O Acadêmico Médico e a “Atenção no Primeiro Contato” como “Atributo da APS”

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A Atenção Primária à Saúde pode ser considerada como a primeira esfera dos níveis de organização dos serviços de saúde do SUS. Ela também pode ser entendida como a “porta de entrada” dos usuários no Sistema Único de Saúde, sendo responsável por receber os usuários e orientar o fluxo das pessoas que são acolhidas.

A Estratégia Saúde da Família (ESF) pode ser considerada como a materialização da Política da Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, distribuindo-se de forma integrada, ao longo do espaço social, com objetivo de dilatar o “Princípio da Universalidade do Acesso ao SUS”. Ela expande, qualifica e consolida a “APS”.
Por meio do Programa de Aproximação Progressiva (PAPP) da Faculdade de Medicina de Presidente Prudente (FAMEPP/UNOESTE), nós, Estudantes da Graduação em Medicina, podemos, desde o primeiro termo do Curso, entrar em contato direto com os usuários do SUS e também com a comunidade que acessa os serviços da ESF. Essa presença do futuro médico na comunidade, ligada à ESF, estimula nossa capacidade de diagnosticar as “necessidades de saúde” dos usuários SUS, com foco na Territorialização.
A Facilitadora do PAPP/FAMEPP/UNOESTE utiliza Metodologias Ativas como a Problematização para estimular a criação de Planos de Ação, no território da ESF, com foco na Política Nacional de Humanização e na Política Nacional de Promoção à Saúde.
A presença do futuro médico nas atividades práticas realizadas pelos Trabalhadores da Saúde, na Atenção Primária, possibilita aos estudantes o conhecimento das condições e dos Determinantes Sociais de Saúde que regem o processo saúde-doença do usuário SUS. O PAPP é compreendido como um Programa que estimula o Acadêmico de Medicina na sua capacidade de observar, entender a Clínica Ampliada, que promove a migração do Modelo Biomédico para o Biopsicossocial. O foco das nossas ações é a integralidade no atendimento aos usuários adscritos à ESF.
O PAPP transforma em realidade a Parceria “Academia/Serviço”, firmada entre Unoeste e Secretaria Municipal de Saúde de Presidente Prudente. Grupos de acadêmicos médicos se inserem nas ESFs como membros das equipes interprofissionais. Cada grupo possui um professor orientador que utiliza metodologias ativas de ensino e aprendizagem para estimular a produção de Planos de Ação, com foco na Política Nacional de Promoção à Saúde. Acadêmicos também participam dos Ciclos Pedagógicos que emergem da Metodologia da Problematização. O PAPP estimula que os futuros médicos diagnostiquem as “necessidades de saúde” da população que reside nas áreas adscritas às 07 ESFs do município de Presidente Prudente.
Nas práticas interprofissionais que ocorrem na ESF, nós Acadêmicos, somos orientados a organizar, sob supervisão docente, Planos de Ação na comunidade, a partir da identificação dos Determinantes Sociais de Saúde (DSS) e das “necessidades de saúde” das pessoas que moram no território da ESF. Coletamos informações dos usuários SUS, a partir de visitas domiciliares e também nos atendimentos da ESF, realizando ações de Vigilância em Saúde.
Esta vigilância em saúde objetiva que observemos e analisemos permanentemente a situação de saúde das pessoas que moram no território da ESF. A Equipe de trabalhadores da Saúde articula um conjunto de ações, na ESF, destinadas a controlar determinantes, riscos e danos à saúde da população que vive neste território. Queremos garantir a integralidade da atenção para os usuários do SUS.
Sob essa condição, com uso de referências selecionadas, eu pude compreender que os “DSS” correspondem a um grupo de fatores que traduzem a qualidade de vida da população, e que consequentemente refletem o seu processo saúde-doença. Eu tive a possibilidade auxiliar a equipe da ESF no atendimento integral a alguns usuários do SUS.
Por meio do Programa de Aproximação Progressiva à Prática, conseguimos aprender a trabalhar em equipe interprofissional, na qual ocorre a colaboração entre os profissionais de saúde. Minha presença como membro da Equipe Interprofissional da Estratégia Saúde da Família me permitiu experienciar, na prática, aquilo que aprendemos em sala de aula a respeito dos componentes estruturais dos Serviços de Saúde e da sua importância para o bom funcionamento da Atenção Primária à Saúde no Brasil. Em relação à atuação como “trabalhador da Saúde”, é possível que eu absorva a performance da ESF e como funcionam os “processos de trabalho em saúde”, promovido em consonância com a colaboração de todos nós atuantes da equipe de saúde, sob supervisão docente.
Eu me senti muito bem acolhido e integrado a toda a atmosfera de colaboração entre a equipe da unidade. Entendi a configuração proposta para atender com equidade os usuários SUS, buscando “dar mais a quem mais necessita”, proporcionando às pessoas um melhor bem-estar físico, mental e social.

Referências:
MOURA, B.L.A.; et al. Atenção Primária à Saúde: estrutura das unidades como componente da atenção à saúde. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 10, p. s69-s81, nov. 2010.
SOUZA, C. F. T. DE; et al. A atenção primária na formação médica: a experiência de uma turma de medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 37, n. 3, p. 448–454, jul. 2013