasileiros jovens entre 18 e 24 anos, apenas 21,4% estavam matriculados ao ensino superior em 2019.

Segundo o Censo da Educação Superior de 2019, no Brasil, dentro dos 20 cursos com o maior número de matriculados no país, o número de acadêmicos da área da saúde contabilizados no ano foram 326.750 de Enfermagem, 270.239 de Psicologia, 222.677 de Educação Física, 187.710 de Medicina, 177.405 de Fisioterapia, 141.455 de Nutrição, 142.633 de Farmácia, 132.845 de Odontologia.

Finalmente, é possível buscar utilizar o conceito de Accountability, que segundo Tinoco, ‘’Accountability representa a obrigação que as organizações têm de prestar contas dos resultados obtidos, em função das responsabilidades que decorrem de uma delegação de poder’’. Para discussão, relaciono este conceito à atuação das universidades para com a sociedade.

Reflexão: O que as faculdades/universidades, em conjunto com os discentes da área da saúde, têm desenvolvido nos rumos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável quanto a Accountability?

Para discussão, trago algumas provocações em formato de questionamentos:
1- As universidades/faculdades estão contribuindo ativamente com a cidade/região/país/mundo?

2- Os acadêmicos estão efetivamente inseridos nessas atividades?

3- Há interesse por parte dos discentes em tal participação?

4- As ideias dos discentes são levadas em consideração pelos docentes?

5- Quais são as necessidades locais da sociedade na qual estamos inseridos?

6- O que podemos fazer a respeito?

REFERÊNCIAS:

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