Relato de experiência no CAPS Dr. Rostan Silvestre em 2025

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Olá, meu nome é João Victor Coimbra César, aluno da UFAL do curso de medicina, terminando o 9º período. Durante minha experiência no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Dr. Rostan Silvestre, tive a oportunidade de vivenciar, de forma prática e sensível, os diferentes aspectos do cuidado em saúde mental na rede pública. Participei ativamente de diversas atividades promovidas pela instituição, como atendimentos de acolhimento, acompanhamento com a equipe multiprofissional, consultas psiquiátricas, visitas domiciliares à residência terapêutica e participação em grupos terapêuticos — incluindo os grupos de ouvidores de vozes e práticas com educadores físicos, como caminhadas e alongamentos. Também tive a oportunidade de vivenciar momentos de integração social por meio de eventos organizados pela unidade, como a festa junina, que aproximam usuários, familiares e profissionais em um ambiente de cuidado ampliado e humanizado.

Essa vivência foi profundamente marcante para minha formação médica, pois permitiu um contato direto com as múltiplas dimensões do sofrimento psíquico, rompendo estigmas e reforçando a importância de um cuidado centrado na pessoa, e não apenas no diagnóstico. O CAPS se mostrou um espaço de escuta ativa, vínculo, acolhimento e reinserção social — pilares que nem sempre estão presentes em outros níveis de atenção. A interdisciplinaridade da equipe e o protagonismo dos usuários nos grupos terapêuticos me ensinaram que o cuidado em saúde mental vai muito além da prescrição medicamentosa: ele passa pela construção de vínculos, pela valorização das subjetividades e pelo estímulo à autonomia.

Percebi o tamanho do papel transformador que o CAPS exerce na sociedade, atuando como uma ponte entre o cuidado clínico e a inclusão social. Ao acolher pessoas em sofrimento psíquico em sua integralidade, o CAPS contribui para a desconstrução do modelo manicomial e para a promoção de uma sociedade mais justa e empática. Para mim, como futuro médico, essa experiência ampliou meu olhar sobre o cuidado em saúde, despertando não apenas competências técnicas, mas também humanas — fundamentais para o exercício de uma medicina mais ética, sensível e comprometida com os princípios do SUS e da Reforma Psiquiátrica brasileira.

Por fim, fica minha verdadeira admiração pelos mais variados trabalhadores do CAPS Rostan, em todas as suas atribuições. O que vi no estágio foi uma equipe empenhada no bem-estar total dos usuários do serviço, tratando-os como devem ser tratados: humanos em todos seus aspectos biopsicossociais.