“Circulando Histórias” transforma experiência de internação de pacientes no Hospital Galileu
Não é de hoje que crianças e adultos são levados para outros ambientes em todo tipo de aventura através de contação de histórias. E foi pensando em uma forma de amenizar o desconforto e as adversidades de uma internação hospitalar prolongada que o Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), localizado na Grande Belém, promove, periodicamente, as ações do “Circulando Histórias”.
A iniciativa do Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) do Galileu tem como objetivo estimular as boas condutas através da leitura e apostar na prática como uma forma de atenuar o estresse causado pelo período de hospitalização e o afastamento do paciente e do acompanhante de sua rotina e do convívio familiar.
Terapia – Mesmo aposentado, Benedito Soares, de 57 anos, não para. Ele sempre arruma uma maneira de ficar ativo. “Eu mexo na tubulação, na parte elétrica, faço um trabalho ou outro. Gosto mesmo de me sentir útil e vivo, por isso, sempre priorizo as atividades de casa”, contou. E foi com a rotina agitada que Benedito foi parar no hospital. “Realmente, sou inquieto. Acabei machucando a minha perna ao transportar uma geladeira. Bateu e tive de passar por cirurgia”, lembrou.
Internado há mais de uma semana na unidade, ficar numa cama durante o tratamento de saúde tem sido um desafio e tanto para o aposentado. Mas, é na hora da contação de história que ele suaviza a inquietação. Com os ouvidos atentos, Benedito vive, naquele momento, em um mundo paralelo. “Eu posso afirmar que é mágico. Sim, a gente aprende e vive aventuras e emoções de outras pessoas, de outros personagens. Essa ação é muito boa. Sem igual”, parabenizou.
Quem também fica esperto ao ver as profissionais de saúde com um livro nas mãos é o operador de máquinas Jucicleu Castro, de 44 anos, que em uma partida de futebol no município de Benevides, na Região Metropolitana de Belém, machucou o tornozelo e precisou passar por tratamento cirúrgico na capital. “Eu amo ouvir histórias. Isso é um passatempo muito bom, leve e animado. Mas, apesar de ter vários livros, eu prefiro ouvir histórias bíblicas, que falam sobre os homens de fé a da palavra de Deus”, comentou.
Iniciativa – As ações são realizadas constantemente. Até duas vezes ao dia, com diversos tipos de literatura. “Além de lermos alguns livros que os pacientes pedem, o hospital também distribui algumas leituras. Essa é uma forma de baixo custo e de um alto valor de conhecimento e promoção de bem-estar aos nossos pacientes e aos seus acompanhantes. Escolhemos duas a três histórias, e perguntamos a eles o que querem ouvir”, detalhou Anny Segovia, coordenadora de Humanização, no HPEG.
A ação “Circulando História” envolve diversos setores da unidade. Profissionais da assistência e até mesmo do administrativo que sempre revezam de 10 a 20 minutos dos seus afazeres para contar as histórias nas enfermarias. A assistente social Susane Pires, supervisora do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU), também desenvolve a iniciativa. Para ela é uma satisfação ver o paciente bem e sorrindo.
“As pessoas que estão hospitalizadas ficam com um tempo ocioso, estão mais frágeis devido à distância de sua casa, de sua família, do seu trabalho e de sua rotina. Para elas, qualquer ação humanizada devolve seu bem-estar, a autoestima e estimula a recuperação. A leitura de história pode até parecer algo simples, sem tanta importância, mas na verdade, é um escape para quem está internado há semanas, meses até”, comentou a profissional.
Ações – O Galileu é uma unidade referência na Rede Estadual de Saúde do Pará em projetos de humanização. Para a diretora Executiva da unidade, Liliam Gomes, o objetivo é prestar uma assistência de qualidade e humanizada.
“O profissional de saúde deve ser um agente motivador para reforçar o cuidado com a saúde emocional do paciente. Em período de hospitalização, a pessoa fica mais suscetível a sentimentos frequentes de tristeza, de depressão, de ansiedade e de nervosismo. Dessa forma, o ‘estar hospitalizado’ é, por si só, um fator estressante. Projetos que estimulem as emoções, mudam o conceito de sofrimento, de dor e do foco da hospitalização, além disso, nos empenhamos em transformar a experiência da intenção em algo diferente, ou seja, promovendo momentos de reflexão sobre o nosso bem maior que é a vida e a importância do autocuidado”, destacou a gestora.