Introdução:
A distanásia consiste em estratégias utilizadas para prolongar a vida do doente fora de possibilidade terapêutica. Sendo uma realidade enfrentada diariamente nos setores de terapia intensiva. Contudo, este tema ainda é pouco discutido entre os profissionais multidisciplinares, observando-se ainda lacunas na preparação das equipes para tratar destes casos. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo fazer uma reflexão sobre a distanásia, na ótica do profissional de enfermagem, abordando os aspectos do paciente, da família e da equipe multidisciplinar.
Metodologia:
O trabalho é dividido em duas etapas, na primeira etapa realizou-se uma revisão da literatura em artigos disponíveis nas bases de dados LILACS, SCIELO, Science Direct, identificando os trabalhos que tratam da temática.
Na segunda etapa do trabalho realizou-se uma reflexão associando a revisão bibliográfica realizada com a visão crítica do profissional de enfermagem que atua em setores de alta complexidade.
Resultados:
As principais referências estudadas reportam despreparo tanto das instituições bem da família do paciente com relação a condição paliativa. Os estudos mostram que os profissionais da enfermagem, a pesar de, conhecerem conceitualmente os princípios da distanásia, apresentam dificuldades em lhe dar com a temática. Os enfermeiros de maneira geral são os primeiros a terem contato com o paciente, acompanhando-o em cada etapa do cuidado. A perda do paciente gera elevado desgaste emocional da equipe que o acompanha. Quando por um lado os princípios éticos norteiam que se faça tudo para preservar a vida do paciente, por outro há obviamente um dispêndio de recursos que poderiam ser utilizados para com pacientes que apresentassem chances reais de sobrevida. Além disso em alguns casos o prolongamento da vida pode ir de encontro ao conceito de “morrer com dignidade”. Também há discussões sobre a legislação vigente, que permite ao médico determinar o tratamento do paciente fora de possibilidade terapêutica, em comum acordo com a vontade do paciente ou seu representante legal.
Esta interação médico-paciente é complexa, pois segundo os estudos ainda há tabus sobre a temática da morte, o que faz com que o diálogo seja fortemente influenciado pelo posicionamento religioso/espiritual das partes envolvidas. A partir das referências consultadas, pode-se perceber que a distanásia é um tema complexo, uma vez que, envolve tanto as ciências médicas quanto psicológicas. Do ponto de vista familiar, a dificuldade em se falar em morte e a tomada de decisões nestas circunstâncias ainda é um tabu presente em nossa sociedade. Também se verifica falta de treinamento específico das esquipes multiprofissionais. Algumas estratégias sugeridas para amenizar o impacto deste processo são: a discussão da temática nas relações familiares, clareza no diagnóstico médico e que a situação real do paciente seja discutida com a equipe e com a família; treinamentos específicos para as equipes multiprofissionais, ações de extensão das universidades que abram discussão sobre a temática.
Conclusão:
neste trabalho apresentou-se um resumo dos principais artigos sobre a temática da distanásia, também foram sugeridas estratégias que tem potencial para melhorar a interação das equipes com os familiares e pacientes.
Referências:
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3. Dias MV, Ilha S, Nicola GDO, Figueiredo TR, Vieira C, Backes DS. A Enfermagem Frente o Processo de Morte e Morrer: Reflexões Indispensáveis. In: XI Jornada Internacional de Enfermagem da UNIFRA, 2011, Santa Maria. Anais da XI Jornada Internacional de Enfermagem da UNIFRA, 2011.
4. Silva, RS, Evangelista, CLS, Santos, RD, Paixão, GPN, Marinho, CLA, Lira,GG. (2016). Percepção de enfermeiras intensivistas de hospital regional sobre distanásia, eutanásia e ortotanásia. Revista Bioética, 24(3), 579-589.
5. Silva, JAC. (2014). O fim da vida: uma questão de autonomia. Nascer e Crescer, 23(2), 100-105.