Humanizando consultas de pacientes com autismo

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Karol Arias Fernandes¹, Gabriela Lima da Silva², Junior da Silva Caetano³, Douglas Augustinhak Heitkoetter ⁴

¹ Graduanda em Medicina pela Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE).

² Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

³  Graduando em Enfermagem pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (UNICESUMAR).

⁴ Graduando em Enfermagem pela Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

O transtorno do espectro autista (TEA) se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva. O termo autismo foi criado em 1908 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler para descrever a fuga da realidade para um mundo interior observado em pacientes esquizofrênicos. Veja abaixo outros pontos fundamentais da história do autismo, entretanto, vários estudos ainda foram realizados ao passar dos anos, a fim de mais descobertas sobre o termo. Em 2007, a ONU  instituiu o dia 2 de abril como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo para chamar atenção da população em geral para a importância de conhecer e tratar o transtorno, que afeta cerca de 70 milhões de pessoas no mundo todo, segundo a Organização Mundial de Saúde.

O diagnóstico pode variar, mas no geral a apresentação dos sintomas acontecem em média com 2 anos de idade, porém em casos leves pode haver demora no diagnóstico. A apresentação por espectro significa que existem diversas formas na exposição do quadro, classificado como leve, moderado e severo. Sendo as características evidenciadas mais comuns, a relação e interação social prejudicada, pela falta de interesse por outras pessoas, falta de empatia pelo sofrimento alheio e preferência por atividades solitárias. Apresentam também dificuldade na comunicação não verbal, comportamentos estereotipados, insistência na mesmice, interesses e atividades restritas e repetitivas, percepção sensorial com hiperresponsividade, hiporresponsividade e respostas paroxísticas a estímulos ambientais, assim como, prejuízo na intelectualidade, afetando principalmente habilidades verbais, e na linguagem, com atraso ou completa ausência da linguagem falada.

O atendimento no consultório a suspeitas de diagnóstico de espectro autista deve ser cuidadoso, pois a palavra “autismo” assusta os familiares e é carregado de crenças como culpa da vacina, da mãe ou do pai. Entretanto, essas crenças não têm validade científica. Esse atendimento deve ser humanizado, ou seja, é caracterizado pelo ato da comunicação entre profissional da saúde e pacientes e para poder ouvir, estes precisam ser capazes de tentar compreender o paciente para além de sua doença, tendo a possibilidade para se colocar no lugar do paciente para se tornar um profissional menos biologicista e mais humano. Na prática de seu exercício profissional este atendimento utiliza teorias do comportamento humano como sua base científica. Portanto o cuidado às pacientes com TEA deve ser interpessoal concebido para produzir efeitos preventivos e corretivos, com a finalidade de minimizar problemas e promover a melhoria da qualidade de vida dos clientes e familiares. Os sinais são identificados principalmente na infância, entretanto o diagnóstico deve ser longitudinal, ou seja, a criança deve ser acompanhada por um tempo para que se possa analisar o comportamento dela. Eis, então, a importância de criar um laço de confiança com a família, para que eles possam confiar no profissional. No consultório psicológico, para um atendimento humanizado é essencial dar atenção para os pais, além da criança, informando os pais, acalmando, dando suporte e conversando. É necessário ver o indivíduo, não o possível diagnóstico, cada criança é singular. Além disso, o espectro autista pode ser identificado de forma tardia em adultos, pois sabe-se mais sintomas e o mecanismo do transtorno e a sociedade vem se mostrando menos preconceituosa e com menos caráter de exclusão para essas doenças ao ver que pessoas com TEA podem conviver em sociedade e ascender socialmente e economicamente. Ao passo que mais adultos estão sendo diagnosticados devido ao avanço dos estudos que auxiliam na identificação do TEA na vida adulta, pelos sinais serem confundidos como estilo de vida e preferências, com isso deve-se explorar mais os hábitos na infância.