Mídia destaca desinformação em saúde ouvindo especialistas do Icict/Fiocruz

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Igor Sacrameanto e Ana Carolina Monari , doutora pelo PPGICS, são os entrevistados da Agência Lupa e d´O Estado de S. Paulo

 

Na segunda-feira, 17/3, veículos da mídia repercutiram um dos temas mais debatidos da atualidade: os impactos da desinformação em saúde. E para falar sobre o tema foram ouvidos Igor Sacramento, pesquisador do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces) e professor do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS), do Icict, e Ana Carolina Monari, doutora pelo PPGICS, e pesquisadora de pós-doutorado no ‘Recod.ai’, o Laboratório de Inteligência Artificial da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Comunicação no combate

Entrevistado pela Agência Lupa, Igor Sacramento demonstrou que “falar em vacina e saúde se tornou uma questão política e ideológica partidária também” e que “compreender a saúde pelas dimensões política e ideológica se instaurou de tal maneira que vai ser muito difícil desassociá-las”, explica.

Sacramento, que é um dos autores da cartilha voltada para profissionais da saúde “Desinformação sobre Saúde: Vamos Enfrentar Esse Problema?”, uma parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a Universidade Federal Fluminense (UFF), explica que “na visão desses grupos antivacina, quem se vacina são os ‘outros’”, aqueles considerados pelos antivax como indesejáveis, passíveis de repressão. O pesquisador alerta que “este jogo retórico-argumentativo vem crescendo e é uma marca indelével e muito prejudicial para o futuro da saúde global, na minha avaliação. Em breve, veremos doenças já que estavam totalmente controladas retornando, em especial nos países do Sul Global.”

O pesquisador do Icict chama a atenção para o papel da comunicação e os profissionais que nela trabalham: “enquanto as equipes, sejam governamentais ou não governamentais, não forem estruturadas e não houver recurso para isso, vamos sempre estar atrás. É preciso entender a centralidade da comunicação no combate à desinformação em saúde. E não só entender, mas fazer com que esse entendimento se converta em infraestrutura pessoal, formativa e estrutural, estruturante, física, tecnológica, metodológica”.

Igor Sacramento defende que é necessário “buscar antecipação, ação que passa por sermos capazes de observar as tendências, monitorar as redes sociais, fazendo isso em articulação com outras áreas que não apenas a comunicação e a saúde. Recorrer a especialistas de dados, da computação”. Para isso, Sacramento volta a enfatizar que é fundamental o investimento em comunicação: “é o que está faltando para que possamos, se não vencer a batalha da desinformação em saúde, pelo menos batalhar de forma mais equânime. Enquanto não houver recursos e investimento para isso, vamos sempre estar atrás”.

A entrevista com Igor Sacramento pode ser lida aqui. Ela também foi reproduzida pelo portal Brasil 247.

Regulação das plataformas sociais

Em abril de 2023, o Governo Federal lançou o programa “Saúde com Ciência”, que visa combater a desinformação sobre vacinas e valorizar a ciência, alertando a população sobre as informações falsas ou duvidosas que circulam na internet, em especial nas mídias sociais e aplicativos de mensagens instantâneas. Mesmo assim, a desinformação na saúde e ciência cresce.

As duas matérias do jornal o Estado de S. Paulo seguiram a linha de esmiuçar os impactos dessa desinformação, analisando os riscos para a saúde da população e o uso político do populismo anticiência. Uma das entrevistadas foi Ana Carolina Monari, ex-aluna do PPGICS e vencedora do Prêmio Fiocruz de Teses 2024 na categoria Ciências Humanas e Sociais, com a pesquisa “Quem consome fake news consome fake news? Os usos e sentidos atribuídos à ciência e ao jornalismo em canais sobre covid-19 no Telegram”.

A partir da nova realidade de cancelamento das checagens de fatos, a desinformação ganhou um espaço maior para navegar. Antes da decisão das empresas de mídias sociais – X, Facebook, Instagram e WhatsApp – a checagem era feita por organizações independentes; atualmente, elas são feitas por usuários que adicionarão notas ou correções em postagens faltas ou enganosas. Para Monari, “O ‘Notas da Comunidade’ já demonstrou ser suscetível a interesses políticos, ideológicos e econômicos”.

A pesquisadora, que é uma das autoras do livro “(Des)Informação em saúde: na perspectiva das mediações” (juntamente com Igor Sacramento e Hully Falcão, também professora do PPGICS), é taxativa ao afirmar que o combate à desinformação é “um problema complexo e sua solução não pode ser simplista; a solução abrange da regulação das plataformas sociais ao uso da inteligência artificial na checagem de fatos”, pondera. Para Ana Carolina Monari, “a IA pode ajudar na detecção de diferentes modalidades de notícias falsas em textos, vídeos e imagens.”

Leia as duas matérias do jornal O Estado de S. Paulo disponíveis aqui e aqui.

 

Créditos das fotos

Fake news | Wilson Dias (Agência Brasil)

Igor Sacramento | Raquel Portugal (Multimeios/Icict/Fiocruz)

Ana Carolina Monari | Arquivo Pessoal

 

LINKS IMPORTANTES

Guia para Profissionais de Saúde – Desinformação sobre saúde: vamos enfrentar esse problema: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/63242

“Desinformação em saúde se tornou estratégia política para populismo anti-ciência”, diz pesquisador – Agência Lupa – 17/3/2025: https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2025/03/17/-desinformacao-em-saude-se-tornou-estrategia-politica-para-populismo-anti-ciencia-diz-pesquisador

Desinformação em saúde vira estratégia política para populismo anticiência , alerta pesquisador – Brasil 247 – 17/3/2025: https://www.brasil247.com/saude/desinformacao-em-saude-vira-estrategia-politica-para-populismo-anti-ciencia-alerta-pesquisador

Fake news em saúde podem matar e combate não pode ser simplista, alertam especialistas – O Estado de S. Paulo – 17/3/2025: https://www.estadao.com.br/saude/fake-news-em-saude-podem-matar-e-combate-nao-pode-ser-simplista-alertam-especialistas/

Brasileiros são especialmente vulneráveis as fake news em saúde. Entenda os motivos – O Estado de S. Paulo – 17/3/2025: https://www.estadao.com.br/saude/brasileiros-sao-especialmente-vulneraveis-as-fake-news-em-saude-entenda-os-motivos/