CAPS Casa Verde: Importância e contribuições para a formação médica em Saúde Mental

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      Olá, leitor! Somos Sophia Paiva e Rayane Leite, internas de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), atualmente cursando o 9º período e estagiando na Saúde Mental. Esta postagem se trata de um relato dos aprendizados obtidos por nós no estágio nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), sob supervisão do professor Sérgio Aragaki.

Entardecer no CAPS Casa Verde


          Durante o período do estágio em que passamos pelo Casa Verde (CAPS II), foi possível compreender muito sobre o papel dos CAPS e também sobre como funcionam o fluxo e as atividades nessas unidades. Consideramos esse aprendizado essencial para a construção de uma noção mais ampla sobre a Saúde Mental, que abrange um cuidado ampliado sobre os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Antes de iniciarmos o rodízio no Casa Verde, de fato não tínhamos noção do trabalho que é realizado nos CAPS. À primeira vista, fomos acolhidos e introduzidos ao funcionamento da unidade, que acolhe usuários de 14 bairros da cidade de Maceió. A equipe foi bastante solícita em nos apresentar a estrutura do local, bem como o cronograma de atividades para o mês de janeiro.

       A sede do Casa Verde é bem ampla e acolhedora, contando com recepção, sala de estar, área externa para socialização, pátio, cozinha, banheiro, sala de reuniões, farmácia, salas de consulta, brechó e ateliê. Ao conversar com alguns dos usuários, percebemos que eles têm prazer em frequentar aquele ambiente e se sentem bastante confortáveis junto à equipe a aos outros usuários. A maioria reconheceu a importância do acompanhamento no CAPS para a manutenção da saúde e de uma boa qualidade de vida.

        Durante o período que passamos pela unidade, convivemos com residentes em Psiquiatria, psiquiatra, assistente social, terapeuta ocupacional, psicólogos, farmacêutico, enfermeiros e funcionários de serviços gerais. Foi possível perceber que a equipe é extremamente unida em prol do funcionamento da unidade e do seu bom aproveitamento por parte dos usuários, cada qual com sua função diante das atividades.

      Nós participamos de diversas atividades junto aos usuários, tais quais meditação, alongamento, grupo de dança e oficina de pulseiras de macramê. Foi fantástico interagir com os usuários e conhecer um pouco mais da história de alguns deles durante as atividades. Uma das particularidades mais interessantes para nós foi a venda de artesanatos na unidade, feitos pelos próprios usuários. Além de funcionar como uma atividade terapêutica e de socialização, tal prática proporciona um incentivo à independência e à valorização do próprio trabalho. O brechó também exerce papel semelhante, uma vez que permite ao usuário exercer papel de gestor e exercitar suas habilidades de socialização. O incentivo à criatividade foi algo trazido pela psiquiatra alagoana Nise da Silveira como um dos pilares para o tratamento das doenças mentais:

“Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente é o estímulo à criatividade. Ela é indestrutível. A criatividade está em toda parte.”

– Nise da Silveira

       O acolhimento de novos usuários é feito de maneira bastante empática e profissional, sempre buscando abordar cada pessoa da melhor maneira possível, sempre levando em conta suas particularidades. A equipe multiprofissional é fundamental nesse quesito, uma vez que cada um exerce um papel na hora do acolhimento e da elaboração do plano terapêutico de cada usuário.

      As reuniões com a equipe de saúde do CAPS, que acontecem às quintas-feiras pela tarde, também foram acompanhadas. Foi percebida por nós a grande importância de trabalhar em conjunto e de jogar os dilemas e ideias para discussão no cenário da Saúde Mental. Durante essas reuniões, surgiram ideias bastante interessantes em relação a diversos aspectos do funcionamento da unidade e ao plano terapêutico de alguns usuários. Nossas opiniões foram, também, atentamente ouvidas e levadas em consideração.

Reunião do Fórum de Saúde Mental, com integrantes da equipe de saúde e usuários do CAPS (Foto autorizada)

Selfie tirada após a discussão das pautas da reunião (Foto autorizada)

        Para finalizar, deixamos aqui uma reflexão sobre a importância do cuidado ampliado em Saúde Mental, muito bem executado no CAPS Casa Verde: trata-se de cuidar do ser humano, e não apenas da doença que o acomete, além compreender seu contexto social e suas peculiaridades, sempre objetivando a melhor abordagem terapêutica possível, para que o indivíduo possa gozar do seu direito de LIBERDADE.