Dependência Química e Redução de Danos: um overview teórico
Dependência química
O que é
Trata-se do “estado psíquico e algumas vezes físico resultante da interação entre um organismo vivo e uma substância, caracterizado por modificações de comportamento e outras reações que sempre incluem o impulso a utilizar a substância de modo contínuo ou periódico com a finalidade de experimentar seus efeitos psíquicos e, algumas vezes, de evitar o desconforto da privação” (OMS). Como caracterização desta dependência, o indivíduo pode ainda apresentar: tolerância, abstinência, fissura, incapacidade de controlar a intensidade do consumo além de prejuízo social, profissional e emocional oriundo da substância.
Epidemiologia
Segundo o Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas feito em 2005, 12,3% dos brasileiros é dependente de álcool e 10,1%, de tabaco. A pesquisa também identificou indivíduos dependentes em diversas outra substâncias como maconha, estimulantes, benzodiazepínicos e solventes, porém são parcelas menores.
História
Apesar de ser um tema bastante atual, sempre acompanhou a história da humanidade, com abordagens diferentes ao longo das épocas. O uso de substância psicoativa é uma prática milenar e universal e sua história acompanha o conceito de saúde e doença. Os efeitos causados anteriormente eram visto como sobrenaturais, mas o avanço da ciência e tecnologia demonstrou relações bioquímicas que logo substituíram as antigas crenças.
Suas consequências
Inicialmente, o uso de drogas provoca bem-estar e felicidade, o que pode inspirar desejos de repetir as sensações causadas. Entretanto, o consumo persistente e a longo prazo dessas substâncias se relacionam a efeitos nocivos à saúde e à vida do usuário como um todo. Estão listadas na literatura lesões neuronais irreversíveis, que diminuem o raciocínio e cognição, além do surgimento de transtornos mentais; incidência de neoplasias; comportamentos de risco que podem levar o usuário a se expor a doenças infecciosas. O isolamento da família, dos amigos próximos e da sociedade também são uma consequência nociva do uso de drogas, muitas vezes porque o dependente químico passa a ter uma visão distorcida da sua realidade, além de ser vítima de preconceitos.
Redução de danos
O que é
Refere-se a um conjunto de políticas e práticas cujo objetivo é reduzir os danos causados pelo uso de agentes psicoativos em pessoas que não vão cessar esse uso. Ou seja, a abstinência não é o foco e, sim, a prevenção de danos aos usuários. Passos e Souza (2017) destacam que a redução de danos (RD) se trata da inclusão dos usuários de drogas em coletivos, o que define uma nova proposta de atenção à saúde. É ressaltado ainda que por meio da RD se estabelece um embate com as forças totalitárias da política global do que se popularizou como “guerra às drogas”.
História
A RD foi inicialmente instituída no Brasil no ano de 1989, em Santos (SP), como política de prevenção de HIV entre os usuários de drogas injetáveis, tendo em vista os altos índices da época. Com o passar dos anos, as estratégias de RD foram aprimoradas, não limitando-se mais ao eixo HIV, para integrar a Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas e da política de Saúde Mental. Com isso, a RD passou a se chocar com a política de antidrogas brasileira, que reside no âmbito da segurança pública.
Resultados
A política de redução de danos tem efeitos positivos reconhecidos em todo o mundo abrangendo toda a sociedade, ao atuar na prevenção da transmissão de doenças, como hepatite e Aids, e no protagonismo do indivíduo no que se refere o cuidado a sua própria saúde. A política tem, portanto, aspecto não só técnico, como ético, possibilitando a formação de vínculo entre os que fazem uso problemático dessas substâncias com a saúde. A redução de danos parte do pressuposto de que é necessário garantir o direito de todos à saúde, beneficiando, dessa forma, pessoas que usam drogas, suas famílias e a comunidade.
Para saber mais sobre o assunto guerra às drogas, e ter uma ideia do que se pode fazer para contornar isso, fica a sugestão do vídeo (em inglês com legendas) do Kurzgesagt:
REFERÊNCIAS
- FIDALGO, T. M.; NETO, P. M. P.; SILVEIRA, D. X.. Abordagem da dependência química
- Hospital Santa Mônica. Dependência química: Entenda as causas, consequências e sintomas deste transtorno. Disponível em <https://hospitalsantamonica.com.br/dependencia-quimica-entenda-as-causas-consequencias-e-sintomas-deste-transtorno/>. Acesso em: 27 agosto 2020.
- International Harm Reduction Association. IHRA Briefing. O que é redução de danos? Uma posição oficial da Associação Internacional de Redução de Danos (IHRA). Disponível em <https://www.hri.global/files/2010/06/01/Briefing_what_is_HR_Portuguese.pdf>. Acesso em 27 agosto 2020.
- PASSOS, E. H. & SOUZA, T. P.. Redução de danos e saúde pública: construções alternativas à política global de “guerra às drogas”. Psicologia & Sociedade; 23 (1): 154-162, 2011.
- PRATTA, E. M. M.; SANTOS, M. A.. O Processo Saúde-Doença e a Dependência Química: Interfaces e Evolução. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 25 (2): 203-211, 2009.
- UNIFESP. Caso Complexo 12 – Vila Santo Antônio. Fundamentação Teórica. Especialização em Saúde da Família. Disponível em <https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/casos_complexos/Vila_Santo_Antonio/Complexo_12_Vila_Abordagem_dependencia.pdf>. Acesso em: 26 agosto 2020.
Texto produzido por graduandos de Medicina da Universidade Federal de Alagoas
Elvys Pereira, Vitor Lúcio, Rafaela Ferreira, Natally Regina, Mateus Oliveira, Viviane Tavares e Wellisson Rodrigues
17 Comentários
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Por Adelmo Machado
Boa Tarde ! O tema foi abordado de forma excelente pelo grupo. E concordo que necessitamos falar da Redução de Danos.
Como reflexão de nossas aulas, percebo que ao mesmo tempo em que o debate sobre as drogas é um tema de extrema importância é também complexo, pois envolve várias questões como liberdade pessoal e limites do Estado, violência e saúde pública. E por isso é muito importante debatê-lo.
Ao analisar o documentário Crack, Repensar, Fundação Osvaldo Cruz (2015) percebe-se que o estado empreendeu uma guerra contra as drogas ( que de forma contraditória não contempla substâncias danosas como álcool e tabaco) que estatisticamente se mostra ineficaz. Basta avaliar a experiência Norte Americana que investiu bilhões no combate e isso estimulou a curiosidade e aumentou o consumo.
Como exemplificado no artigo : Os mortos e feridos na “guerra às drogas” ( RYBKA;NASCIMENTO ; GUZZO, 2018) A guerra contra as drogas, partir do exercício do poder e da violência, se tornou uma guerra contra as pessoas, que afeta sobretudo os grupos mais vulneráveis, como a população jovem, pobre e negra.
Outro aspecto importante, também retratado no documentário sobre o Crack, repensar ( 2015) é que legalmente não há um limite bem estabelecido para avaliar a quantidade para diferenciar tráfico do consumo .E isso se manifesta no nosso contexto penitenciário, pois, segundo dados da Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) de junho de 2016, o Brasil tem a terceira maior população prisional do mundo, com mais de 700 mil pessoas presas. Estima-se que destas, 26% respondam por tráfico de drogas.
Portanto, para mim ficou claro que a suposta guerra contra as drogas é ineficiente frente ao crescente número de usuários e hoje acaba por marginalizar grupos em já em situação de vulnerabilidade social. Dessa forma, torna-se necessária uma nova visão e um novo modo de lidar com as drogas. E é nesse contexto que se encaixa a política de redução de Danos, citada pelo grupo.Concordo que é preciso discuti-la para que ela possa ser aceita e para que sejam criadas mais estratégias para sua implementação.
Referências :
RYBKA, Larissa Nadine; NASCIMENTO, Juliana Luporini do; GUZZO, Raquel Souza Lobo. Os mortos e feridos na “guerra às drogas”: uma crítica ao paradigma proibicionista. Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v. 35, n. 1, p. 99-109, Mar. 2018 . Available from . access on 31 Aug. 2020. https://doi.org/10.1590/1982-02752018000100010.
CRACK, repensar. Direção de Felipe Crepker Vieira e Rubens Passaro. Rio de Janeiro: Doctela Mídia e Comunicação e Fundação Oswaldo Cruz, 2015.
https://www.justica.gov.br/news/ha-726-712-pessoas-presas-no-brasil/relatorio_2016_junho.pdf
Parabéns pelo tema. Realmente é algo que todos devemos enxergar e não simplesmente olhar. O uso de substancias alucinógenas é tão antigo quanto a própria história da humanidade. Contudo a visão em relação ao binômio saúde-doença que cerca esta temática foi mudando com o decorrer de diferentes épocas. É um tema bastante complexo cercado de preconceitos, marginalizações e até mesmo descrença que é algo relacionado a saúde pública. Se formos avaliar os locais em que tais pacientes se aglomeram para fazer uso de substancias como Crack, é evidenciado que historicamente essas cracolândias eram locais de periferia, de marginalização social, talvez isso tenha acarretado no preconceito que cerca tais pacientes. No documentário Crack, repensar. É exposto que esses pacientes sofrem em condições desumanas, onde passam o dia inteiro em locais que muitas vezes nem possui um local para se higienizar, um banheiro quando necessário ou até mesmo acesso à água e comida. Muitos pacientes acabam entrando no submundo das drogas como uma forma de válvula de escape devido a todo o sofrimento socioeconômico que o permeia. Através deste documentário, é evidente a necessidade de mudar nossa visão com relação ao usuário ou dependente químico. Abordar este assunto com uma visão de saúde-doença pautada em nossas realidades socioeconômicas talvez seja um ponta pé inicial para desmistificar muitos preconceitos e desconhecimentos que ainda circundam tal temática.
CRACK, repensar. Direção de Felipe Crepker Vieira e Rubens Passaro. Rio de Janeiro: Doctela Mídia e Comunicação e Fundação Oswaldo Cruz, 2015.
Populações sem-teto e vulneráveis experimentam taxas desproporcionalmente altas de uso de substâncias. Embora os indivíduos possam usar substâncias como uma forma de lidar com condições adversas de vida, estresse e o trauma da falta de moradia, também é verdade que, sem uma moradia estável, os indivíduos frequentemente enfrentam barreiras para acessar e seguir as recomendações de tratamento para transtornos por uso de substâncias. Experiências traumáticas na infância, transtorno de estresse pós-traumático e exposição de adultos a outras experiências traumáticas também podem influenciar o uso de substâncias. Apesar das necessidades substanciais de cuidado não atendidas dessa população, as pessoas que lutam tanto com o uso de substâncias quanto com a falta de moradia enfrentam barreiras que se sobrepõem ao acesso aos cuidados, incluindo o estigma relacionado ao próprio cuidado] e serviços de primeiro alojamento de tratamento baseado na abstinência. Juntas, essas barreiras aumentam a percepção da perda de controle sobre a própria vida, contribuem para a desconfiança do sistema de saúde e perpetuam o menor acesso e adesão aos cuidados e ao tratamento.
Populações desabrigadas e vulneráveis estão em risco de injeção pública e outros comportamentos de consumo de alto risco. As instalações de consumo supervisionado tiveram impactos positivos na prevenção de overdose fatal, injeção pública e outros consumos de alto risco, que constituem um mecanismo importante para morbidade e mortalidade associadas ao uso de drogas. Além disso, as instalações de consumo supervisionado podem atuar como uma ponte para outros serviços sociais e de saúde para aqueles que os procuram, embora os clientes muitas vezes enfrentem longas listas de espera para obter serviços e tratamento. Embora persista a percepção pública de que as instalações de consumo supervisionado possam aumentar o uso de substâncias não prescritas e o crime local e desencorajar os indivíduos a buscar tratamento anti-dependência, tais preocupações não são apoiadas pelas evidências existentes. A implementação efetiva das instalações de consumo supervisionado infelizmente é influenciada por percepções públicas mistas. Finalmente, a maioria das avaliações formais são de sites de instalações de consumo supervisionado independentes. À luz da atual epidemia de overdose, as iniciativas atuais podem incluir modelos de serviço integrado, sites móveis e sites virtuais. Pesquisas futuras examinando as experiências de pessoas sem-teto ou em moradas vulneráveis que se envolvem com esses sites, com considerações sobre sua aceitabilidade e barreiras/facilitadores para acessá-los, são necessárias para orientar as melhores práticas.
Referência:
Magwood O, Salvalaggio G, Beder M, et al. The effectiveness of substance use interventions for homeless and vulnerably housed persons: A systematic review of systematic reviews on supervised consumption facilities, managed alcohol programs, and pharmacological agents for opioid use disorder. PLoS One. 2020;15(1):e0227298. Published 2020 Jan 16. doi:10.1371/journal.pone.0227298
Muito bom, Elvys! No mundo contemporâneo em que vivemos, trazer a discussão acerca da Política de Redução de Danos torna-se necessário frente ao pensamento inequívoco de opositores que não acreditam em sua efetividade. Em seu texto podemos observar com embasamento científico os pontos positivos desse tipo de abordagem terapêutica, como o desenvolvimento de autonomia e autocuidado. Após assistir ao documentário Crack, repensar (2015), ficou ainda mais claro que o número de óbitos causados pela campanha “Guerra às drogas” é maior, por possuir uma postura opressora e violenta, do que os próprios efeitos adversos das drogas. Entendemos que estes pacientes, em especial, possuem um grau maior de vulnerabilidade social e, portanto, já possuem alguns direitos civis até negligenciados, portanto torna-se importante endossar políticas de empoderamento nesse meio. Ainda há a seleção de critério de posição social às punições por uso de drogas, no mesmo documentário Crack, repensar (2015), conseguimos observar isso bem, no sentido de que os mais prejudicados e mal vistos pela sociedade são as pessoas que estão estratificadas mais abaixo na pirâmide socioeconômica. É importante destacar a importância de uma equipe terapêutica multidisciplinar para lidar com essa situação, as medidas terapêuticas da medicina, apenas, não chegam a fazer tanta diferença. Acredito em políticas de ressocialização e redução de danos e sou totalmente contra a forma violenta que políticas de “Guerra às drogas” são exercidas. Brigado por trazer essa discussão à tona!
Por Felipe Rocha
Muito bom ter abordado este tema. Como todos sabemos, a dependência é um problema de saúde pública e não de segurança pública. É dever do profissional de saúde olhar um dependente químico como um paciente que precisa de cuidados, respeitando sua autonomia, e não como uma ameaça à segurança da população. Por isso, é tão relevante que o assunto seja abordado durante a formação dos profissionais de saúde.
Ademais, vale lembra que a política de redução de danos deixou de ser estratégia do Ministério da Saúde no atual governo.
Apesar de haver divergências, é um fato que a redução de danos preserva a autonomia do paciente e o empodera para decidir e controlar o uso abusivo, tornando, com isso, o atendimento mais humanizado. Mesmo sendo uma produção audiovisual e não um trabalho científico, o documentário “Crack, repensar” (2015) de produção da Fundação Oswaldo Cruz evidencia experiências da política de redução de danos em torno de uma substância química tão estigmatizante como o crack. Como aluno de curso da saúde, tive a oportunidade de assisti-lo em discussões do estágio de saúde mental da UFAL e foi muito importante para não ter a visão técnica e estreita de que a única estratégia no controle do abuso de drogas é a abstinência, pelo contrário, muitas vezes, somente a abstinência se mostra um método limitado.
Assim, é preciso que se observe a integridade do indivíduo e adote-se a multidisciplinaridade e mais de um método nas abordagens dos pacientes com estes problemas.
Por Viviane Tavares
Boa tarde, Elvys e aos demais presentes
Escrever esse texto foi extremamente gratificante para todos nós do grupo, no qual me incluo. Isso porque se trata de um tema tão relevante e tão cheio de preconceitos e tabus. O uso de drogas, assim como relatado no documentário “Crack, repensar”, é uma constante no mundo inteiro, desde tempos remotos.
Ainda assim, em pleno século XXI possuímos tantas amarras ao tratar do assunto. Ao fecharmos os olhos ao debate e abraçarmos a desinformação e a discriminação, estamos deixando que o governo trate o uso de drogas como um problema de polícia. Isso abre espaço para o extermínio de populações negligenciadas, sobretudo jovens negros periféricos.
Ao invés disso, o uso de drogas deveria ser um problema de saúde pública, tendo em vista os efeitos danosos do uso em grande monta. Tratar os dependentes crônicos, em sua maioria pessoas que possuem motivos/fatores de risco para tal condição, deveria ser a prioridade.
Ao contrário, o que ocorre é, como dito acima, o extermínio ou então o encarceramento em massa. E tais ações são legitimadas pela cultura, arraigada nas pessoas, de que os usuários são monstros, são criminosos perigosos e que merecem a contenção a qualquer custo. Uma prática midiática governamental muito bem planejada que o Brasil infelizmente exportou dos EUA, como bem explicita Dartiu Xavier.
Como todo problema social no nosso país, as bases são profundas, complexas e perpassam a mudança de mentalidade coletiva. Para isso, postagens como essa, textos como esse, são essenciais. O famoso trabalho de formiguinha, mas que não se pode cessar nunca. Afinal, quando nós deixamos de lutar, os retrocessos acontecem.
Por Adelmo Machado
Boa Tarde ! O tema foi abordado de forma excelente pelo grupo. E concordo que necessitamos falar da Redução de Danos.
Como reflexão de nossas aulas, percebo que ao mesmo tempo em que o debate sobre as drogas é um tema de extrema importância é também complexo, pois envolve várias questões como liberdade pessoal e limites do Estado, violência e saúde pública. E por isso é muito importante debatê-lo.
Ao analisar o documentário Crack, Repensar, Fundação Osvaldo Cruz (2015) percebe-se que o estado empreendeu uma guerra contra as drogas ( que de forma contraditória não contempla substâncias danosas como álcool e tabaco) que estatisticamente se mostra ineficaz. Basta avaliar a experiência Norte Americana que investiu bilhões no combate e isso estimulou a curiosidade e aumentou o consumo.
Como exemplificado no artigo : Os mortos e feridos na “guerra às drogas” ( RYBKA;NASCIMENTO ; GUZZO, 2018) A guerra contra as drogas, partir do exercício do poder e da violência, se tornou uma guerra contra as pessoas, que afeta sobretudo os grupos mais vulneráveis, como a população jovem, pobre e negra.
Outro aspecto importante, também retratado no documentário sobre o Crack, repensar ( 2015) é que legalmente não há um limite bem estabelecido para avaliar a quantidade para diferenciar tráfico do consumo .E isso se manifesta no nosso contexto penitenciário, pois, segundo dados da Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) de junho de 2016, o Brasil tem a terceira maior população prisional do mundo, com mais de 700 mil pessoas presas. Estima-se que destas, 26% respondam por tráfico de drogas.
Portanto, para mim ficou claro que a suposta guerra contra as drogas é ineficiente frente ao crescente número de usuários e hoje acaba por marginalizar grupos em já em situação de vulnerabilidade social. Dessa forma, torna-se necessária uma nova visão e um novo modo de lidar com as drogas. E é nesse contexto que se encaixa a política de redução de Danos, citada pelo grupo.Concordo que é preciso discuti-la para que ela possa ser aceita e para que sejam criadas mais estratégias para sua implementação.
Referências :
RYBKA, Larissa Nadine; NASCIMENTO, Juliana Luporini do; GUZZO, Raquel Souza Lobo. Os mortos e feridos na “guerra às drogas”: uma crítica ao paradigma proibicionista. Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v. 35, n. 1, p. 99-109, Mar. 2018 . Available from . access on 31 Aug. 2020. https://doi.org/10.1590/1982-02752018000100010.
CRACK, repensar. Direção de Felipe Crepker Vieira e Rubens Passaro. Rio de Janeiro: Doctela Mídia e Comunicação e Fundação Oswaldo Cruz, 2015.
https://www.justica.gov.br/news/ha-726-712-pessoas-presas-no-brasil/relatorio_2016_junho.pdf
Muito bem pontuado pelo grupo!!!
Tema extremamente contemporâneo, falar sobre as drogas e seus impactos na sociedade é fundamental, sendo que no estágio de saúde mental, sob orientação do professor Sérgio Aragaki, pudemos realizar reflexões e discussões embasadas na literatura sob uma perspectiva ampliada. Questões como internação compulsória e redução de danos devem ser discutidas e repensadas uma vez que se trata de uma questão extremamente complexa. Ainda mais influente em relação aos anos anteriores as drogas atingem a sociedade de maneira geral e a dependência vem se tornando cada vez mais comum.
É necessário fazer uma reflexão ampliada da situação sendo que o álcool, por exemplo, é a droga mais consumida no Brasil, responsável por grande parte das ocorrências de violência familiar e extremamente relacionada aos acidentes automobilísticos, entretanto o álcool é uma droga legalizada, assim como o tabaco. Nesse cenário tem-se uma visão comercial, por outro lado no que se trata das drogas ilícitas como crack, maconha, cocaína, entre outras também existe uma influência mercadológica considerável, sendo que o tráfico movimenta milhões e milhões a cada ano.
As ações preconizadas pela Política Nacional de Redução de Danos fazem parte de uma política pública nova perante as ações cotidianas dos profissionais de saúde, isso, infelizmente resulta na pouca utilização, além da dificuldade de reconhecimento como estratégia válida ao cuidado dos usuários de álcool e outras drogas (MOREIRA et al., 2019). Existem inúmeros casos de prejuízos físicos e psicológicos relacionados ao abuso das drogas, logo, há que se pensar sobre como lidar com tal situação de forma a evitar a violência que é uma das principais causas trazidas pelas drogas, sempre priorizando e respeitando a vida.
MOREIRA, Carla Regina et al. Redução de danos: tendências em disputa nas políticas de saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 72, n. 3, 2019.
O uso de drogas no Brasil e, principalmente, seu tráfico, esteve associado a um estereótipo de pessoas marginalizadas pela sociedade. Nesse grupo podemos encontrar negros e pardos, pobres e moradores da periferia, os quais sempre foram deixados à mercê pelo Estado, desde a abolição da escravatura. O isolamento histórico dessa população, aliado ao isolamento social gerado pelo uso das drogas, nos faz entender de maneira mais fácil a política vigente de guerra e proibição do uso de drogas, a qual não busca o tratamento dos usuários e a diminuição do consumo das substâncias, e sim a prisão e isolamento desses indivíduos da sociedade. O internamento compulsório dos usuários sob o pretexto de “tratamento” não passa de um mecanismo de higienização urbana e social, semelhante à ocorrida durante a Revolta da Vacina.
A política de redução de danos surge como uma luz no fim do túnel diante desse cenário desfavorável ao tratamento dos usuários de substâncias químicas. Essa política é um dispositivo para garantia de direitos dos usuários de substâncias e a garantia dos princípios do SUS. Essa política visa o desenvolvimento do autocuidado dos usuários e uma reflexão crítica quanto ao uso das substâncias a partir de visitas de profissionais – os redutores de danos –, em regiões que concentram muitos usuários de drogas e nos CAPS AD. A partir dessa política, o usuário é convidado a conhecer mais a droga que utiliza, seus malefícios e como lidar com eles, reduzindo, assim, os danos causados pela substância no seu organismo. Com isso, a redução de danos funciona como um caminho para que o usuário procure o tratamento mais adequado para sua dependência, ofertando conhecimento acerca da sua patologia e o empoderando quanto ao seu tratamento.
Por Debora Batista
O empenho em analisar a estrutura atual da organização da dependência química e redução de danos causa impacto indireto na reavaliação do sistema de formação da saúde primária que corresponde às necessidades da política de controle e proibicionismo às drogas. É claro que a adoção dessas políticas de redução de danos exige precisão e a definição dos procedimentos não normalmente adotados, o que pode entrar em choque com a política proibicionista e seus apoiadores. Nunca é demais lembrar o peso e o significado destes problemas, uma vez que o desenvolvimento contínuo de distintas formas de atuação prepara-nos para enfrentar situações atípicas decorrentes dos índices pretendidos. A redução de danos é postura ética adotada para proporcionar uma reflexão ampliada sobre a possibilidade de mitigar danos relacionados a alguma prática, no caso, a dependência química. Todas estas questões, devidamente ponderadas, levantam dúvidas sobre a relação entre a prática e seus efeitos na sociedade, o entanto, não podemos esquecer que o desenvolvimento contínuo de distintas formas de atuação, como a redução de danos, é uma das consequências do empirismo e desenvolvimento científico, a fim de se trazer maiores benefícios para a sociedade! A RD é até menos custosa que o modelo tradicional de combate ao uso. Em alguns programas de RD são oferecidos serviços de aconselhamento e informação não somente para o usuário como para a família e cônjuges, além de grupos de ajuda mútua, assumindo uma dimensão comunitária. Campanhas de vacinação contra as Hepatites A e B, e ações de informação sobre direitos à saúde, são realizadas junto de pessoas em situação de vulnerabilidade como travestis, prostitutas, pessoas em situação de rua e homens que fazem sexo com outros homens, além dos usuários de drogas injetáveis. Nunca é demais lembrar o peso e o significado destes problemas, visto o modelo tradicional vingente, a grande influência da mídia e das redes sociais causam impacto direto na aplicação dessas medidas. No mundo atual, a hegemonia do ambiente político talvez venha demonstrar o verdadeiro impacto da comunicação na formação de opinião e adoção de medidas de saúde aquém do modelo proibicionista.
Por Antonio Vomena
Olá!
Esse é um tema muito importante a ser debatido pois poucos temas têm tanta pertinência aos dias atuais como a dependência química, uso de drogas de forma recreativa e a redução de danos que pode ser o intermediador entre esses dois estados.
Estudos apontam que a transição da infância para adolescência é o momento onde ocorre o primeiro contato de um indivíduos com o álcool ou as drogas. Estima-se que mesmo no ensino médio cerca de 50% dos estudantes façam uso de álcool ao menos uma vez a cada mês. Dados assim mostram que as drogas, sejam lícitas ou ilícitas estão presentes no nosso cotidiano desde a adolescência e aponta mais uma vez para o tema em questão.
À partir daí diversas questões se nos impõem, aqui não é possível falar de todas mas uma de suas principais é necessário ser discutida: a dependência química e as formas de lidar com ela. Aqui já nos é claro que apenas ignorar e travar uma batalha sem vencedores no dia a dia como o Estado faz constantemente contra as drogas é infrutífero. Na medida em que se gastam recursos, a violência cresce e o uso dessas substâncias se mantém, a falta de debate sobre o tema e conhecimento da população permitem que mais adolescentes e adultos conheçam as drogas prática e não saibam como lidar com elas. Esse é um dos grandes motivos pelo que o tema das drogas deve ser levantado.
Essas pessoas podem se tornar adictos e, com isso em mente, a estratégia de Redução de Danos entra como uma alternativa eficaz e fundamental na sociedade. Melhor que banir drogas que não vão realmente desaparecer, é ensinar àqueles que fazem uso dela uma melhor forma de usar sem que atrapalhe sua vida tanto social quanto profissional para que assim esse indivíduo possa atingir seus objetivos de vida. Como mostrado no documentário “Crack, repensar (2015)” Esse é o foco da política de redução de danos, não o banimento do uso, mas o estímulo ao uso consciente. Se bem implementado é ferramenta poderosa no auxílio à essa população.
Abraços
Antonio Viana de Omena Filho
Referências:
MARQUES, Ana Cecília Petta Roselli; CRUZ, Marcelo s. O adolescente e o uso de drogas. Revista Brasileira de Psiquiatria, [S.L.], v. 22, n. 2, p. 32-36, dez. 2000. FapUNIFESP (SciELO). https://dx.doi.org/10.1590/s1516-44462000000600009.
CRACK, repensar. Direção de Felipe Crepker Vieira e Rubens Passaro. Rio de Janeiro: Doctela Mídia e Comunicação e Fundação Oswaldo Cruz, 2015. 1 vídeo (25 min).
Olá, parabéns pelo post Elvys! Realmente é um tema muito importante a ser discutido e trabalhado principalmente com os profissionais e estudantes da área da saúde.
O uso de drogas possui diversos fins, incluindo fins terapêuticos, e sua existência está presente há séculos na sociedade constituindo a cultura de diversos povos. A questão é o que os estigmas e o Estado querem considerar sendo droga: qualquer substância exógena que possa ser administrada no corpo por qualquer via e que provoque sensação de prazer e consequentemente podendo também levar a dependência, ou apenas as substâncias declaradas “proibidas” devido seu envolvimento com criminalidade?! Como no caso da família com filho usuário casual de maconha e o outro que abusa do consumo de álcool, citado na palestra do Prof. Dartiu Xavier no Congresso Internacional sobre Drogas, o estigma criado pela política proibicionista (acentuado pelo combate as drogas) pode ser tão forte ao ponto de estorvar a concepção do que realmente é o problema. Além disso, o investimento gasto nessas políticas é extremamente ineficaz e isso fica claro na lógica invertida apontada pelo professor na palestra, em que a droga não é a causa da miséria social que os usuários vivem, nem da criminalidade, nem mesmo das brigas familiares, mas sim consequência desses fatores.
Na contra mão disso tudo, a política de redução de danos aponta com significativa eficiência, com base em evidências científicas, abrangendo uma resolução de prevenção – causalidade multifatorial (social, saúde, econômico).
Referência:
Palestra no Congresso Internacional sobre Drogas: Lei, Saúde e Sociedade, 2013.
Por Thallyta Santos
Ótimo post Elvys! Com nossas discussões em aulas e seminários pudemos compreender que a redução de danos pode ser traduzida por posturas, atitudes, práticas cujo objetivo é contribuir para mudança do pensamento social diante das drogas, almejando que as pessoas usuárias de drogas sejam respeitadas em seus direitos, desejos e necessidades, configurando-se assim, como uma proposta ética e consolidando-se como resposta social à produção, ao comércio e ao consumo de drogas e alternativa no campo da saúde pública.
É importante compreender que muito mais do que simples trocas de seringas e agulhas a redução de danos compreende outras atividades, como a inclusão social dos marginalizados pelo uso de drogas, o ensino do autocuidado aos dependentes químicos, educação e promoção da saúde, distribuição de condom para prevenir as doenças sexualmente transmissíveis, incentivo à vacinação contra Hepatite B e Tétano, acessibilidade às ações e aos serviços de saúde, orientação na substituição de droga pesada por drogas menos prejudiciais, e em alguns casos a redução do consumo.
Por fim, compreende-se que as atividades de redução de danos aplicam-se também às drogas lícitas, como por exemplo, uso de benzodiazepínicos para tratamento da dependência alcoólica, uso de adesivos de nicotina, cigarro elétrico e goma para tratamento do tabagismo, substituição do fumo de palha pelo fumo industrializado para os tabagistas que não desejam cessar o uso do tabaco.
Na redução de danos todas essas atividades são praticadas colocando o cidadão como protagonista no cuidado à sua saúde, respeitando a sua escolha, apesar de reconhecer riscos à sua saúde inerentes a essa escolha.
REFERÊNCIA
MACIEL, Marjorie Ester; DE VARGAS, Divane. Redução de danos: uma alternativa ao fracasso no combate às drogas. Cogitare Enfermagem, v. 20, n. 1, 2015.
Ótimo texto! Muito explicativo. A redução de Danos é pautada na compreensão e cuidado do indivíduo como um todo, respeitando seus limites e necessidades. Com isso, seu objetivo é elaborar um plano de redução e prevenção dos danos causados pelo uso de drogas psicoativas que não desejam parar seu consumo.
Ela foi implementada oficialmente no Brasil, em Santos-SP, como parte da campanha do Programa Nacional de HIV, através da distribuição de seringas estéreis para os usuários de drogas injetáveis. E desde então vem ganhando maiores dimensões através das estratégias singulares e coletivas.
A política de redução de danos veio como alternativa a tão disseminada campanha de “guerras às drogas”, que como colocado no documentário Crack, repensar (2015) da Fiocruz, foi criado um estereótipo dos usuários de drogas psicoativas, e apenas esses sofrem com as mais duras repressões da Guerra às Drogas. Como bem colocado no documentário: “O usuário é sempre aquele que tem condição de provar que tem recursos para obter a droga”. Com isso, essa forma repressiva, sem enxergar as individualidades e as vulnerabilidades do usuário não alcançam sua efetividade. Por isso a importância de políticas como a Redução de Danos, que além de serem efetivas e de baixo custo, tem um grande impacto social na busca pelo respeito, tolerância, direito e humanidade.
Referências:
CRACK, repensar. Direção de Felipe Crepker Vieira e Rubens Passaro. Rio de Janeiro: Doctela Mídia e Comunicação e Fundação Oswaldo Cruz, 2015.
International Harm Reduction Association. IHRA Briefing. O que é redução de danos? Uma posição oficial da Associação Internacional de Redução de Danos (IHRA).
Ótimo ponto a ser discutido.
A Redução de Danos (RD) foi adotada como estratégia de saúde pública pela primeira vez no Brasil no município de Santos-SP no ano de 1989, quando altos índices de transmissão de HIV estavam relacionados ao uso indevido de drogas injetáveis (Mesquita, 1991). Proposta inicialmente como uma estratégia de prevenção ao HIV entre usuários de drogas injetáveis – Programa de Troca de Seringas (PTSs) – a Redução de Danos foi ao longo dos anos se tornando uma estratégia de produção de saúde alternativa às estratégias pautadas na lógica da abstinência, incluindo a diversidade de demandas e ampliando as ofertas em saúde para a população de usuários de drogas. A diversificação das ofertas em saúde para usuários de drogas sofreu significativo impulso quando, a partir de 2003, as ações de RD deixam de ser uma estratégia exclusiva dos Programas de DST/AIDS e se tornam uma estratégia norteadora da Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e Ouras Drogas e da política de Saúde Mental.
Esse processo de ampliação e definição da RD como um novo paradigma ético, clínico e político para a política pública brasileira de saúde de álcool e outras drogas implicou um processo de enfrentamento e embates com as políticas antidrogas que tiveram suas bases fundadas no período ditatorial. A Redução de Danos (RD) vem se consolidando como um importante movimento nacional, impulsionando a construção de uma política de drogas democrática, com bem colocado pelo artigo – Redução de danos e saúde pública: construções alternativas à política global de “guerra às drogas”.
PASSOS, Eduardo Henrique; SOUZA, Tadeu Paula. Redução de danos e saúde pública: construções alternativas à política global de “guerra às drogas”. Psicol. Soc., Florianópolis , v. 23, n. 1, p. 154-162, Apr. 2011 .
Por Sérgio Aragaki
Excelentes reflexões no post e nos comentários. Apesar de, comparativamente, a Política de Redução de Danos trazer muito mais benefícios do que a política proibicionista, infelizmente ela deixou de ser a orientada pelo Ministério da Saúde no atual governo federal, sendo substituída por essa última. E pior, promovendo as ditas comunidades terapêuticas, as quais já foram inspecionadas pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão/Ministério Público Federal e Conselho Federal de Psicologia e constatadas inúmeras violações de direito, não tratamento, abusos, torturas etc. Mas continuamos na Luta!
Por Vitor Lúcio Barbosa Santos
Por definição, a dependência ocorre quando o indivíduo experimenta diversas repercussões negativas em sua vida associadas a manifestação de sintomas específicos da dependência. Os critérios diagnósticos podem ser agrupados em baixo controle, deterioração social, uso arriscado da substância e critérios farmacológicos (DSM-V, 2013).
Tendo em vista a complexidade da questão, a solução deve ser discutida a partir de uma base teórica sólida promovida por técnicos com o envolvimento de diversos atores sociais como gestores, sociedade civil e os próprios pacientes. Entende-se que tanto o problema como sua solução é intersetorial, envolve não só a área da saúde, mas tudo aquilo que compõe e mantém uma sociedade. A adicção reflete a deficiência na habitação, a disponibilidade de equipamentos culturais, a taxa de desemprego, entre outros direitos negligenciados. A garantia destes direitos individuais e coletivos da população também é uma estratégia de combate as drogas. Este conceito é reforçado pelo documentário Crack, repensar (2015) ao estabelecer como fatores protetores da dependência o emprego, a qualidade de vida, o suporte social e a família. Por fim, os pacientes são os mais interessados e os que mais sofrerão as consequências das políticas executadas, portanto, aqueles que sempre devem estar no centro da discussão.
Para tanto, como forma de garantir o respeito a autonomia do indivíduo, a política de redução de danos surge como estratégia humanizada e eficaz na condução da dependência química. Não ha como propor qualquer conduta terapêutica sobre tal questão que seja pautada na humanização sem respeitar as especificidades de cada indivíduo, sem ouvi-lo. Neste sentido, a redução de danos se faz necessária não só como estratégia de saúde, mas como decisão política. Ao reconhecer estes indivíduos como pessoas, seres humanos dotados de vontades, medos, preferências e tudo o mais que nos representa, estamos reconhecendo sua existência e exigindo sua dignidade.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.
CRACK, repensar. Direção de Felipe Crepker Vieira e Rubens Passaro. Rio de Janeiro: Doctela Mídia e Comunicação e Fundação Oswaldo Cruz, 2015. 1 vídeo (25 min).