O Poder das falsas expectativas na personalidade humana – Múcio Morais
Esperar é uma das saídas emocionais mais espetaculares que temos, estou falando de esperança com base nas expectativas das virtudes alheias. Dos feedbacks positivos, falo da expectativa no âmbito das realizações meramente humanas, daquelas que nos motivam e pré-estabelecem um padrão de comportamento e quando frustradas geram um hematoma na alma.
Esperar a perfeição humana;
Esperar a atitude “certa”, esperar reconhecimento, esperar gratidão, esperar recompensa, esperar compreensão, esperar reciprocidade, esperar justiça, esperar consenso…
Mas eu esperava que…
Quantas vezes você se pegou com esta expressão? O que realmente estamos dizendo é: Eu fiz tudo certo baseado na pseudo impressão que você me passou, em resumo, a culpa é quase toda sua, a minha parte foi ter acreditado em você, ter esperado o seu “melhor” que não aconteceu, sugiro que você reveja seus valores.
Quanto mais expectativas na perfeição humana tivermos, mais sujeitos a frustrações e decepções estaremos, além disso, o mundo vai se tornando um lugar insuportável a medida que vamos acumulando as “injustiças” recebidas. Esse comportamento deforma nosso caráter e molda um padrão inadequado de relacionamento à medida que os outros passam a ser categorizados como injustos ou candidatos a injustiça. Um padrão de comportamento arraigado, inflexível e mal adaptado, que causará mal-estar, prejudicando seu desempenho em todas as atividades.
Ver o mundo sob esse prisma é o mesmo que caminhar pela praia segurando um vaporizador a frente dos olhos (Nossa, que viagem). Imagine a cena, um belo dia de sol, você caminhando pela areia, as gaivotas cantando, o barulho das ondas enchendo o ar e você segurando um vaporizador em frente ao rosto, respirando vapores, enxergando vapores, com os olhos embaçados ignorando toda a natureza à sua volta.
Esperar a perfeição, justiça e comportamentos afins ou aquilo que você acredita ser perfeição das pessoas é uma irresponsabilidade consigo mesmo, Um convite a futuros distúrbios de personalidade provocados pelas constantes reações ao comportamento adquirido. Uma deficiência do desenvolvimento do ego. Uma auto centralização baseada na supervalorização de si mesmo.
Pessoas com estas características, geralmente tem um processo adiantado de culpa, já que ninguém pode impedir a ação da consciência, mesmo que em níveis diferentes, a Consciência é uma qualidade psíquica, isto é, que pertence à esfera da psique humana, por isso diz-se também que ela é um atributo do espírito, da mente, ou do pensamento humano. Ser consciente não é exatamente a mesma coisa que perceber-se no mundo, mas ser no mundo e do mundo, para isso, a intuição, a dedução e a indução tomam parte. Nesse processo, o desequilíbrio das expectativas e seus resultados passam pelo processo de julgamento e dedução e normalmente o resultado é a culpa. Gerando um estado agregador de pressão sobre a personalidade.
Imagine isso, esperar a perfeição dos outros, não receber a perfeição como feedback, avaliar a situação primariamente como injustiça, entrar em estado de autocomiseração e a seguir, após alguma avaliação com base na mudança de ambiente você percebe que seu comportamento não foi completamente adequado, ainda que tenha sido justo (segundo seus novos critérios), daí vem a culpa. Que encrenca emocional você está se metendo,
TORTA VÍTIMA DO MUNDO – Receita simplificada
Peque uma situação corriqueira como fôrma, (não unte, é preciso deixar “agarrar no fundo.”) coloque um copo de expectativas falsas ou exageradas, junte dois copos de frustrações e uma pitada de inflexibilidade e intolerância, acrescentando aos poucos uma colher de autocomiseração, a seguir leve ao fogo da consciência deixando dourar por alguns minutos, retire do forno e cubra com 500GR de culpa granulada, leve novamente ao forno por alguns minutos até que a culpa cubra toda a superfície, retire do forno, prove do seu próprio veneno e se sobreviver sirva aos amigos em forma de lamúrias e maledicências,
Espalhe a receita e em breve teremos a multiplicação das guerras, dos conflitos, dos divórcios, do câncer, das demências, da depressão, da ansiedade, dos crimes hediondos e coisas do gênero.
Pense bem, vale a pena elaborar sua vida e conduta nessa base? A Mudança desse comportamento está exclusivamente a seu alcance, é questão de decisão, de realizar exercícios de autoanalise, de aprender o valor da ternura, da bondade e do amor. De aprender o valor do outro, de enxergar os outros pela ótica da exclusividade, De renunciar os julgamentos precipitados, de ver-se nas falhas dos outros. De aprender o valor do perdão.
Isso distingue o ser humano dos demais, a capacidade de perceber, avaliar e mudar.
Saúde e felicidade a todos,
Múcio Morais
Por mmo161
Muito pertinente a abordagem. A única constante na vida é a mudança.