A questão é quando um gesto se torna inevitável por uma soma de fatores que não podem ser conscientemente pensados. Quando uma ação toma controle do ator e o faz atuar.
Nessa situação, você desconhece, ou não tem tempo de considerar, as consequências do que está fazendo. Teus gestos te levam a participar de algo que te faz mal, que faz mal a quem você ama, que faz mal indistintamente.
O fato é que não há culpa. A regra incontornável consiste em que é preciso lidar com as consequências. Nesse caso existirá sofrimento de qualquer modo. Você participa, tem implicação na própria tristeza ou dor, sempre. Não porque és culpado, mas porque o que te acontece exige algo de ti antes mesmo de acontecer.
Segundo Nietzsche, é sempre assim. Por isso é preciso afirmar a vida para além do bem e do mal. Estar diante do devir, do fluxo dos acontecimentos, de modo afirmativo implica em reconhecer a impossibilidade de se ter controle absoluto. Você está realizando e construindo seu destino simultaneamente.