O tempo que se move nos dá essa sensação de que há o acaso. No tempo que se move vale o princípio da incerteza de Heisenberg. O que vem no tempo em movimento, por menores que sejam as constantes variações, é sempre novo e inusitado e imprevisível.
Mas há o tempo imóvel do fim. Esse nos espera em silêncio. Ele marca a conclusão de um percurso. E, paradoxalmente, de fluxo ele passa a finitude de um ponto.
O tempo imóvel do fim marca a borda do ponto onde todas as infinitas probabilidades colapsaram em uma história. No interior desse ponto não há mais a incerteza do que está por vir.
Tudo aconteceu.
Nada mais resta a não ser a eternidade onde a luz nos espera, após a escuridão infinita do mergulho num instante final.
Em “Onde os Fracos não têm Vez”, na cena final do sonho do delegado, essa luz vem e se adianta para além da escuridão. O pai – que agora é o jovem na memória do filho idoso, estava no antes para recebê-lo no fluxo do tempo e o espera no depois, na eternidade do tempo após a vida…
Nesse sonho a morte marca a dissolução da prisão temporal e sua inexorável incerteza, na suavidade de um tempo imóvel e transcendente.