Sou Maria Fernanda Wrasse, acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade Integrada de Santa Maria/FISMA. A partir das discussões incitadas em sala de aula durante a disciplina de “Introdução à Psicologia da Saúde” e da leitura do artigo “Quando a Luta Provém das Dores”, pertencente ao livro “Luta Antimanicomial e os 30 anos da lei estadual da Reforma Psiquiátrica – RS: rumo a novos avanços na garantia de direitos”, foi possível estabelecer um pensamento crítico acerca da valorização do caráter tutelar e de encarceramento do atendimento aos usuários da Rede de Atenção Psicossocial.
A partir disso, pode-se entender que é de uma grandiosidade imensurável a importância das lutas sociais por Direitos Humanos e Cidadania, das brigas pela vida e pela dignidade dos sujeitos que acabaram por culminar na Reforma Psiquiátrica no Brasil. Pois é a partir dela que instituições manicomiais foram abertas e expostas as histórias de pacientes e funcionários que puderam enfim denunciar as violações aos Direitos Humanos. Violações estas que perpassam marcas físicas de abusos e torturas, uma vez que também dizem da privação de autônima e capacidade de protagonismo do paciente e sua família em seu tratamento.
Entretanto, por mais que a Reforma tenha mudado completamente as estruturas dos tratamentos Psicossociais, é de suma importância que todos nós, enquanto sociedade com direito e dever de sermos atores principais da construção de um viver benéfico a todos, estejamos atentos aos “restos” que essa mudança pode ter deixado, pois sabe-se que ainda há uma raiz forte e, infelizmente cultivada, a fim de afastar o sujeito em tratamento daquela sociedade onde ele não se encaixa e por não se encaixar, acaba por “perturbar” quem faz da forma como acham que deve ser.
Para tanto, a partir da conscientização de que garantir a autonomia dos usuários é uma das formas mais poderosas de garantia dos direito humanos e tal autonomia, também é uma possibilidade de inserção social e produtiva na sociedade, já que promove a exploração de saber e habilidades que possam dar suporte ao viver cotidiano desse indivíduo, é necessário termos olhos e ouvidos atentos para as instituições que promovem atendimentos Psicossociais, a fim de erradicarmos cada vez mais pensamentos e estruturas que nos liguem à modos de tratamento que, através de muita luta, foram abandonados. Assim como, sermos ativos enquanto sociedade para que haja o espaço necessário e suficiente para os usuários dos serviços de saúde e sua família possam trilhar o caminho do seu tratamento de forma segura e eficaz.
Referência:
OLIVEIRA, Rafael Wolski de (org.) et al. Luta antimanicomial e os 30 anos da lei estadual da reforma psiquiática – RS: rumo a novos avanços na garantia de direitos. Porto Alegre: Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, 2022. Pág. 163-171.