A construção desta resenha crítica se deu a partir do artigo ‘Reforma psiquiátrica como garantia à cidadania: por um cuidado em liberdade antimanicolonial’ que está presente no livro de comemoração ‘Luta antimanicomial e os 30 anos da lei estadual da reforma psiquiátrica-RS: em defesa do cuidado em liberdade’. O qual traz um panorama geral dessa questão no estado e sobre suas implicações, evidenciando uma visão dos usuários e agentes da saúde, além de suas considerações e programas.
Assim, a escolha do artigo ocorreu por tratar de uma temática de extrema importância social e cultural para o contexto brasileiro, o que demonstra a necessidade de uma maior atenção para as questões tratadas no presente artigo. Dessa forma, a leitura foi feita com a intenção de conhecer mais sobre o assunto relatado e fazer reflexões de cunho social a partir desta.
Sendo assim, o artigo em si traz inicialmente o acompanhamento de duas participantes de um projeto de extensão, os quais vítimas de diversas questões, principalmente de cunho estrutural, se descobrem, junto do empoderamento e do poder de suas vozes. Demonstrando que o cuidado em liberdade é muito mais amplo e está estritamente relacionado com a cidadania e ter direitos.
O artigo também traz uma leitura sobre a comercialização da loucura e como em todo o percurso isso sempre está à sombra na tentativa de se apoderar de qualquer brecha. Além disso, evidencia a construção histórica dos hospícios e manicômios no Brasil, com sua ligação direta com a escravatura, sendo um ambiente ‘moderno’ alternativo para despejar os indesejáveis. Assim, este já evidencia no título a palavra antimanicolonial, o qual destaca sobre as lutas de cuidado em liberdade a pessoa com sofrimento mental e a luta anticolonial.
É possível perceber uma reflexão acerca da loucura e do neoliberalismo, nos atuais discursos sobre o aumento expectativa de vida se percebe viés negativos de onde colocar todas essas pessoas e como dar condições à todas. Assim, o consequentemente aumentou o número de idosos em asilos e principalmente o abandono desses neles, demonstrando uma mudança de grupo de pessoas consideradas indesejáveis e que não servem para a força de trabalho.
Também, cabe uma análise a partir desse artigo, os papéis dos profissionais da saúde em uma luta contra o discurso no viés da branquitude, dado que a maioria dos profissionais são brancos e grande parte do seu trabalho, se não todo, é voltado para a população branca. Tal fato acaba por fazer com que mantenha sempre em sigilo, em um pacto narcisístico com a branquitude, evitando muitas vezes reflexões a respeito desta realidade, o que infelizmente acaba por colaborar com atitudes racistas, principalmente em um país tão marcado pelo racismo e pela violência estrutural, sendo necessário reflexões acerca de como entender o lugar de fala.
Dessa maneira, é necessário nunca esquecer que mesmo com tantos pontos conquistados para um país de tamanho continental, e este sendo um marco de grande importância, ainda há muitos objetivos a serem debatidas e para serem alcançadas. Além de questões que nunca devem ser esquecidas, considerando que sempre vai ter algo querendo se apossar.
Anna Júlia Iracet e Juliana Barros.
Disciplina de Introdução à Psicologia da Saúde, professor Douglas Casarotto de Oliveira
Por patrinutri
Olá Anna Júlia Iracet e Juliana Barros , que bom tê-las por aqui!
A RHS está nesta caminhada há 15 anos e é sempre muito bom ter novos participantes por aqui! Este post de vocês nos ajuda ainda mais a conhecer novas publicações sobre o tema da Saúde Mental e ainda nos faz refletir por aspectos importantes para o tema.
E como vocês alertam através da leitura do artigo, favorecer a autonomia e protagonismo dos sujeitos envolvidos na saúde com certeza é um dos grandes princípios da humanização.
Aproveito também para chamar a atenção de voçês sobre a disponibilidade de uma biblioteca virtual aqui mesmo em nossa página https://redehumanizasus.net/acervo-digital-de-humanizacao/ .
Obrigada por sua publicação e até breve!