O Brasil Cigano & o SUS
Em 2003, com a criação da Secretaria Especial de Promoção de Políticas para a Igualdade Racial – SEPPIR –, o Governo Federal iniciou um processo de acolhimento às demandas das comunidades
tradicionais. Essas populações ganharam, assim,maior visibilidade, e suas especificidades foram contempladas pelas políticas de promoção de eqüidade.
A formalização do Grupo Interministerial Cigano tem provocado as instâncias federais sobre as demandas do povo cigano. O Ministério da Saúde é membro desse grupo por meio da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa – SEGEP –, especificamente o Departamento de Apoio à Gestão Participativa – DAGEP. A intenção é realizar um trabalho junto às secretarias estaduais e municipais de saúde, voltado à diminuição das iniqüidades em relação à saúde dessa população. Não há dados oficiais nem estimativas precisas
sobre o tamanho da população cigana que vive no País. O fato é que eles existem em quase todos os Estados brasileiros e circulam nas periferias das nossas cidades. As estimativas das lideranças
ciganas dão conta de que cerca de 800 mil ciganos, integrantes das etnias Calon e Rom, vivem no nosso território.
De acordo com estudiosos do tema ainda existe uma população significativa de ciganos voltados às atividades itinerantes tradicionais da cultura cigana. Contudo, nem todo cigano é nômade. Muitos têm residência fixa – como é o caso dos grupos de Trindade, em Goiás, ou de Souza, na ParaíA interlocução com lideranças ciganas, estudiosos,ciganólogos e antropólogos permite identificar que a principal reivindicação do povo cigano diz respeito à discriminação social que sofre. Essa discriminação se baseia no estigma dos ciganos como ameaça à segurança. Novas respostas do setor da saúde que considerem o fato da condição nômade do povo cigano,especialmente porque os programas propostos têm a família e o domicílio como base de acesso, representam um desafio para o SUS.
Os desafios da universalidade e da integralidade no SUS exigem provimento do acesso para todas as ações de promoção da saúde, prevenção das doenças, cuidado e reabilitação. A busca
da eqüidade deve assegurar que as particularidades, étnicas, culturais e sociais,dos diferentes segmentos da população brasileira sejam consideradas na formulação e na prestação das ações e serviços de saúde.Partindo dessa premissa, o SUS deve acolher o cigano respeitando suas particularidades características.O Ministério da Saúde recomenda aos serviços de saúde: Agora o SUS vai identificar o povo cigano. Que não condicionem o cuidado e a atenção à apresentação de documentação e endereço, já que muitos ciganos não têm registro civil e nem endereço fixo.
Que todo integrante do povo cigano seja tratado com dignidade, procurando respeitar, em todos os aspectos, os valores e as concepções que tem acerca da saúde.
Saúde para Todos, SASTIMÔS SAORRENGUE (em romanês)
Fontes:
https://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/folder_ciganos.pdf
Imagens: cezarinadevos.blogspot.com/2009/06/ciganos-no…
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rs)! Veja como são as coisas… na tarde do bailinho, quando saímos no portão, eu com "aquela fantasia" (quase 5 anos de idade e lembro perfeitamente!), adivinha quem vinha pela rua? Duas ciganas!! Corri chorando, sem sapatos, sentia as britas do pátio… (a casa do meu pai tem um pátio grande, é a mesma até hoje, só que naquela época pareceu enorme – huge!), do tamanho do meu
pânico
! Cheguei soluçando no clube! Havia uma foto desse dia em um dos vídeos que "estava" na internet, eu toda encolhida (rs). Agora entendo, não me lembrava mais disso… eu tenho "fascínio pela cultura cigana" até hoje, não sabia de onde vinha isso! Gosto do som da língua, fico tentando compreender como vivem… Assusta-me pensarmos o processo dos ciganos, semelhante ao dos índios, ainda que se misturem as culturas, há uma supressão daquelas por meios conhecidos, muitos ainda tentam uma homogeneização. Remete-nos um repensar sobre como incluí-los em encontros que o SUS nos propicie. Lembro de um casal lindo, novinho, que veio para pré-natal aqui no ambulatório no ano passado. "Grávidos", o pai e a mãe tinham uns olhos claros que faiscávam! Cultura linda a cigana!
Por Pablo Dias Fortes
Shirley, que beleza de post! Uma ótima lembrança para que, a propósito da indissociabilidade da gestão e atenção, os desafios da alteridade continuem a estimular nossa imaginação. Um brinde ao povo cigano!
Abs,
Pablo D. Fortes