Esses dias durante uma consulta de PCCU foi possível observar uma situação bastante desconcertante. Uma paciente procurou a UBS para a realização do seu exame, porém ao adentrar ao consultório foi surpreendida pela presença de alguns acadêmicos que estavam ali apenas na condição de observadores mais as profissionais que realizariam seu atendimento. A sua reação não foi boa e ela pediu para que os acadêmicos se retirassem, pois para ela aquele exame já era constrangedor por si só e fazê-lo com várias pessoas a observando seria pior, porém a preceptora dos acadêmicos não deu ouvidos a ela e forçou a permanência de seus alunos no local gerando uma tensão e o visível descontentamento da usuária em seu procedimento. Diante desta situação foi possível notar a desumanização em relação a paciente quanto ao desrespeito do seu direito de escolha, da geração de um ambiente inóspito e até mesmo do desrespeito a sua autonomia.
Situações como essas são muito comuns no cotidiano, pois os alunos querem ver, ouvir, tocar e explorar o máximo possível para adquirirem conhecimento e isto é importante no seu processo de aprendizagem, no entanto é necessário ter a sensibilidade para entender que o “objeto” do seu estudo é um ser humano que na maioria das vezes chega ao serviço extremamente sensível, envergonhado, querendo expor para o mínimo de pessoas possível o seu problema que pode não ser apenas físico e muitas pessoas o(a) observando (a) pode dificultar o processo de comunicação, entre outros fatores necessários para ajudar na solução da sua dificuldade.
Dessa maneira é necessário que as instituições de ensino juntamente com seus preceptores criem maneiras de lidar com os pacientes pedindo autorização dos mesmos para participarem dos seus procedimentos, mostrando a importância dessa vivência para a formação profissional dos discentes e que ensinem aos seus alunos a importância do respeito ao paciente, a preservação da sua autonomia, a geração e a manutenção de um lugar seguro.
Por Vera Calado
Verdade Ana.
Muitas vezes me faço essa mesma pergunta: Cadê a humanização que deveria estar sempre aqui?
Falar, discutir, ler, não é o suficiente, devemos sempre aproveitar os momentos para promover essa discussão sobre nossas relações no trabalho e no campo acadêmico, bem como dialogar como vemos a humanização e se ela acontece nesses espaços? De que maneira podemos inseri-la? Como sensibilizar o outro dessa necessidade?