O papel acolhedor do Psicólogo Hospitalar no Transplante de Medula Óssea – Relato de experiência

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Vanessa Dayana Thomas¹

Graduanda em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR¹

O Transplante de Medula Óssea (TMO) é utilizado para tratamento de doenças hematológicas, hereditárias, imunológicas e para alguns tumores sólidos. É recomendado quando trata-se de doenças que envolvem a medula óssea, além disso é utilizado quando tratamentos convencionais não apresentam mais um bom prognóstico. O transplante consiste na retirada das células tronco hematopoéticas do osso, da corrente sanguínea ou do cordão umbilical e posteriormente são infundidas no corpo do paciente.

O atendimento psicológico no TMO ocorre desde a consciência do diagnóstico, da escolha em fazer ou não o transplante e se estende ao acompanhamento do paciente durante o tratamento.

Os conceitos acima referidos são a base para o relato pessoal que tenho para descrever e que me levaram a conhecer a psicologia hospitalar.

Nos anos de 2016 até 2020 acompanhei minha mãe em tratamento oncológico, por algumas vezes ela teve que mudar os tratamentos pois não apresentavam os resultados esperados, até que o médico que a acompanhava sugeriu o TMO e a encaminhou para uma equipe multidisciplinar que dariam informações e acompanhariam ela para que o transplante acontecesse. Foi durante os procedimentos do tratamento que tive conhecimento da psicologia hospitalar, que teria relevante importância para minha mãe. A psicologia teve papel não só no auxílio da escolha em fazer o TMO, mas principalmente no momento da transfusão da medula e do acompanhamento da estadia hospitalar. Durante o procedimento de transfusão minha mãe teve medo e acabou passando mal, solicitou que a psicóloga ficasse ali, junto dela, que a ouviu e segurou sua mão até que o processo acabasse, mesmo tendo minha mãe desmaiado. Além disso, durante a estadia hospitalar, esperando para que o organismo se estabelecesse, ela teve uma piora, tendo a psicóloga um olhar acolhedor que ajudou para que ela mudasse de quarto, tivesse um acompanhante e, consequentemente apresentasse uma melhora.

Esse cuidado e acolhimento são funções básicas da psicologia hospitalar e fundamentais quando estudamos sobre essa profissão, mas se destacam ainda mais na prática e são essenciais nos processos/tratamentos que geram sofrimento físico e psíquico. Naquele momento de sofrimento complexo, de máxima vulnerabilidade causado pelo TMO foi que a psicologia se destacou. Na sua maneira acolhedora se mostrou presente quando mesmo não podendo fazer nada em relação a um determinado procedimento que estava acontecendo, fez!

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Angélica Mônica et al. Vivências de adultos submetidos ao transplante de medula óssea autólogo. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 11, n. 2, p. 267-274, 2012.

TORRANO-MASETTI, Luciana Marchetti; OLIVEIRA, Érika Arantes; SANTOS, Manoel Antônio. Atendimento psicológico numa unidade de transplante de medula óssea. Medicina (Ribeirão Preto), v. 33, n. 2, p. 161-169, 2000.