Atualmente, faço parte da equipe Multidisciplinar do Sistema Prisional do Estado de Alagoas. Um experiência nova e bastante desafiadora para mim. Inicialmente um ambiente do qual tive bastante receio, mas, o tempo me mostra as diversas possibilidades de aprendizados nesses espaços. Aprendo a ser empática para com a dor delas em não acompanhar o crescimento dos filhos, o peso da privação da liberdade, o silêncio acompanhado de lágrimas do qual sou incapaz de compreender, mas que posso, provocar nelas a reflexão de que o momento não as define e a capacidade de mudar o rumo da história só depende delas. Nesse espaço, compreendo a importância dos profissionais cuidadores da saúde e do Sistema único de Saúde e a politica de Saúde mental.
Acredito na capacidade de transformação de cada ator envolvido onde somos convidados a sair de si e enxergar além dos tabus, impostos pela sociedade e alimentados por nós. Percebo a necessidade do fazer juntos, da escuta ativa, afetiva. Cada um revela um contexto de vida bem diferente de um pré-conceito.
Na imagem abaixo, houve um momento de descontração para as mulheres que exercem atividades de rotinas como meio de redução da pena. Elas convivem conosco e dividem também seus anseios, angústias, choros e alegrias quando um filho ou o pai vai visitá-las. Pensando em ofertar algo diferente da rotina. Ofertamos uma tarde de cinema dentro do Sistema e em seguida uma rodada de jogo de baralhos. Era perceptível o olhar de esperança em cada uma delas.
Por Sérgio Aragaki
Eu sempre lembro do quanto boa parte da população é levada à prática de crimes devido à ausência de políticas públicas efetivas e que possam ter acesso e exercer os direitos sociais, inscritos na Constituição Federal. Assim, as possibilidades de reinvenção da vida, de uma reinserção que permita dignidade, cidadania, está para além dos desejos e necessidades da pessoas e, se houver, de sua família. Por isso temos constituído equipes e redes de produção de vida
multiprofissionais, que trabalhem interdisciplinarmente e intersetorialmente.
AbraSUS!