Bem e mal não são substâncias. São efeitos dos encontros entre os entes da criação. Por isso todo acontecimento é inocente e toda indeterminação é um convite a criação e ao exercício da generosidade.
Imagine que deus é o pai criador. O ser onipotente que, de fora do espaço e do tempo, criou o universo.
Este ser corresponde a imagem do Deus único da tradição religiosa judaico-cristã. Assim, não pode existir um embate épico entre o bem e o mal e, simultaneamente, uma entidade divina que é, por definição, a causa de todas as coisas.
Pense se você mandaria algum de seus filhos para o inferno se ele não fosse a como você quis que ele fosse. Reflita se agir assim poderia te dar a sensação de plenitude inocente que estaria de acordo com o que poderia ser uma consciência divina.
Mais ainda, pense em como você pode ser Deus se a sua criação diverge do teu amor infinito.
Deus não é um general. Ele é o criador; e em todas as suas criaturas ele está por efeito de continuidade.
O livre arbítrio pode significar a liberdade para aceitar toda a criação como perfeita ou delirar que só você é a alma escolhida e que os seus irmãos serão destinados ao inferno.
Você faria isso com um filho teu?
Essa é a questão central sobre a existência ou não do livre arbítrio. Você pode julgar e condenar, considerar Deus um general, como se existisse algo contra o que um ser infinito tivesse que lutar.
Você pode ver em Deus o teu próprio ressentimento. A vingança, o ódio a existência, a vaidade, o egocêntrica podem ser reações tuas ao fenômeno da existência. Não é legítimo projetar esses afetos tristes no mistério insondável de um ser divino.
Mas esse modo de ver e agir na existência não tem nada em comum com a visão cristã do universo. Isso é maniqueísmo, uma outra religião que tem muito pouco em comum com o cristianismo.
Umas religiões influenciaram as outras ao longo da história. Assim, elas divergem e convergem continuamente. A pergunta objetiva é no que cada doutrina afirma a potência da existência e o que em cada credo rebaixa e nega a existência.
Por Raphael
Oi Marco,
Não acredito nesse Deus cristão que pune com inferno e recompensa com céu e acho que não sabemos muita coisa sobre como realmente foi a vida de Cristo.
As religiões são formas de controle da liberdade humana.
Feliz Páscoa
AbraSUS
Raphael