Roda De Conversa: Vivências De Mães Em Uma Maternidade Pública.
Autoria:
Paulyne Souza Silva Guimarães- Enfermeira e discente da disciplina de Humanização da Saúde do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da FAMED/UFAL. Trabalha no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes – HUPAA/UFAL e na Maternidade Escola Santa Mônica.
Isabelle Cristina de Oliveira Vieira- Cirurgiã-Dentista e discente da disciplina de Humanização da Saúde do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da FAMED/UFAL. Trabalha na Vigilância Sanitária de Maceió.
Coordenadores da disciplina de Humanização da Saúde do MPES-FAMED/UFAL: Sérgio Seiji Aragaki e Cristina Camelo de Azevedo.
Em cumprimento à atividade proposta pela disciplina Humanização da Saúde pertencente ao Mestrado Profissional Ensino na Saúde (MPES) da Faculdade de Medicina (FAMED) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), iniciamos o primeiro ciclo de Roda de Conversa tendo como cenário a Maternidade Escola Santa Mônica, especificamente na Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCa).
Em 04 de maio do corrente ano aproveitamos a proximidade do DIA DAS MÃES e colocamos as MÃES em foco, para compartilhar experiências relativas ao parto, nascimento e pós-parto. A Roda de Conversa já é uma prática dentro da UCINCa, onde geralmente ela é feita pela equipe multidisciplinar com temas relacionados aos cuidados com o recém-nascido, visando encorajar e deixar a mãe segura quanto aos cuidados com o bebê fora do ambiente hospitalar.
Participaram da conversa conosco as 10 (dez) mães presentes na UCINCa, uma nutricionista, uma enfermeira e uma enfermeiranda, onde fomentamos uma reflexão sobre as expectativas relativas ao parto, nascimento e pós-parto e o que de fato essas mães vivenciaram. Foram enfatizadas as potencialidades e fraquezas da Maternidade desde o primeiro contato na recepção até os momentos atuais. Foi vivenciado um momento de troca de saberes e fortalecimento de vínculos entre as prestadoras de serviço e as mães.
Procuramos dar autonomia e protagonismo as mães, através uma escuta qualificada e diálogo horizontalizado/compartilhado. Aos poucos uma a uma revelaram que esperavam um trabalho de parto humanizado, sem traumas, filho a termo e alta precoce. As mais destemidas apontaram dificuldades em relação ao acesso, atendimento, alimentação, superlotação, estrutura física, entre outras queixas. No geral estão satisfeitas com a Maternidade, reconhecem a importância dela para o Estado, uma vez que é referência no atendimento à gestante de alto risco e segue as boas práticas de parto e nascimento.
Desse modo, percebemos que entre os diálogos da equipe e mães as diretrizes e os dispositivos da PNH flui quase que inocentemente como um movimento de mudança com múltiplas conexões, contrárias ao modelo vigente e que cabe a nós (sujeitos) rever as práticas do cuidado e de gestão no SUS, fortalecendo o COMPROMISSO com os DIREITOS dos usuários.
Por Isabelle Vieira
Olá colegas! Eu e Paulyne fizemos essa roda de conversa em uma Maternidade de Maceió e não poderia existir uma data melhor para fazer o post, como hoje, dia das mães, afinal nosso enfoque na roda foi justamente falar das MÃES e não dos filhos, como acontece na maioria das vezes.
Destaca-se que “A vulnerabilidade social de mulheres e de crianças a algumas situações de risco é comprovadamente fator determinante de sua morbimortalidade, com destaque para as mortes maternas e neonatais. Aproximadamente 287 mil mulheres morrem no mundo inteiro, todos os anos, devido a complicações relacionadas à maternidade.” (WHO, 2012 apud CADERNO HUMANIZA SUS, 2014 ).
Diante da roda de conversa e lendo algumas páginas do Caderno Humaniza SUS eu pude refletir sobre a realidade tão desumana que muitas mulheres enfrentam durante o período gestacional, durante o parto e o pós -parto e lembro-me de algumas falas citadas por elas. Quando indagadas se queriam ser mães novamente, a maioria afirmou com um sorriso que sim, mas que não pretendem engravidar nos próximos anos, devido ao choque de toda vivência atual, onde seus bebês nasceram pré- maturos e necessitam permanecer até por até meses na maternidade sob seus cuidados e dos profissionais.
A maioria das mães entrevistadas são jovens adolescentes que nasceram também de mães adolescentes.São mulheres guerreiras, vaidosas e que já sentem a alegria de acolher os filhos nos braços e que naquele momento só possuem um desejo: voltar para seus lares para cuidar do filho com a ajuda da mãe e do marido.
Observei o cuidadoso e paciente tratamento das profissionais da saúde presentes durante a manhã da entrevista e o quanto existe AMOR no cuidar.
Agradeço a oportunidade por ter participado de uma roda de conversa tão rica em troca de conhecimentos.
Abraço a todos,
Isabelle.