MÃES ADOLESCENTES
Campanha sensibiliza para a prevenção da gravidez na adolescência
Unidade Materno Infantil promove atividades para alertar sobre cuidados no pré-natal e planejamento reprodutivo
Campanha sensibiliza para a prevenção da gravidez na adolescência
A adolescente R. P. A., estudante de escola pública, descobriu que estava grávida aos 15 anos. Com o susto, a primeira coisa que pensou foi como contar para a mãe. O medo da reação dos pais que assolou a menina é o sentimento dominante entre milhares de adolescentes no Brasil que passam pela mesma situação. No caso dela, porém, o medo deu lugar a esperança, já que teve o apoio dos seus familiares e namorado. Mas nem sempre é assim. A gestação na adolescência é, geralmente, motivo de conflitos e incertezas, tanto para a futura mãe, quanto para a família que não está preparada para lidar com a situação.
Fazer com que uma adolescente se sinta responsável pela sua própria saúde, de forma integral, é desafiador. Esse pensamento é que norteia a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, aprovada por meio da Lei N° 13.798 de 03 de janeiro de 2019. O Hospital Universitário da UFMA abraçou a iniciativa e realiza até o dia 8 de fevereiro ações que visam educar as gestantes sobre a saúde reprodutiva. Na programação do evento, atividades como consulta pediátrica pré-natal, palestra sobre planejamento reprodutivo para adolescentes e o primeiro encontro sobre gravidez na adolescência.
Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem 68,4 bebês nascidos de mães adolescentes a cada mil meninas de 15 a 19 anos. O índice está acima da média latino-americana, estimada em 65,5. No mundo, a média é de 46 nascimentos a cada mil. Atualmente, caracteriza-se adolescente, pessoas com idades entre 10 e 19 anos.
A semana nacional no HU-UFMA é desenvolvida por meio da Unidade de Atenção à Saúde da Mulher (ginecologia), Unidade Materno Infantil (obstetrícia) e a Unidade de Cuidados Perinatais (neonatologia). Na última segunda-feira, 4, durante o “I Encontro sobre Gravidez na Adolescência”, foram realizadas palestras sobre cuidados ginecológicos, gravidez na adolescência e prematuridade e métodos de prevenção. Além de atividades interativas como maquiagem, escalda pés, pintura de barriga das gestantes e sorteio de brindes. Cerca de 30 pessoas participaram do evento, entre adolescentes gestantes, responsáveis, profissionais da saúde e pacientes à espera de consultas ginecológicas.
A estudante R. P. A. estava entre as mães de primeira viagem e se mostrou mais segura com os novos conhecimentos. “Eu estou muito ansiosa para a chegada do Levi, meu primeiro filho, não vejo a hora de abraçá-lo. Estou com 9 meses, a qualquer momento ele vem. O encontro está sendo muito bom, conheci outros métodos contraceptivos, pude entender que temos direitos assegurados ao nos consultarmos com a médica, tenho certeza que a próxima – gestação – será diferente”.
A ginecologista Érika Krogh destacou que as adolescentes precisam se sentir à vontade nas consultas e o profissional sensível aos detalhes. “Há várias motivações para uma consulta e 50 a 60% dos motivos são ocultos. Às vezes, a adolescente tem vergonha de falar para a mãe o real motivo e temos que perceber os sinais que nos dão no decorrer do atendimento. Ao receber a confiança dos pais, já pedimos que a próxima consulta seja somente com a paciente. Dentre as principais dúvidas estão o uso de anticoncepcional, vulvovaginite (irritações e desconfortos no órgão genital), orientação sexual e menstruação irregular”.
Nilza Pinheiro, enfermeira obstétrica e coordenadora do evento, reforça que boas práticas de conscientização contribuem para a prevenção de uma gravidez indesejada. “Queremos fazer um alerta para todos os métodos contraceptivos que a mulher dispõe. Possibilitar que as adolescentes grávidas atendidas na obstetrícia sejam encaminhadas para uma consulta sobre planejamento reprodutivo – orientação profissional sobre os métodos contraceptivos (preservativos, DIU, laqueadura), afim de que saiam dali esclarecidas e mais seguras de suas escolhas”, ressalta.
A pediatra neonatologista Marynéia da Silva Vale, chefe da Unidade de Cuidados Perinatais do HU-UFMA, explicou como é a abordagem da consulta pediátrica pré-natal. “A consulta pediátrica pré-natal já existe e, será implementada pois, até então, não tínhamos espaço e recursos humanos suficientes para que isso acontecesse. A consulta é muito importante, principalmente porque o Materno Infantil é unidade de referência para a gestação de alto risco. A consulta deve ocorrer a partir de 34 semanas, as mães serão informadas sobre as condições do seu bebê, tanto na gravidez, no parto e no nascimento. É importante que as gestantes saibam as condições do bebê. Vamos lembrá-las também sobre o aleitamento materno e o contato pele a pele que podem favorecer a saúde da criança”.
Por Beatriz Abrante
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Por ana karla pimenta noronha de almeida
Trabalhar a gravidez na adolescência é uma forma de cuidar da geração futura e da atual. Apesar do avanço tecnológico dos meios contraceptivos, ainda é impactante este agravo na nossa sociedade.