Uma Vivência de Gestão Participativa e Controle Social no Território

12 votos

Elias J. Silva 26/11/2008

“Começa agora, na roda de acolher, uma vivência

que se faz mística da Gestão Participativa e do Controle Social, com os saberes e sabores da humanização.”

Com esta dinâmica apresentamos a experiência da COMOV – Comunidade em Movimento da Grande Fortaleza, que abre seu espaço sociocultural para acolher as rodas do Cento de Saúde da Família Francisco Edmilson Pinheiro, em Fortaleza, no território da Secretaria Executiva Regional – SER V. A cada mês acontecem no espaço comunitário às rodas do idoso e a roda geral do referido Centro de Saúde da Família. Trata-se de encontro caloroso e marcante do serviço de saúde com a comunidade. Esta dinâmica de realizar as rodas no ambiente comunitário está contribuindo para efetivar a participação popular e o controle social. Os diversos servidores, os conselheiros e a comunidade usuária compartilham saberes e vivências nas rodas.

Esta ação está possibilitando o diálogo mais aberto, transparente e envolvente entre os segmentos.

Desde que a experiência foi iniciada, o objetivo sempre foi gerar integração e motivar a tocar em temas profundos, sem ódio e sem medo, encaminhando para além da crítica e para além da ação concreta, induzindo á reflexão e a informação: “sou parte e somos parte desta construção e deste encontro da Saúde com o Controle social e com a Educação Popular”.

Nestas rodas, o sentido de acolher está expresso nos olhares dos que se fazem cuidado e cuidador, cidadãos profissionais de saúde e cidadãos usuários que se encontram, dialogam, trocam informações e se respeitam, sob os cuidados da comunidade organizada que abre seu espaço e coloca seus equipamentos à disposição deste encontro. Assim, o movimento popular se coloca de forma cooperativa e solidária nos processos da saúde coletiva e contribui com metodologias e dinâmicas para tornar as rodas mais animadas, mais resolutivas e mais acolhedoras.

Desta forma, juntos, acolhidos e acolhedores, o CSF Edmilson Pinheiro – em parceria com a COMOV – Comunidade em Movimento da Grande Fortaleza, animados pelo Projeto Cirandas da Vida, da Secretaria de Saúde de Fortaleza – constrói a síntese do controle social e da gestão participativa do SUS, em seu território, na dinâmica dos conselheiros e conselheiras, cidadãos e cidadãs, gestores e profissionais de saúde que, animados e animando, educados e educando constroem a dimensão do cuidado e do cuidador, como princípio dinâmico de participação no território vivo e como fomento a humanização tão almejada. Aqui ninguém tem dúvida: é preciso falar de humanização no território de vida, junto à população sofrida que precisa de serviço e ser cuidada. É preciso que o cuidador sinta-se ator importante, como prestador de um serviço essencial e, que precisa também ser cuidado.

“Na roda a gente canta e dança

Por uma cultura de paz”.

Esta interação feita em roda permite concluir que “somos partes do Sistema Único de Saúde, nós promovemos e valorizamos a saúde pública como direito e valor humano inalienável dos cidadãos e cidadãs.”

E quais os resultados que esta vivência nos permite mensurar? Dentre muitas outras possibilidades pode-se destacar: efetivação sistemática das rodas do serviço com a comunidade; processo formativo e informativo no ambiênte das rodas; valorização da atuação dos profissionais que participam das rodas; valorização do controle social, a partir da atuação do Conselho Local de Saúde; cooperação e sintonia entre a comunidade organizada e o Centro de Saúde da Família; participação dos idosos em roda específica, ofertando serviços, informação, terapia comunitária e lazer.

Considerando-se estes resultados, é plenamente factível afirmar que esta vivência está permitindo aprofundar conceitos: saúde, controle social e educação popular como caminhos que convergem para a humanização, no desenvolvimento dos princípios da universalidade, da integralidade e da equidade, como desafios presentes de todos os processos coletivos de saúde.

A COMOV – Comunidade em Movimento da Grande Fortaleza, o CSF Edmilson Pinheiro e o Projeto Cirandas da Vida estão protagonizando esta estratégia de participação popular e controle social, que se faz ato-limite, que remete para a vivência efetiva do inédito viável que ousamos construir no território.

O presente artigo foi apresentado na forma de trabalho, na II Mostra do Sistema Municipal Saúde Escola de Fortaleza, ocorrida durante a Mostra Interativa Humaniza SUS, de 13 a 22 de Novembro corrente, como uma modesta, porém, simbólica contribuição ao “SUS que dá certo”.