CAPS SADI FEITOSA – APRENDIZADOS QUE VÃO ALÉM DA TÉCNICA

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Meu nome é Mayra de Holanda Souza, sou estudante de medicina, atualmente no internato de saúde mental pela Universidade Federal de Alagoas; e tive a oportunidade de realizar meu estágio no CAPS Sadi Feitosa de Carvalho, em Maceió-AL. Essa experiência representou um momento de profundo aprendizado, não apenas técnico, mas humano.

No CAPS, encontrei um espaço que ressignifica o cuidado: o sofrimento é acolhido, a escuta é valorizada e o vínculo se torna parte essencial do processo terapêutico. A convivência com os usuários revelou o quanto a presença e o pertencimento são potentes instrumentos de transformação e cura.

As atividades realizadas — rodas de conversa, dinâmicas, exercícios corporais, oficinas e visitas domiciliares — mostraram que o cuidado em saúde mental se constrói na coletividade, na troca e na partilha de experiências. Cada encontro reafirmava que saúde é também relação, expressão e construção de sentido.

Ao longo dessa vivência, recordei as ideias de Paulo Freire, que defendia que “ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, os homens se educam em comunhão”. No CAPS, essa pedagogia do encontro se manifesta de forma viva: todos aprendem com todos, e o saber se constrói de maneira compartilhada. Também me inspirei em Carl Rogers, que acreditava na importância da escuta empática e da autenticidade nas relações humanas — elementos que pude presenciar diariamente na prática da equipe multiprofissional.

Outro autor que me atravessou nesse percurso foi Erving Goffman, ao discutir a necessidade de romper com os estigmas sociais que ainda cercam o sofrimento psíquico. No CAPS, vi na prática o esforço de cada profissional em promover cuidado sem exclusão, reconhecendo o usuário como sujeito de direitos e de possibilidades.

As experiências em grupo, os momentos de lazer e as visitas domiciliares me mostraram que o cuidado ultrapassa muros institucionais e alcança o território — onde a vida acontece. O CAPS se torna, assim, um espaço de reconstrução de histórias e fortalecimento da autonomia.

Encerrando essa etapa, compreendo que o CAPS não é apenas um serviço, mas um território de afeto, escuta e cidadania. Um lugar onde se reafirma, diariamente, que cuidar é também reconhecer o outro em sua totalidade.