O Tabagismo e Seus Efeitos: Reflexões de uma Ação Comunitária no Controle do Hábito

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A prevalência do tabagismo é influenciada pela relação entre novos usuários, a cessação do hábito e as mortes associadas, sendo esses fatores essenciais para o controle do problema. No Brasil, o tabagismo causa cerca de 200 mil mortes anuais, mas, desde 2010, o consumo de tabaco diminuiu 35%, devido a políticas públicas, como a proibição de fumar em locais fechados. Essas medidas contribuíram para a redução de doenças relacionadas ao tabaco, como infarto, derrame e câncer.

Dentro desse contexto, foi realizada uma ação de combate ao tabagismo no curso de Medicina, com foco na conscientização da população sobre os riscos do tabaco e estratégias de prevenção. A atividade, realizada no quarto termo, uniu educação em saúde e vivência comunitária, contribuindo tanto para o aprendizado técnico quanto para a formação cidadã dos estudantes.

Entrevistas realizadas com 10 fumantes de uma comunidade permitiram traçar um panorama sobre o perfil sociodemográfico, as condições de saúde, os hábitos relacionados ao tabagismo e as perspectivas de cessação. A maioria dos participantes é composta por mulheres, com média de 68 anos, ensino fundamental incompleto e convivência com outros fumantes. Muitos relataram gestações anteriores e amamentação.

Em termos de saúde, metade é hipertensa, mas a maioria não tem diabetes. Apenas um participante tem histórico cardiovascular, enquanto doenças pulmonares e neoplasias foram raras. Lesões bucais foram comuns (8 de 10), metade já apresentou depressão, e 6 consideram sua saúde geral “boa”. A pressão arterial média foi de 135×90 mmHg, com frequência cardíaca de 90 bpm e respiratória de 18 irpm.

O tempo médio de tabagismo foi de 32 anos, iniciando majoritariamente antes dos 18 anos, com consumo diário médio de 15 cigarros. Fumar está associado a atividades diárias, como café da manhã, refeições e telefonemas, mas raramente ao consumo de álcool ou trabalho. Metade fuma em momentos de ansiedade.

Embora 60% tenham tentado parar de fumar, recaídas ocorreram devido à ansiedade, depressão ou uso de outras substâncias. Contudo, 80% desejam abandonar o tabagismo para melhorar a saúde, mostrando abertura para intervenções.

Diante disso, foram elaborados panfletos para serem entregues à comunidade, com o objetivo de informar e chocar a população, buscando mudar seus hábitos. Além disso, foram coletados dados pessoais das pessoas interessadas em parar de fumar para participar do grupo de apoio que iniciará no ano seguinte.

A experiência destaca o impacto do tabagismo na saúde pública e a importância de ações comunitárias e educativas. As entrevistas com fumantes mostraram desafios sociais e emocionais para a cessação, mas também um desejo de mudança, com 80% dos participantes querendo parar de fumar. A integração da faculdade com a comunidade, por meio da curricularização das práticas médicas, favoreceu o aprendizado técnico e a promoção de conscientização, além de apoiar os fumantes com materiais informativos e um grupo de ajuda. A iniciativa reforça o papel transformador da educação em saúde e o potencial de salvar vidas ao combinar intervenções personalizadas e suporte emocional.