Redução de Danos e o SUS no Brasil: Desafios e Perspectivas na Abordagem à Dependência Química

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Olá, somos Sara Stello e Lauren Alves, estudantes do quarto semestre de Psicologia na Faculdade Integrada de Santa Maria. Na disciplina de Introdução à Psicologia da Saúde, ministrada pelo professor Douglas Casarotto, fomos solicitadas à seguinte atividade: escolher um artigo no Caderno Humaniza SUS e realizar uma resenha crítica sobre ele. O artigo de nossa escolha foi: Reduzindo Danos e Ampliando a Clínica: Desafios para a Garantia do Acesso Universal.

 

A interseção entre a abordagem da redução de danos (RD) e o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil desempenha um papel vital na dinâmica da saúde pública no país. A RD, como estratégia central, visa à minimização dos riscos associados ao uso de substâncias psicoativas e à promoção da saúde de grupos vulneráveis, incluindo os usuários de drogas. O SUS, por sua vez, é um pilar da saúde pública brasileira, comprometido em fornecer serviços de saúde acessíveis e de qualidade a todos os cidadãos. No entanto, esse cenário não está isento de desafios. Em um contexto em que alguns indivíduos buscam manter seu uso de substâncias enquanto preservam suas vidas, a RD emerge como uma estratégia que reconhece e valoriza as especificidades dessas experiências. Esta resenha busca explorar o conhecimento, as contribuições e os desafios da RD na saúde pública brasileira.

Um dos maiores desafios enfrentados pela RD no Brasil reside na percepção pública dos usuários de substâncias psicoativas. Com frequência, esses indivíduos são estigmatizados e estereotipados como criminosos ou como pessoas que deveriam sentir profundo arrependimento por seu uso. No entanto, essa visão simplista não leva em consideração a complexidade do comportamento humano e a realidade em que muitos usuários de drogas não buscam cessar completamente seu uso, mas sim encontrar maneiras mais seguras e funcionais de integrar esse processo em suas vidas. A falta de compreensão pública sobre essas nuances representa um obstáculo significativo à implementação eficaz da RD e ao compromisso da sociedade em apoiar estratégias voltadas para a saúde e o bem-estar desses indivíduos.

Ainda sobre os desafios, torna-se crucial abordar o tema da internação compulsória, uma estratégia que, em muitos casos, se revelou um fracasso iminente quando se trata dos usuários de drogas, estes que há muito tempo são levados a esse tipo de intervenção, e que, na maioria das vezes, não obtém sucesso algum. A dependência química é reconhecida como uma doença crônica incurável, onde a abstinência pode ser uma batalha árdua e cruel, onde os indivíduos expostos a isso, tendem a voltar ao uso de maneira mais intensa. As abordagens tradicionais, que enfatizam a internação compulsória, tendem a negligenciar a complexidade dessa condição e, em vez disso, podem perpetuar o estigma e a marginalização dos indivíduos envolvidos. Em uma sociedade como a nossa, é de extrema dificuldade que esses temas sejam abordados de maneira holística e humanizada. Uma abordagem centrada no cuidado e na compaixão, em vez de criminalização, pode ser a chave para enfrentar os desafios da dependência química e promover o bem-estar dos usuários de drogas.

É fundamental reconhecer que nem todas as experiências relacionadas ao uso de drogas são intrinsecamente danosas. A relação de cada indivíduo com substâncias psicoativas pode variar amplamente, e nem todos os usuários que mantêm essa relação desejam ou necessitam cessar o uso. A perspectiva tradicional tende a categorizar todos os usuários como problemáticos, o que contribui para a estigmatização e a marginalização desses indivíduos. No entanto, estratégias mais equilibradas, inclusivas e humanizadas devem ser adotadas, levando em consideração as diferentes necessidades e objetivos de cada pessoa, mas principalmente, seus direitos enquanto seres humanos.

Em resumo, esta discussão no contexto brasileiro revela desafios significativos relacionados à estigmatização dos usuários de drogas e à falta de compreensão sobre as nuances da dependência química. É imprescindível reconhecer que as experiências com drogas não são uniformemente prejudiciais, e nem todos os usuários buscam a abstinência como único objetivo ou medida interventiva. A saúde pública deve estar preparada para atender às diversas especificidades de cada caso, enfatizando a importância da RD como uma abordagem que busca abraçar a complexidade dessas questões. Superar a visão estigmatizada é essencial para promover uma sociedade mais inclusiva e uma abordagem mais eficaz para lidar com os desafios relacionados ao uso de drogas.