Construção do Fluxo de Saúde Auditiva no município de Santana do Paraíso/MG
O objetivo deste relato de experiência é compartilhar a importância da construção do Fluxo de Saúde Auditiva, da educação permanente e do apoio matricial no município de Santana do Paraíso para melhoria do acesso dos pacientes com perda auditiva aos serviços de reabilitação auditiva.
Durante os primeiros meses de atuação da equipe do NASF/2016 de Santana do Paraíso, a Fonoaudióloga da UBS informou que a quantidade de pacientes encaminhados pelo município para o Centro de Reabilitação Auditiva estava muito aquém do que era esperado para um município com uma população aproximada de 30.000 habitantes. Nesta época, a equipe do NASF atuava nas onze Estratégias de Saúde da Família (ESF) de Santana do Paraíso, então a Fonoaudióloga do NASF observou que essa cota não era preenchida por falta de informação dos funcionários da ESF de como referenciar os pacientes com perda auditiva.
Então, a Fonoaudióloga do NASF reportou esse fato à Fonoaudióloga da UBS e sugeriu uma proposta de intervenção. A equipe do NASF (Fonoaudióloga, Psicóloga e Nutricionista) se reuniu com a Fonoaudióloga da UBS para discutir a situação e construir por escrito o fluxo de saúde auditiva a fim de nortear os funcionários da ESF. O fluxo foi apresentado à coordenação do Departamento de Atenção Básica, que o aprovou.
A partir daí, em junho de 2017 a Fonoaudióloga do NASF, com apoio da Psicóloga e Nutricionista do NASF, começou a multiplicar esse fluxo em cada equipe de Estratégia de Saúde da Família de Santana do Paraíso, com a presença de todos os funcionários: recepcionista, agentes de saúde, auxiliar de serviços gerais, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos.
Foi realizado com todas as equipes uma educação permanente, de forma bem didática: Dividiu-se a turma em três duplas/grupos e cada uma recebeu um caso clínico para contar qual é percurso daquele usuário com perda auditiva na rede de saúde. Depois de um tempo para eles pensarem e escreverem como seria esse trajeto, abriu-se uma discussão em roda onde cada dupla/grupo contou como foi esse percurso. Então foi proposto o Fluxo de Saúde Auditiva validado e abriu-se uma discussão sobre ele. Muitos participantes diziam: “Nossa, é mais simples do que imaginávamos”. Muitos profissionais se envolveram com os casos e se mostraram interessados no assunto!
Posteriormente, nos grupos de Hiperdia, a Fonoaudióloga do NASF abordou o assunto de saúde auditiva com os usuários e fazia busca ativa de casos. Os identificados foram discutidos e conduzidos de acordo com o fluxo. O mesmo ocorreu no programa saúde na escola (PSE) todas as crianças identificadas com risco para perda auditiva foram avaliadas e direcionadas conforme o fluxo de saúde auditiva. As demandas espontâneas dos usuários, os casos identificados pelos agentes de saúde, enfermeiros e médicos das ESFs também recebiam o apoio matricial do NASF. Eles eram acolhidos pela Fonoaudióloga do NASF, avaliados, discutidos com a equipe da ESF e direcionados de acordo com o fluxo de saúde auditiva.
A Fonoaudióloga da UBS reportou à Fonoaudióloga do NASF o resultado da educação permanente e do apoio matricial. No período de junho de 2016 a junho de 2017 (anterior à educação permanente) foram encaminhados 16 pacientes para o serviço de protetização auditiva do SUS e no período de julho de 2017 a julho de 2018 (posterior à educação permanente) foram encaminhados 39 pacientes para o serviço de protetização auditiva. Observa-se que houve um aumento de 143% no número de pacientes com perda auditiva encaminhados ao serviço de reabilitação auditiva do SUS, demonstrando que a construção do fluxo de saúde auditiva, a educação permanente e o apoio matricial contribuíram para melhoria do acesso dos pacientes com perda auditiva aos serviços de referência.
Por Raphael Henrique Travia
Oi Carla,
Parabéns pelo seu trabalho, no aperfeiçoamento dos processos de gestão para melhor atender as pessoas com perda auditiva.
O indicador encontrado de aumento de 143% no número de encaminhamentos é muito expressivo e deixa pistas claras para a elaboração de outras estratégias possíveis para a secretaria de saúde do seu município.
AbraSUS,
Raphael