Resenha do artigo “O Homem na Cena do Parto: Vivências, Direitos e Humanização em Saúde” de Jorge Lyra e Ricardo Castro.
Autoras: Geiza Comoretto e Suziane Zanon – Acadêmicas de Psicologia- 4° semestre/Noturno/Faculdade Integrada de Santa Maria/ Atividade proposta em aula da disciplina de Introdução a Psicologia da Saúde.
Resenha do artigo “O Homem na Cena do Parto: Vivências, Direitos e Humanização em Saúde” de Jorge Lyra e Ricardo Castro.
O artigo “O Homem na Cena do Parto: Vivências, Direitos e Humanização em Saúde” de Jorge Lyra e Ricardo Castro, que são os fundadores do instituto Papai, que em 1997 iniciou o acompanhamento de pais adolescentes e jovens, que estavam acompanhando suas parceiras na maternidade e trata da importância do pai/acompanhante nos períodos do pré-natal, parto e puerpério e de como o direito ao acompanhante ainda é um tabu no sistema Único de saúde.
Este artigo traz à tona a questão da igualdade de gêneros de uma forma diferente da que estamos acostumados a tratar, e que talvez nunca tenhamos parado para pensar. O artigo aborda a importância da presença e principalmente do envolvimento do pai no período gestacional, do parto e pós-parto, e da dificuldade da liberação do acesso a esses pais no momento do parto, antes do ano de 2005, quando a lei do acompanhante foi editada e sancionada, não era permitida a presença do homem no momento do parto, por se tratar de um cenário estritamente feminino. Então falando em igualdade de gêneros, se antes as mulheres precisavam lutar pelo direito de igualdade no mercado de trabalho, agora se faz necessário que os pais lutem por seu direito de acompanhar a mãe de seus filhos no momento do nascimento do mesmo. Uma sociedade só é considerada justa se ambos tiverem os mesmos direitos em todos os âmbitos. Muito se fala em pais ausentes, mas será que realmente está se dando a oportunidade para esses pais estarem presentes, eles estão tendo seu direito de participação ativa garantida? Pois não quer dizer que pelo fato do pai acompanhar a gestante na consulta ele esteja participando, não lhe é dado atenção, poucas vezes os pais são ouvidos e orientados. A gestante recebe todas as informações necessárias para que “aprenda a ser mãe” e o futuro papai? Alguém pergunta quais são suas duvidas e explica como ele deveria agir nesse período tão mágico e novo na vida de uma família?
Inúmeras pesquisas e estudos foram realizadas para comprovar que a presença do pai/acompanhante é extremamente positiva se for da vontade da gestante, pois ela se sentiria amparada e confortada naquele momento mágico e ao mesmo tempo assustador que é o parto, diminuindo inclusive o tempo de internação no pós-parto, (Brasil, 2005b; 2005c; Zhang; Bernasko; Leybovich; Fahs; Hatch, 1996). Na nossa sociedade machista, temos a ideia de que mulher é a responsável pela criação e educação dos filhos, pensamento este que com o passar dos anos está sendo descontruído, deve-se cada vez mais oportunizar a presença e participação do pai desde os primeiros momentos da concepção para que este estigma seja quebrado, e que eles possam ser tão atuantes como as mães na educação e criação dos filhos, formando assim uma sociedade mais justa.
O homem visto na figura de acompanhante deve ser visto na figura de Pai e compreender essa relação de cuidados e homens soma algo produtivo ao convívio e relação familiar, laços são estreitados e responsabilidades são assumidas assim como, sobretudo, fortalecidas as relações de afeto e consciência familiar. Ainda não é comum presenciarmos homens se voltando exclusivamente para a criação de seus filhos, como ocorrem com as mulheres, mas nem comum ainda é ver esses homens assumir a frente dessa criação, o que ocorre são aproximações lentas, algumas mais participantes e felizmente outras mais atuantes que são as justas onde homens e mulheres passam a compartilhar momentos da criação, da educação, momentos significativos e fundamentais na construção da relação de afeto familiar, relação essa que é constituidora de sujeitos que responderão a esses cuidados, através de suas atitudes, mais adiante ao longo de sua existência.
Assim o Instituto Papai desenvolveu na semana dos pais um convite à reflexão dessa relação de cuidado do pai com o filho e ao mesmo tempo busca promover uma conscientização de Paternidade, Desejo, Direito e Compromisso voltada a reflexão crítica aos homens e o cuidado infantil.
Conforme descrito no artigo, na campanha “trabalhamos o tema da participação do pai durante o processo de gestação, do parto e do cuidado do bebê tendo como elemento deflagrador a Lei Federal nº 11.108 (BRASIL, 2005a), com a mensagem: Pai não é visita! Pelo direito de ser acompanhante. Esta lei, mais conhecida como “a lei do acompanhante” entrou em vigor em agosto de 2005 com o objetivo de garantir às gestantes o direito à presença de um(a) acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
A campanha primeiramente desconhecida passou a tomar espaço ao longo dos anos da sua divulgação e aplicação dos questionários relativos ao assunto e a Lei abordada na campanha, percebeu-se através das pesquisas que as mulheres passaram a estar mais acompanhadas no período pré-natal, nas consultas médicas e também na hora do nascimento, sejam pela mãe, por amigos e pelo companheiro. Ocorre que algumas maternidades não permitem na hora do parto acompanhantes, alegam estrutura física inadequada e dificuldades afastando assim os homens desse cenário do nascimento. Também outro dado importante e significativo trazido pela pesquisa foi que aumenta a vontade dos homens participarem da hora do parto, mesmo impossibilitados pela estrutura física inadequada das maternidades do SUS, esses homens manifestam a vontade de acompanharem suas companheiras na hora do nascimento de seus filhos.
Ainda não há um olhar específico para esses acompanhantes nas maternidades do SUS que não se preparam para recebe-los, existe pouca orientação para esses acompanhantes mas em contrapartida em algumas maternidades existe a orientação voltada para como o acompanhante pode apoiar a parturiente na realização de exercícios físicos para auxiliar o parto, nessas maternidades há a ressalva de terem sido maternidades participantes da campanha sendo conhecedoras da Lei Federal nº 11108 “ A Lei do Acompanhante.
A partir das experiências trazidas pela campanha elaborou-se uma cartilha “Pai não é visita: pelo direito de ser acompanhante” onde aspectos principais e relevantes foram recomentados aos casais, aos profissionais, às instituições e aos sistemas de saúde para ampliar os meios de tornar o acesso do pai ao acompanhamento da mãe mais confortável, acessível e mais satisfatório estreitando as relações dessa família que está se formando.
Por Milena Amaral Oliveira
Essa é realmente uma questão da qual não coatumamos ouvir falar, o acompanhamento dos pais em todo o processo de gravidez deveria ser visto como essencial, para que possa dar todo o apoio e mais do que isso, possa acompanhar e entender como de fato a mulher se sente tornando assim tudo mais facil.