Eu nasci em um sábado de novembro de 1970.
O que marcou essa primeira década, meus primeiros 10 anos de vida, é que na mesma velocidade em que eu mesmo crescia – me dava conta de mim e do mundo – a realidade não parava de deixar de ser o que era.
O mundo simplesmente não ficou quieto nem por um minuto desde que eu nasci. Agora, quase cinco décadas depois, eu percebo um padrão, uma constante que antecede meu nascimento, que marcou todo o século XX, e que apenas de acelera, se agudiza e ameaça a sanidade da espécie nesse início de milênio.
Do fogão a lenha, do café da manhã ao som do rádio, antes dos 07 anos; Da chegada de um televisor de 20 polegadas, preto e branco, em 1977; Dos loucos anos 80 – início, perda da inocência e fim da adolescência; Dos anos 90 da vida fora da casa dos pais, depois do final do serviço militar; Da internet do início do milênio…
De tudo isso até o streaming e o smartphone, dos algoritmos e da inteligência artificial a única constante é a mudança constante.
Vejo a humanidade diante da encruzilhada: Atirar-se no abismo redentor do colapso ambiental, no horror econômico e na guerra híbrida e seu constante horizonte da hecatombe nuclear para ao destruir-se. Ou seguir mudando. Completar a metamorfose.
Como os caçadores coletores que destruíram seu modo de vida para cultivar os campos e inventar as cidades, teremos que destruir o modo de produção atual, para criar a viabilidade de nossas existências num mundo de mais de sete bilhões de habitantes.
A aceleração, até mesmo a mudança brusca, a parada como forma de subversão da transformação – como a resposta a pandemia de Covid-19 mostrou que somos capazes – não é o problema.
Reinventar-se é a especialidade do homo sapiens sapiens.