ATENÇÃO HUMANIZADA NO MANEJO DE DOENTES CRÔNICOS

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A Associação Internacional de Estudo da Dor (IASP) define a dor crônica como uma sensação ou experiência emocional desagradável, associada com dano tecidual real ou potencial com duração superior a 30 dias. Nesse cenário, o cuidado com o paciente crônico é cíclico e o doente não se resume a sua doença, tendo outras queixas e problemas que também podem piorar sua qualidade de vida. Com isso, percebe-se os obstáculos encontrados caso haja um tratamento fragmentado e a falta de escuta empática, e elucida-se a necessidade de sempre restabelecer e reforçar o vínculo médico-paciente.

Os desafios no tratamento do paciente com dor crônica perpassam as relações com os médicos, a linguagem excessivamente técnica dos profissionais da saúde e a consequente falta de adesão aos tratamentos propostos, que muitas vezes são exclusivamente farmacológicos e não abordam a causa base da dor do paciente de maneira completa. Desse modo, a psicoeducação em dor se mostra como importante aliada dos médicos e pacientes com dor crônica, uma vez que elucida as diversas dimensões da dor, especialmente seu impacto na vida dos indivíduos.

A respeito da humanização no manejo de doentes crônicos, é pertinente pensar da seguinte forma: “eu quero atender o paciente como eu gostaria que alguém que é muito amado por mim seja atendido”. Assim sendo, dentre os aspectos que constituem essa humanização, está o acolhimento (aliado a escuta ativa), a gestão participativa (valorizar as sugestões do usuário e flexibiliza o tratamento dentro dos limites), a ambiência (propor uma atmosfera alegre e saudável no espaço físico), a valorização do trabalhador e a defesa dos direitos dos usuários, pontos de fundamental importância no que tange à humanização no manejo de doentes crônicos, visto que esses pacientes necessitam de um acompanhamento durante toda vida. Além disso, destaca-se o chamado “prontuário afetivo”, no qual o médico insere informações da vida do paciente que permitam um contato mais próximo nas consultas futuras. Por fim, também se comentou sobre a prática da “Slow Medicine”, que trata-se de uma filosofia da prática médica, dando tempo ao paciente para o que ele precisa contar, sem interferir ou induzir respostas, o que contribui para o estabelecimento da autonomia e autocuidado, além de que, dentro dessa linha de pensamento, pode-se apresentar terapias complementares, independentemente do ceticismo sobre elas. Assim como, dentro dessa técnica, dá-se, também, grande enfoque ao uso parcimonioso da tecnologia, já que fazer mais nem sempre é fazer melhor e o resultado que procuramos nem sempre é o que o paciente quer/precisa.

Compreende-se que o paciente que possui uma doença crônica está mais debilitado tanto física quanto psicologicamente, que o atendimento e o acolhimento do profissional ao paciente tem que ser humanizado, pois é um paciente que já se encontra desanimado com um desgaste que já vem de outros problemas enfrentados além da doença crônica, entender que devemos não só tratar a doença, mas também o paciente em sua integralidade, de forma que agregue valor não só ao tratamento mas também ao paciente e a família, e entendermos que para um tratamento eficaz não basta apenas impor que paciente faça o tratamento, mas compreender a condição que o paciente tem, para aquele tratamento ser realmente eficaz, de forma a realizar uma comunicação profissional com paciente e assimilar as consequências geradas. Dessa forma, faz-se um atendimento mais humanizado do paciente com dor crônica.

REFERÊNCIAS

BUTLER, David S.; MOSELEY, G. Lorimer. Explicando a dor. Noigroup Publications, 2009.

 

Giulia Ferreira Tonon¹ Lucas dos Santos Siviero² Rayane Silva Cesar de Sousa³ Rennan Bueno⁴

 

¹Graduanda em Medicina pela Universidade Positivo (UP)

²Graduando em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)

³Graduanda em Enfermagem pela Universidade Anhanguera (UNIDERP)

⁴Graduando em Medicina pela Universidade Positivo (UP)