O percentual das pessoas que são letalmente vulneráveis a Covid-19 pode chegar a 1% de uma dada população. No Brasil, isso significa 2,09 milhões de pessoas. Esse é o contingente de seres humanos ameaçados pelo negacionismo somente no Brasil. O problema é tão grave, ou ainda pior, em outros países, como os EUA, dependendo de como a cobertura vacinal for sendo implementada.
Não usar os métodos cientificamente validados e recomendados de prevenção consiste numa agressão equivalente a um bombardeio nuclear. Essa devastação em perdas de vidas, sequelas crônicas para muitos sobreviventes e a crise social e econômica que estão se agravando é trágica na medida em que a ameaça poderia ser mitigada através de ações efetivas de prevenção.
Ao contrário de reduzir o impacto da pandemia, o que está ocorrendo no Brasil é uma espécie de roleta russa oficial. Sem vacinação, a única maneira de saber quem são os infectados que irão a óbito é após a contaminação de cada pessoa.
É esse o plano de Bolsonaro: um método de eugenia em que a solução consiste na morte rápida de todas aqueles que possuem vulnerabilidade imunológica ao Coronavírus. Isso acontecendo rapidamente, a economia sofre menos danos. Foi essa a defesa do presidente desde o início de 2020.
Esse cenário de 2020 parece que não irá se atenuar em 2021. A nova cepa, considerada mais virulenta do Coronavírus, possui três mutações combinadas, das 300 identificadas até agora. O problema dessa variante do Coronavírus, nos países que não conseguem ampliar rapidamente a cobertura vacinal, é preocupante. Para evitar as consequências de uma aceleração das contaminações, a ação do sistema público e universal de saúde, como o nosso SUS, implementando um programa de vacinação de emergência é essencial.
O significado da postura do governo federal é que as contaminações vão se acelerar. Embora essa variante não seja mais letal, o problema é que um número maior de pessoas serão contaminadas num espaço de tempo menor. Assim, o Coronavírus chegará rapidamente ao percentual da população que tem uma configuração do sistema imunológico vulnerável à infecção por Coronavírus . Ou seja, mais pessoas irão morrer.
Como a imunidade conferida pelas vacinas se estende a todas as cepas identificadas, a urgência da vacinação é incontestável. Por isso, a política do Estado brasileiro de retardar o início do programa de vacinação é genocida.
Imunidade de rebanho é um conceito técnico que só pode ser atingido, de modo a preservar mais vidas, através da cobertura vacinal que deve ser superior a 60% da população. O uso do conceito de imunidade de rebanho que o governo Bolsonaro faz é irresponsável e errado do ponto de vista político e científico.
Não esperem que 2021 seja um ano de volta à normalidade.
Por Emilia Alves de Sousa
É realmente lamentável, pra não dizer indignante, a atitude do governo frente à pandemia. Um governo que sempre minimizou o risco letal do Coronavírus, e que nunca valorizou/incentivou as medidas sanitárias recomendadas pelos especialistas para o controle do vírus. Enquanto muitos países já estão em processo de vacinação da sua população, o Brasil ainda patina, sem uma data definida para o início desse processo, em meio a uma pandemia que avança cada vez mais tirando vidas que poderiam ser poupadas com as vacinas. Dá um desespero!