Um dos conceitos da Política Nacional de Humanização é que “um ambiente favorável atende às necessidades tanto dos trabalhadores quanto dos usuários”, e de fato não há como se pensar apenas em uma parte da relação e de favorecer outra, ambas têm de ser atendidas. Os locais de atenção à saúde precisam ser planejados, cuidado, adaptados, configurando-se como ambientes seguros, acolhedores e adequados para todos que frequentam. Importante destacar que a ambiência em uma instituição de saúde, nosso contexto, vai além do espaço físico, impacta diretamente nos processos de trabalho e consequentemente, no atendimento aos usuários.
Trazendo para a minha realidade do cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes (Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil Dr. Luiz da Rocha Cerqueira, de Maceió-AL), trago um recorte do artigo Ambiência na Atenção Psicossocial InfantoJuvenil: um estudo no CAPSi, de Juliana Peterle Ronchi e Luziane Zacché Avellar: “Para Olschowsky e colaboradores (2009) a saúde engloba os aspectos do ambiente que podem ser terapêuticos. Saúde e ambiência não podem ser dissociadas, pois se correlacionam e são interdependentes. As autoras afirmam que entender a ambiência na saúde mental possibilita a qualificação dos ambientes de saúde, proporcionando melhoria na qualidade de vida dos usuários. Elas destacam que a estrutura física, os recursos humanos e as relações sociais do espaço de trabalho, aspectos que caracterizam o conforto, a subjetividade e o processo de trabalho, são elementos que interferem no tratamento do usuário”. Neste artigo inclusive as autoras citam a Política de Humanização como “um marco na consideração do ambiente como promotor de saúde”.
Regularmente no CAPSi temos discutido sobre questões de ambiência principalmente nas reuniões de equipe, supervisões clinico institucionais (a Gerência de Atenção Psicossocial disponibiliza uma profissional de referência em saúde mental que vem uma vez por mês em cada caps de Maceió, por sinal uma ótima ação de educação permanente), assembleias de usuários e conselho gestor, onde temos tido avanços. Em uma supervisão clinico institucional, por exemplo, surgiu um problema em relação às regras de utilização do parquinho e no decorrer da reunião, uma profissional do setor administrativo deu uma sugestão de que se a mensagem da “regra” fosse feita de forma lúdica, como uma régua de girafa pintada no muro para mostrar o tamanho máximo da criança, poderia surtir mais efeito, uma ideia aprovada por todos e em seguida implementada. Um Caps infanto juvenil precisa ter o lúdico, o colorido, precisa de fato ser atrativo e acolhedor para o público que o frequenta.
O fato de haver essa discussão, na qual os profissionais têm espaço para colocar suas inquietações, angústias e sugestões de melhoria já é um ganho no processo de trabalho, além de uma gestão que escuta e tenta resolver ao máximo as questões apresentadas. Há de se compreender que existem questões de ambiência de resolução de curto, médio e longo prazos, e que nem sempre a gestão imediata terá condições de atender, mas é importante estar atenta e insistente nas cobranças e elaboração de medidas administrativas cabíveis a cada situação, no sentido de sempre buscar o melhor para a unidade de saúde, conforto e bem-estar dos profissionais e usuários, seja móveis novos, conserto de fechaduras, materiais para oficinas terapêuticas, etc, proporcionando as melhores condições de trabalho e atendimento à população.
Um aspecto importante que considero do CAPSi é que ele possui o seu PTI (Projeto Terapêutico Institucional), que diz respeito às diretrizes e funcionamento do serviço como um todo, fluxograma de atendimento, e que contempla também a questão da ambiência, recursos necessários etc, que foi construído pela equipe. Essa construção coletiva é que engrandece e valida o trabalho agregando as percepções e saberes multiprofissionais, que é a base do trabalho em caps.
E é interessante como a Política de Humanização perpassa todas essas questões, ambiência, processos de trabalho, gestão participativa, saúde do trabalhador, enfim, tudo se complementa.
Por Raphael
Olá Adriana,
Uma pergunta: É o CAPS de vocês que aderiu ao AcolheSUS?
No primeiro semestre deste ano houve uma série de Webnários do AcolheSUS, sabe se haverá um Webnário sobre Saúde Mental?
AbraSUS
Raphael