Grupo Saúde com Arte une diversão e informação em Blumenau SC
Em meados dos anos 90, três técnicas de higiene dental (THD) formadas pela Escola Técnica de Saúde de Blumenau (ETSUS Blumenau) começaram a trabalhar juntas, dando palestras sobre saúde bucal em escolas da cidade.
Elisabeth Pereira, Rosana Shultz e Alessandra Micheletti se empenhavam para explicar a alunos e professores as formas de prevenção, falando sobre a importância de usar flúor e escovar os dentes corretamente. Mas nem sempre o resultado era satisfatório.
“Mesmo sendo assuntos importantes, nós percebíamos que não tínhamos um bom retorno”, diz Rosana. Por conta disso, as THDs começaram a pensar uma nova estratégia de aproximação: o teatro.
Rosana conta que a ideia surgiu em 1997, quando a Secretaria Municipal de Saúde pediu que elas fizessem uma palestra voltada a professores da rede municipal.
“Enquanto preparávamos a palestra, começamos a nos perguntar: por que não fazer de forma diferente? Uma pensou daqui, a outra pensou de lá e, no fim, decidimos fazer uma encenação para os professores, para conquistá-los de uma forma divertida e engraçada. Assim escrevemos nossa primeira peça, que encenamos até hoje. Trata-se de ‘A vida como ela é’, que mostra a realidade das famílias carentes da região.”, conta.
Elisabeth diz ter ficado um pouco nervosa na primeira apresentação. “Deu um frio na barriga! Nós não sabíamos qual ia ser a reação do público”, diz. Mas a primeira encenação foi um sucesso. “Tanto que, naquele mesmo dia, os professores que estavam na reunião já nos convidaram para visitar suas escolas. Desde aquela data, nossa agenda vive cheia. Nascia o Grupo Teatral Saúde com Arte”, conta Rosana.
Aos poucos, o número de apresentações foi crescendo e as THDs resolveram que era hora de estudar teatro. Depois de um ano de Grupo, as três fizeram um curso na Fundação Cultural de Blumenau. Assim, descobriram novas técnicas para atrair a atenção de crianças, jovens e adultos.
O grupo já era conhecido quando em 2006, encontrou mais uma colaboradora: a agente comunitária de saúde (ACS) Daniele Rosa. Ela conta que conheceu Rosana, Elisabeth e Alessandra em um evento na unidade de saúde em que trabalha, no dia das mães. “Duas equipes da Estratégia Saúde da Família do meu bairro estavam fazendo apresentações para comemorar a data. Eu canto há muito pouco tempo e, neste dia, cantei algumas músicas. O grupo Saúde com Arte também estava presente, pois tinha sido convidado para encenar uma peça sobre amamentação. As meninas vieram falar comigo, dizendo que tinha achado interessante minha interpretação. Na época estavam montando uma peça chamada ‘Planeta Terra’ e sentiam que faltava alguma coisa para ela ficar perfeita. E, quando me viram, pensaram que talvez faltasse uma canção”, explica.
Daniela conta que chegou a achar, no início, que sua participação seria restrita apenas a essa canção. “Quando elas me convidaram, achei que seria temporário. Mas nossa parceria continuou e nos apresentamos juntas até hoje, sempre comigo cantando”. Para ela, um dos grandes me´ritos de ensinar por meio do teatro é conseguir a atenção das crianças. “Nós nos apresentamos para todo tipo de público, já que temos peças montadas para crianças, adolescentes, adultos e idosos . E todos estes públicos demonstram muito interesse. Mas quando trabalhamos com crianças, sinto o quanto a dramatização faz diferença: elas se mostram curiosas e chegam a ficar de boca aberta vendo as historinhas. Para a ACS, é muito gratificante, já que sabemos o quanto costuma ser difícil prender a atenção desse público. E o mais importante é que, enquanto se prendem à história, elas vão memorizando tudo o que a gente ensina”, explica.
De acordo com Elisabeth, a chegada de Daniela não foi importante apenas para melhorar as peças, mas também para fazer uma nova visão sobre a prevenção e o tratamento. “Nós, THDs, trabalhamos a maior parte do tempo dentro do consultório. A Daniela, por ser ACS, tem uma relação mais íntima com as pessoas. Estar com ela faz com que a gente veja a importância disso e aprenda a se aproximar também”, diz.
Para Daniela, o contato com as meninas também foi útil. “Eu aprendi muito com elas, havia muita coisa sobre a saúde bucal que eu desconhecia. Acabei me interessando tanto que, hoje, sou também aluna do curso de THD”, conta.
A dedicação do grupo, a qualidade das informações e integração entre as participantes faz com que as peças sejam cada vez mais requisitadas. Segundo Elisabeth, o grupo faz apresentações todas as terças feiras pela manhã, em escolas estaduais, municipais e particulares de Blumenau e municípios próximos, além dos Centros de Educação Infantil e associações de moradores. ” Como tem dado certo, fomos liberadas pela secretaria durante este período. E somos muito procuradas: nossa agenda está lotada o ano todo”, conta a técnica.
Por Emilia Alves de Sousa
Inspiradora a iniciativa! Fiquei encantada com a forma criativa do grupo de despertar o interesse das pessoas, e trabalhar as informações sobre saúde bucal.
A arte, pela sua capacidade de envolver as pessoas, é sem dúvida uma importante ferramenta na educação em saúde. Além da dimensão lúdica, produz interatividade e dá passagem para outras possibilidades.
A postagem me fez lembrar o lindo trabalho que a odontóloga Cristine Nobre desenvolve nos seus espaços de trabalho, que também usa a arte como estratégia para humanizar o atendimento e facilitar a aproximação/colaboração das pessoas.
https://redehumanizasus.net/94146-quando-o-cordel-encontrou-o-fluor-e-a-cariologia-pela-segunda-vez/
https://redehumanizasus.net/94857-explicando-a-importancia-da-fluoretacao-das-aguas-atraves-de-cordel-musicado/
“E a vida vai se completando na arte e a arte vai reinventando o profissional” (Cristine Nobre)
Parabéns aos componentes do grupo pelo belíssimo trabalho!
AbraSUS!
Emília