Referência do artigo: “Os Grupos na Atenção Básica à Saúde.”
Autores do artigo: Paula Giovana Furlan, Gastão Wagner de Sousa Campos
Caderno HumanizaSUS, volume 2 – Atenção Básica
Autoras da resenha: Reflexões acerca dos grupos na Atenção Básica à Saúde:
Marta Rodrigues dos Santos, Patrícia Lopes
Os autores abordam os problemas e desafios enfrentados na Atenção Básica à Saúde, referente às praticas de grupos e a importância desta terapia de encontros no âmbito da saúde e que estas atividades são percebidas como estratégia para diversas ações, seja na construção de sua identidade, como meio de intervenção para os processos educativos, clínicos, de tratamento de doenças, terapêuticos e promoção de saúde.
Ao analisarmos alguns pontos sobre o artigo, percebesse as dificuldades destas praticas, que vão muito além do espaço físico. Há um caminho longo a trilhar, para alcançar um patamar satisfatório e considerável, no que tange a pratica dos profissionais da saúde, nos grupos de atenção básica, pois, muitos no decorrer da sua formação, são direcionados mais para os atendimentos individualizados, que são pautados em procedimentos, do que em relação às praticas grupais de atendimento na atenção básica. Na maioria das vezes, há dificuldades dos profissionais em trabalhar neste processo grupal, pois poucos têm cursos de capacitação, durante a graduação, que seriam voltados para esta prática, além de faltar instrumentos, conhecimentos aos profissionais, de referências teóricas e metodológicas que orientem as ações dos profissionais na coordenação de grupos nos serviços de saúde. Também há relatos de falta de tempo dos profissionais para o atendimento grupal, visitas domiciliares, de prevenção e promoção em função de agendamentos dos serviços e os programas sanitários serem organizados por atendimentos clínicos individuais. Desta forma, esse processo grupal não se torna o foco e sim, um complemento das práticas de saúde, quando há muita demanda ou quando sobraria um pouco mais de tempo destes profissionais.
No contexto da atenção básica da saúde, grupo é uma estrutura social, que facilita a comunicação dos profissionais e usuários em objetivos que podem ser de aprendizagem, cura e diagnóstico das dificuldades de uma organização profissional e não deve ser reduzido apenas à soma de seus membros e sim, como uma rede de relações com base em vínculos interpessoais. É importante a analise da verticalidade dos usuários, que se refere a sua história e a horizontalidade, que envolve o grupo como um todo e que estão em constantes mudanças e movimentos pela ação e interação das pessoas e compreender que tais práticas visam à multiplicidade e não a homogeneidade. Nos grupos de atenção básica, mais que um espaço físico, há uma estrutura de vínculos e relações entre pessoas que canalizam em cada situação, suas necessidades individuais e interesses coletivos, ou seja, trabalhar para uma boa saúde coletiva, a partir da heterogeneidade e interação de indivíduos que compartilham objetivos, cada um com sua subjetividade, histórias e as suas implicações no coletivo.
Considerando a relevância da implementação das práticas grupais, destinadas aos usuários e grupos populacionais, devidamente organizadas e coordenadas, se tornam muito benéficas nos tratamentos da saúde física e mental das pessoas, pois está relacionada ao ouvir o outro, aprender com o outro, trocar experiências, contribuir para o enfrentamento da doença, criar redes de apoio no processo de adoecimento e/ou sofrimento no cotidiano do indivíduo e da comunidade, compreendendo a si mesmo e aos outros e para isso é preciso que o profissional amplie sua reflexão sobre a prática desempenhada, sobre os contextos históricos, sociais, culturais, de suas formações, e da própria equipe na qual se encontra para criar maior abertura na solução dos problemas, assim, os grupos não só ajudam os usuários, mas também os profissionais que podem ter um grande ganho através da troca de experiências para ter melhor compreensão das diversas formas de viver e lidar com a doença, de esclarecimento, de mudança de hábitos.
Conforme os autores, atualmente existem profissionais multidisciplinares, atuando em grupos da atenção básica, espalhadas por todo o Brasil, que se vinculam a ações e programas, chamados de grupos abertos, que são definidos com uma temática aberta aos interessados, com uma divulgação geral na unidade de saúde; que os pacientes são convidados e não obrigados a comparecer; não exige uma frequência de participação; os participantes variam – não é o mesmo grupo de pessoas em todos os encontros; que os usuários podem convidar seus conhecidos e familiares a participarem e há também os grupos fechados, que tem como exemplo, limite de participantes, limite de encontros, determinados usuários com indicação clínica para o grupo, início e fim para capacitação dos participantes, como os grupos de pessoas com hipertensão, diabetes, prevenção contra o câncer, pré-natal, gestantes, planejamento familiar, de saúde mental, de cuidadores e de planejamento familiar para laqueadura/ vasectomia, pois iniciam com pessoas definidas, entre outros. As atividades grupais têm possibilidades de transformar o trabalho de equipe na busca de uma relação mais próxima entre os profissionais/usuários para acomodarem saberes e decisões.
Por Laura Xavier Irigaray
Parabéns Marta e Patrícia, muito relevante a escolha do tema. Realmente é de extrema importância que ocorram esses encontros grupais, de pessoas que passam pelas mesmas situações ou que podem ajudar o outro com suas próprias experiências. Muitos indivíduos acabam fechando-se a partir de um problema, podendo acarretar outros pontos negativos à sua vida, mas no momento que um vínculo é criado, torna-se muito mais fácil o processo de recuperação.