Quais foram as mudanças na Reforma Psiquiátrica Brasileira?

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Esse post está relacionado com discussões feitas na disciplina de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas sob coordenação do professor Sérgio Aragaki.

Grupo: Antônio Omena, Débora Cristina, Elisa Rossini, Igor Santiago, Nicolas Honorato, Roberto Rocha.

 

A Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB) representou uma conquista social memorável e um avanço civilizador. Ao longo de três décadas, os diferentes setores dos movimentos antimanicomiais conseguiram construir uma proposta contra-hegemônica de Política Nacional de Saúde Mental, antes focada na atenção hospitalar. Os primeiros 15 anos do século XXI foram muito alto astral para o movimento da RPB – o resultado de uma luta histórica e um clima político favorável, traduzido em políticas de saúde mental altamente progressivos e internacionalmente reconhecidos.

Aos poucos, os documentos oficiais do Ministério da Saúde (MS) passaram a incorporar termos como “desinstitucionalização” e “atenção psicossocial”. É sabido que o MS nunca defendeu abertamente a extinção absoluta dos leitos psiquiátricos. No entanto, o direcionamento das ações nesse período sugeria a construção de um modelo forte capaz de transformar o hospital psiquiátrico em uma parte obsoleta do rumo da política de saúde.

A fiscalização pública, representada pelos documentos finais das quatro Conferências Nacionais de Saúde Mental (CNSM), sempre foi favorável à extinção dos hospitais psiquiátricos. O Relatório da CNSM-III, de 2001, sugere que se “dispense o hospital psiquiátrico” e que, até 2004, todos os leitos em hospitais psiquiátricos sejam extintos. Por sua vez, o Relatório Intersetorial CNSM-IV, em 2010, reafirma:

“o caráter efetivamente público da Política de Saúde Mental, rejeitando todas as formas de terceirização da gestão da rede de serviços. Nesse sentido, responsabiliza gestores, nas três esferas de governo, pelo desenvolvimento e sustentabilidade da Política de Saúde Mental … (SUS, CNS 20 ).”

Referências:

Nunes MO, Lima Júnior JM, Portugal CM, Torrenté M. Psychiatric reform and counter-reform: an analysis of a socio-political and sanitary crisis at national and regional level. Reforma e contrarreforma psiquiátrica: análise de uma crise sociopolítica e sanitária a nível nacional e regional. Cien Saude Colet. 2019;24(12):4489-4498. doi:10.1590/1413-812320182412.25252019

Imagem: Associação Brasileira de Saúde Coletiva. Disponível em <https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posicionamentos-oficiais-abrasco/nota-em-defesa-da-reforma-psiquiatrica-e-de-apoio-ao-movimento-de-luta-anti-manicomial/15354/> Acesso dia 02 de setembro de 2020.