Após as oficinas promovidas pela SMS de São José – SC e a Rede Humaniza SUS aos profissionais da rede de atenção básica pudemos refletir e perceber o quanto estamos, como profissionais/equipe, engessados por rotinas, protocolos, regras e uma demanda excessiva de trabalho e atribuições. Percebemos que a mecanização do trabalho tornou-se presente em vários setores de nossa unidade e que tal situação não mostrava-se saudável para nós profissionais e para nossos usuários, afinal somos todos humanos e não maquinas! Procuramos então, traçar estratégias para alcançarmos o principal objetivo discutido e proposto nos encontros da Oficina promovida, o de HUMANIZAR nosso trabalho e atendimento (confessamos que foi um pouco assustador nos vermos sentados, nós HUMANOS, discutindo formas de humanizar nossas relações).
Em nossa UBS contamos com 3 Equipes de Saúde da Família e ao todo somam aproximadamente 60 funcionários, com um gigantesco fluxo de usuários. Nossa recepção, porta de entrada da UBS, trabalham os servidores administrativos realizando orientações, agendamentos e encaminhamentos dos pacientes para os atendimentos, porém sentimos que precisávamos aproximar mais a equipe ESF 009 (nossa equipe) da população, e não só por meio dos atendimentos individuais em consultório, visitas domiciliares dos ACS, grupos ou orientações pela recepção. Gostaríamos de nós mesmos, diariamente, escutarmos as demandas, as queixas e as duvidas de toda a população adscrita em nosso território de abrangência, e atender a cada um em sua necessidade especifica.
Desta forma criamos como estratégia o Posso Ajudar da ESF 009, o qual um ACS da área permanece diariamente na recepção, realizando o primeiro acolhimento do usuário da área, neste momento através de uma escuta ativa e atenta o profissional ACS verifica as necessidades do paciente e procura sanar as mesmas na ocasião, realizando as orientações e encaminhamentos adequados, evitando que o paciente sinta-se insatisfeito, que saia do serviço com duvidas ou precise retornar em outros momentos de forma desnecessária. A equipe de enfermagem e medico da área ficam sempre a disposição para as discussões dos casos diariamente e nas reuniões de equipe.
Estamos no inicio de nosso projeto, mas já temos a certeza que o acolhimento e a escuta ativa são essenciais para uma relação mais humana entre todes (profissionais/profissionais e profissionais/usuários).
Por Sérgio Aragaki
Realmente é assustador constatar que humanos precisamos pensar em como humanizar o trabalho em saúde. Herança do taylorismo, fordismo, do ritmo e dos modos de fazer instaurados e sustentados pela sociedade contemporânea, dentre tantas outras coisas que atentam contra a humanidade.
A realização do trabalho em saúde feita de forma mecanizada, repetitiva, sem considerar os acontecimentos prévios e em curso que constituem cada encontro acaba negando e excluindo as subjetividades, as historicidades. Isso é um tanto do que poderíamos pensar que são práticas desumanizadoras.
Ser humano é estar e ser em relação, em movimento e, portanto, sempre coprodução de diferenças. E que essas diferenças sejam, então, incluídas, conversadas, negociadas para a realização do cuidado em saúde.
Seguimos juntes.
AbraSUS!