Olá, sou Gabriel Acioly de Omena Bento, discente do curso de medicina da Universidade Federal de Alagoas. Durante parte do mês de junho, tive a oportunidade de estagiar CAPS Dr. Rostan Silvestre e pude vivenciar uma prática profundamente rica e humanizada, que me proporcionou uma nova perspectiva sobre o cuidado em psiquiatria. Ao longo da minha permanência no serviço, participei de diversas atividades terapêuticas com os usuários, como meditação, caminhada terapêutica, grupo de ouvidores de vozes, The Voice CAPS e uma sessão de auriculoterapia. Através dessas vivências, compreendi o quanto o cuidado em saúde mental pode ser construído de forma plural, acolhedora e centrada no sujeito.
Logo percebi que o verdadeiro cuidado não se restringe à prescrição medicamentosa, mas amplia-se por meio de uma abordagem interdisciplinar, com práticas integrativas e atividades coletivas que fortalecem a autonomia e a socialização dos usuários, rompendo com os modelos excludentes do passado, que, infelizmente, ainda se fazem presentes nos dias atuais.
Gostaria de destacar, em especial, minha participação no grupo de ouvidores de vozes. Nessa atividade, chamou-me a atenção a autonomia dos próprios pacientes, que podem conduzir o grupo de forma ativa, acolhendo uns aos outros e compartilhando estratégias e experiências pessoais para lidar com as vozes que escutam. Foi marcante perceber como eles se reconhecem como agentes primários de seu tratamento, exercendo protagonismo e fortalecendo sua autoestima e autonomia no processo terapêutico.
Chego ao fim do Estágio de Saúde Mental com um sentimento de responsabilidade ampliada. A experiência no CAPS Rostan Silvestre reforçou minha compreensão de que o cuidado em saúde mental deve ser, acima de tudo, ético, comunitário e comprometido com os direitos humanos. Levo comigo o aprendizado de que defender o SUS e a luta antimanicomial é também defender uma medicina mais justa, acolhedora e transformadora.
Por Sérgio Aragaki
Gabriel,
De fato, a própria pessoa ser corresponsável pelo seu cuidado e ser protagonista em sua própria vida é objetivo na Atenção Psicossocial. Isso é altamente antimanicomial, despatologizante.
Seguimos na Luta!
AbraSUS!