Queria escrever poesia…
Queria escrever poesia, para que pudessem caber nas palavras meus sentimentos de agora.
Bem sei que só a arte seria capaz de traduzir tais momentos, sentidos e pensamentos.
Palavras são pequenas, pensamentos escapam às sensações.
Talvez seja só a poesia capaz de contar os momentos nos quais estive por aqui. Buscando soluções para fazer a vida vibrar. Os desejos serem públicos. As vivências eternizadas e as memórias se tornassem história.
É provável que percebam que em minhas palavras existe cura, saúde, alegria. Vivas de vitória, gotas de resiliência, toques de paciência e amor sem medida.
Qual sentimento poderia explicar toda esta vivência de dois anos e tantos dias de tentativas e erros, de frustrações e encorajamentos, senão o amor?
Neste mar de sentimentos há também impregnada uma força que é produzida no coletivo. Só quem vive num coletivo, que vibra com valores da humanização: democracia, inclusão, respeito à diversidade, saúde universal/integral/equânime, consegue trilhar estes caminhos que nos fizeram chegar até aqui.
Sim, somos plural. Coletivo.
Queria escrever poesia para ajudar a traduzir o que é ser coletivo.
Vozes que formam uma balburdia deliciosa, não um coral em uníssono, que seria lindo, porém regido por um maestro. Não. Somos vozes afinadas, mas cada uma com sua beleza e intensidade, traduzindo os sons do mundo, a diversidades das culturas, regiões e história e, muitas vezes, os silêncios, pausas, pensamentos não expressos e falas sem palavras.
É, talvez a poesia possa reunir tudo isso, mas não sou poeta, então me limito a enfileirar palavras de modo tonto, tentando em vão traduzir estes sentimentos vividos neste momento.
Registro então aqui minha incapacidade de nominá-los, mas deixo marcado na história desta rede e de minha vida. Muito feliz por termos chegado até aqui.
Outros dias e histórias virão. Há esperança e força para seguir.
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
E quem disse que esse texto não é um poema?
Arrasou, Pat.