Experiência no internato de medicina com ação social em um CAPS no Dia Internacional da Mulher.
Relato das alunas: Ana Clara Valente de Melo, Maryelle Fernandes Barros e Millena Medeiros Maux Lessa.
No internato de medicina, os estudantes passam por um período de prática clínica supervisionada. É neste período que os estudantes têm a oportunidade de aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso na prática médica, acompanhando casos reais e trabalhando em conjunto com outros profissionais da saúde. Uma das áreas de conhecimento deste período é a Saúde Mental, que é desenvolvida em hospitais, ambulatórios, como também em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Neste contexto, a participação de estudantes de Medicina no CAPS se torna extremamente importante para a formação médica, pois possibilita uma experiência prática e um contato direto com a realidade da saúde mental em uma localidade.
Neste relato, vamos falar sobre uma atividade desenvolvida em um CAPS e sua contribuição para a formação de estudantes que estão no internato de medicina.
A participação no CAPS permite que os estudantes de Medicina tenham uma formação mais humanizada e integral, com uma compreensão mais ampla e profunda dos aspectos psicossociais que envolvem a saúde e a doença. Além disso, o local permite o desenvolvimento de habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal, essenciais para uma prática médica mais humanizada e efetiva. Uma das atividades desenvolvidas no centro, são as rodas de conversas reflexivas e instigadoras promovidas pelos profissionais.
Uma atividade que buscou a integração dos pacientes à sociedade, foi a roda de conversa realizada no Dia Internacional da Mulher/2023.
O Dia da Mulher é uma data importante para lembrar da luta das mulheres por seus direitos e pela igualdade de gênero. No contexto do CAPS, essa data fui uma oportunidade para valorizar e empoderar as mulheres que frequentam o serviço, além de ser uma oportunidade valiosa para discutir e refletir sobre as questões que afetam as mulheres em relação à saúde mental.
A atividade foi dividida em partes:
Primeiro, as facilitadoras do grupo fizeram uma contextualização histórica. A roda de conversa começou com uma contextualização histórica sobre o Dia Internacional da Mulher, sua origem e sua importância na luta por direitos das mulheres ao longo do tempo.
Logo depois, alguns temas relevantes para a discussão foram propostos, como a violência contra a mulher, a saúde mental das mulheres, a dupla jornada de trabalho, entre outros.
Na atividade realizada, as facilitadores, juntamente com as acadêmicas de medicina, incentivaram a participação ativas dos usuários daquele CAPS, visto que é importante que a roda de conversa seja um espaço de participação de todos os presentes, com a possibilidade de cada um compartilhar suas experiências e opiniões sobre os temas em discussão.
Ao decorrer da conversa, houve momentos de apoio psicológico para as mulheres que apresentaram alguma angústia ou relato relacionados aos temas discutidos. Lembrando que foi importante a preparação das facilitadores para oferecer orientação e suporte emocional, quando necessário.
Ao final da roda de conversa, foi realizada uma reflexão sobre as questões discutidas e estimulados pensamentos em ações concretas que possam ser tomadas para enfrentar os desafios que afetam as mulheres em relação à saúde mental.
A roda de conversa foi uma oportunidade para as mulheres que frequentam o CAPS se sentirem acolhidas e compreendidas em relação às suas questões e para que todos os presentes possam compartilhar experiências e aprendizados sobre como promover uma vida mais saudável e feliz para as mulheres.
Referências:
Ministério da Educação (MEC) – Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Medicina: Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/CES1223.pdf
Academia Médica – O que é o internato médico e como funciona? Disponível em: https://academiamedica.com.br/blog/o-que-e-o-internato-medico-e-como-funciona
Ministério da Saúde. Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011.html
Ministério da Saúde. CAPS – Centro de Atenção Psicossocial. Disponível em: http://www.saude.gov.br/acoes-e-programas/saude-mental/caps
Guimarães CMB, Oliveira MCC, Fernandes MP, et al. Relato de experiência de um grupo terapêutico com mulheres em um Centro de Atenção Psicossocial. Rev Bras Enferm. 2018;71(suppl 1):568-74.
Brasil. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_mental.pdf
Por Ana Clara Valente de Lima Melo
Uma formação mais humanizada permite que a medicina se constitua para além do diagnósticos e o que é inerente a este. A vivência no caps nos permitiu ir para além do consultório e adentrar a um universo de muito diálogo, mas, em especial, de escuta. O empoderamento feminino foi algo visto em todas as nossas idas, não unicamente no 08 de março, e conversa muito com o poder e a importância da autonomia e do autocuidado, conceitos tratados a todo momento no universo da saúde mental. Foi uma experiência muito bonita e engrandecedora para nós três.