Ao nos depararmos com a realidade hospitalar, notamos diversos motivos que conduzem a internação hospitalar. Os pacientes de longa permanência são acometidos, geralmente, por complicações cirúrgicas ou por doenças crônicas e/ou degenerativas. As doenças crônicas podem ter seu início determinados por fatores hereditários ou até mesmo ocasionados pelo estilo de vida dos pacientes. O paciente, ao se deparar com a
internação devido a algum problema supracitado, percebe-os como uma agressão, uma cisão no ser, tornando seu futuro incerto, e, deparando-se com a incerteza no futuro, o paciente experimenta um sentimento de desamparo e ansiedade. É possível também que o paciente experiencie a não realização de um futuro, outrora planejado, pois seu fim chegará antes ou a sua enfermidade impossibilitará o seu acontecimento. Devido a tantas experiências negativas, durante o período de internação, o psicólogo hospitalar se faz necessário, pois o seu principal objetivo é assistir o paciente a atravessar esse momento de adoecimento, abrindo um espaço para a subjetividade da pessoa doente, ou seja, não é apenas tratar as doenças com causas psíquicas, mas sim dos aspectos psicológicos de toda e qualquer doença. Partindo-se dessa perspectiva, e ainda, de um olhar minucioso, questionador, observador e, também, da necessidade de transformar a realidade encontrada no ambiente hospitalar do Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, resolvi desenvolver o Grupo de Encontro com pacientes crônicos (hipertensão e diabetes) na Clínica Vascular
dessa instituição, pois os pacientes apresentam algumas peculiaridades tais como: maior tempo de internação, sinais e sintomas de depressão e ansiedade reacionais, possibilidade de amputações, diversos procedimentos invasivos, como punções, dextro (aferição da glicemia), medicações, etc. Trata-se de um serviço de atendimento e vivências em grupo junto aos pacientes internados na Clínica Vascular do Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto. Os encontros se dão semanalmente, na própria enfermaria, local onde os pacientes e seus acompanhantes podem dispor de tempo e espaço para se expressarem, relatando dificuldade, medos, anseios e possibilidades, com o objetivo de criar estratégias de apoio ao sofrimento psíquico ocasionado pela internação. Como forma de aproximação, experimentação e formação de vínculos junto aos grupos, utilizei as expressões artísticas do tipo pinturas, desenhos e outras técnicas expressivas, baseados na Arteterapia, a qual utiliza recursos artísticos com finalidade terapêutica. Baseando o serviço nessa perspectiva, busca-se uma postura voltada para a relação, imbuída no cuidado, na escuta e na visão total do indivíduo hospitalizado, esperando-se dar ao paciente as melhores condições possíveis de vida. Não nos furtando essa relação, devemos aprimorá-la da melhor forma possível, considerando que ela é um dos instrumentos mais poderosos que temos para tratar os pacientes, pois os encontros são marcados pela intensa relação interpessoal, mediados pela empatia, na qual deixamos de ser técnicos e nos tornamos pessoas.
Henrique Carlos Santana Redman
Graduado em Psicologia pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM
Psicólogo responsável pelo Setor de Psicologia do Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto
Preceptor Local dos Psicólogos Residentes da Residência Multprofssional da Fundação de Medicina
Tropical do Amazonas – FMT-AM Contato: [email protected]
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
A escuta é o nosso instrumento mais precioso e quando aliada às expressões plásticas, torna-se o meio de se chegar perto da realidade vivida numa internação. Parabéns, pessoal, pela sensibilidade do trabalho!
AbraSUS!