Projeto Arte no Andar leva apresentações culturais e sessões de cinema a pacientes

10 votos

Não é muito comum entrar no corredor de um hospital e encontrar pacientes assistindo um filme, um espetáculo de teatro ou apreciando uma apresentação musical. Porém, ações como esta se tornaram realidade no Hospital Regional São Paulo nas últimas semanas. O projeto “Arte no Andar”, desenvolvido pelo Grupo de Humanização por meio dos setores de Psicologia e Serviço Social, tem promovido ações culturais como música, teatro e cinema para pacientes em internação mais prolongada na unidade hospitalar. As ações iniciaram de forma experimental no fim de dezembro e a boa aceitação dos pacientes fez com que continuassem a ser desenvolvidas em 2019.

 

“O principal objetivo é fazer o paciente sair do leito, tirá-lo do quarto e poder socializar com os demais que estão no setor. Estimulamos a participação nas ações do projeto de todos os pacientes que têm condições e disposição de sair do quarto. É uma iniciativa recente, mas já percebemos resultados positivos, pois os pacientes falam e perguntam sobre as ações. Como eles gostaram da experiência, optamos por repetir” explica a psicóloga Eliandra Solivo.

A psicóloga comenta ainda que a hospitalização acontece em função do paciente precisar de tratamento para o reestabelecimento da saúde. Contudo, alguns aspectos do ambiente hospitalar, como as rotinas, o tempo de internação, os procedimentos, e o isolamento social e familiar, podem ser complicadores ao tratamento. “Por isso as sessões de cinema podem alterar a rotina diária e trazer ao ambiente um tom de descontração, reflexão, manejo do estresse, diminuição dos níveis de ansiedade, incentivo a comunicação e interação entre pacientes e familiares que ali se encontram”, complementa.

Filmes

 

O projeto iniciou com as sessões de cinema. Os filmes são exibidos num espaço coletivo do Andar da Clínica de Retaguarda, setor onde os pacientes permanecem por internações mais longas. Eventualmente, pessoas internadas em outros setores também participam das atividades, assim como as mães e pais que estão com bebês internados na UTI Neonatal. Os filmes exibidos não são escolhidos ao acaso. A ideia, conforme a psicóloga, é proporcionar histórias de superação e enfrentamento, que podem ser associadas ao momento que o paciente vive no hospital – seja pela internação ou pelo surgimento da doença –, estimulando o diálogo entre pacientes e familiares.

O ambiente do andar é adaptado pela equipe com cortinas pretas na janela para melhor visualização e poltronas confortáveis para os pacientes.   “Nós conseguimos em algumas sessões a liberação de pipoca, então os pacientes assistiram ao filme, comeram a pipoca e tomaram um chá. E o interessante é que tínhamos pacientes que não estavam comendo nada e aceitaram a pipoca, outros estavam prostrados e com dor não queriam levantar da cama e aceitaram participar da sessão de cinema”, relata a psicóloga. Todas as ações desenvolvidas com os pacientes são devidamente autorizadas pelas equipes médica e de enfermagem.

Teatro e música

 

 

O projeto conta com ações voluntárias da comunidade para levar aos pacientes apresentações de teatro e música. Em janeiro, a Companhia de Teatro Neri de Paula divertiu mais de 20 pacientes com a peça “O encantador de palavras”. Os atores Neri de Paula e Renan Otovicz entreteram o pequeno público por cerca de uma hora, interagindo e tirando gargalhadas de quem assistia à peça.

Neri, com mais de 40 anos de atuação, ao finalizar a apresentação relatou ser a primeira vez que se apresentava para pacientes de um hospital. “É a primeira vez que realizamos uma apresentação assim, dentro do hospital. É um ambiente diferente, tivemos que improvisar algumas coisas, mas com certeza é muito gratificante poder levar um pouco de alegria e uma mensagem positiva para quem está hospitalizado”.