Desde a suspensão das aulas em Porto Alegre que tenho buscado forças para lutar na ideia de que poderemos superar essa emergência através da soma dos nossos gestos de cuidado e solidariedade.
Nossas ações podem encontrar uma dimensão comum a partir das singularidades que afirmam a vida. A extensão dos danos pode ser mitigada na medida em que possamos encontrar a sinergia dos bons encontros durante essa pandemia. No entanto, há muitas pessoas que entraram num modo de negação que, especialmente nesse momento é suicida e “antropocida” ao mesmo tempo.
Felizmente essa postura não é a da maioria.
A ideia de que o pior cenário pudesse acontecer apesar de nossos esforços era simplesmente impensável, ainda que muito possível, como estamos vendo na Itália e Espanha.
Não descarto os terríveis cenários dos hospitais de campanha. Mas se não faltar equipamento de proteção, ventiladores mecânicos e medicamentos, nossa luta e sacrifício pessoal não serão desprovidos de um sentido afirmativo. O mundo, tão bem equipado no âmbito da engenharia da morte em larga escala através do complexo industrial militar, não se preparou para que tivéssemos os insumos necessários para proteger, cuidar e curar.
Diante disso a civilização planetária terá que prover de modo emergencial o que não fomos capazes de estocar para esse momento crítico.
De qualquer modo, o isolamento social tem sido a melhor resposta imediata possível. Em alguma medida, ainda incerta, a quarentena está dando resultado.
As ações corajosas dos trabalhadores da saúde, assistência social, segurança, higienização e suporte, em paralelo com o isolamento social, não estão sendo em vão.