O Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, realizou nesta terça-feira (05) o primeiro parto na água, desde a sua inauguração, em dezembro do ano passado. O parto na água é uma técnica em que a mãe fica dentro de uma banheira com água aquecida entre 36°C e 37°C. É considerada uma técnica muito vantajosa para a futura mãe, pois a água morna causa aumento da irrigação sanguínea, diminuição da pressão arterial, além de relaxamento muscular, o que alivia as dores das contrações, facilitando a saída do bebê. Entre os benefícios para o bebê está o fato de que, ao nascer em temperatura e ambiente semelhantes ao do útero, ele sente menos os efeitos externos, como luz e barulho, chegando ao mundo de forma mais natural e menos traumática.
Ágata nasceu no início da tarde com 3,255 Kg. Melinda, a mãe, de 19 anos, chegou a defender entre familiares a tese do parto cesariana da sua primeira filha. Mas foi convencida pela equipe técnica do Centro de Parto Normal (CPN) do hospital, a optar pelo método da banheira. “A banheira é uma técnica nova e não existe este modelo de parto em hospitais de Ilhéus e Itabuna”, destacou a enfermeira obstétrica Danielle Patrocínio. Ela explica que apesar da técnica estar disponível no hospital materno-infantil desde a sua inauguração, o primeiro parto só ocorreu quase quatro meses depois por que é preciso, sobretudo, estimular novas técnicas e uma mudança de cultura de que o parto deve sempre ocorrer no leito hospitalar, com a paciente deitada.
O HMIJS é o primeiro hospital da região a disponibilizar esta técnica às suas pacientes. A doutora Esther Vilela, diretora médica do HMIJS, especialista em Ginecologia e Obstetrícia, se tornou referência para o Ministério da Saúde, ao ser responsável pela implantação de um modelo de atenção humanizada ao parto e nascimento. Ela explica que para o parto transcorrer da melhor maneira possível – e de forma humanizada – a mulher precisa ter a liberdade para vivenciar o seu trabalho de parto da forma que ela quiser, se movimentando, indo para o chuveiro, para a banheira, a bola, o cavalinho ou banqueta vertical, que são outras opções de alívio da dor que auxiliam o parto normal. Todos estes métodos já são oferecidos pelo Hospital Materno-Infantil.
“Confesso que eu até tinha o sonho de parir dentro d´água. Mas não sabia que aqui podia”, afirma, agora aliviada, a paciente Melinda, moradora do distrito de Sambaituba, zona rural de Ilhéus. “Quando eu entrei na banheira, aquela água morninha, eu relaxei. O acolhimento que recebi dando possibilidades de técnicas me ajudou bastante e a melhor sensação nesta hora é se sentir mais à vontade. A presença da equipe ao meu lado também ajudou”, revela. O parto de Melinda teve o acompanhamento de técnicas e enfermeiras, da médica pediatra Veruska Lino da Silva, da enfermeira obstétrica Danielle Patrocínio e da irmã da paciente. Coube à tia da pequena Ágata o simbolismo do corte do cordão umbilical.
Danielle ressalta que toda a assistência ao bebê foi feita ainda dentro da banheira, no colo da mãe, mantendo o contato pele a pele. Apesar do primeiro parto neste modelo ocorrer somente agora, a enfermeira obstétrica destaca que esse é o modelo que toda a equipe do Materno-Infantil quer ver acontecer. “É uma forma mais acolhedora e humanizada de parir”.