Saúde Mental e Controle Social: Humanização, Amizade e Gratidão á Indaial!

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Tirei uma semana de férias do meu trabalho para poder participar presencialmente da 1ª Conferência Municipal de Saúde Mental de Indaial-SC.

A Sociedade Recreativa de Indaial que sediou o evento estava lindamente decorada com destaque para a cor lilás, que soube depois ser a cor do ano de 2022. Parabenizo a todos da organização e especialmente por mobilizar a participação popular, tivemos mais de 150 pessoas (de todos os segmentos) participando da Conferência.

Chegando ao evento, juntamente com a psicóloga Sandra Lúcia Vitorino, fomos acolhidos pela Presidente do Conselho Municipal de Saúde, Irma Suely Mariani Ramos da Silva…que trajava um vestido vermelho e pela Terapeuta Ocupacional Milena Mery da Silva que vestia um confortável agasalho verde.

O Prefeito de Indaial, André Moser fez um discurso na abertura do evento, embora não pudesse permanecer conosco todo o tempo, por outros compromissos em sua agenda, marcou sua presença diferenciando-se assim de muitos políticos que vemos por aí. Também destaco que o secretário da Saúde de Indaial permaneceu no evento.

Fiz uma fala sobre o  Eixo 1: Cuidado em liberdade como garantia de direito à cidadania…por questão de tempo explanei de forma mais ligeira o Eixo 3 Política de Saúde Mental e os Princípios do SUS.

Finalizando,  clamei para que a aproximação entre o CAPS com o Controle Social não acabasse ao fim deste evento e a Presidente do CMS me prometeu publicamente que vai abrir um espaço de fala para a saúde mental em todas as reuniões do Conselho Municipal de Saúde.

Sandra focou no Eixo 2: que tratava principalmente do Financiamento, formação e participação social,  também abordou os impactos da COVID-19 na Saúde Mental, contemplando o Eixo 4.  Durante a mesa de debate, no momento de perguntas dois usuários tomaram coragem e foram ao microfone relatar a importância do CAPS e do tratamento humanizado em saúde mental para suas vidas.

Como desafios identificamos a necessidade urgente da transformação do CAPS I de Indaial para CAPS II, uma vez que o critério populacional de 70.000 habitantes já foi atingido…assim novas estratégias poderão ser adotadas para melhorar o atendimento aos usuários de crack, álcool e outras drogas.

Outra importante questão apontada pelos médicos da Atenção Básica durante os trabalhos em grupo foi que o atendimento no CAPS de Indaial deixe de ser regulado pelo SISREG que obriga o usuário a passar por uma triagem na Unidade Básica de Saúde para ser encaminhado ou não ao CAPS e volte a ser Porta Aberta, onde o usuário pode ser acolhido por demanda espontânea.  Essa estratégia se justificou pela fragilidade do serviço de saúde mental em oferecer atendimento ao público Infanto-Juvenil, embora essa seja uma de suas razões de existir.

Conversando inclusive com representantes da assistência social também registramos que é urgente ofertar transporte público de qualidade e em horários suficientes para possibilitar que os usuários tenham acesso ao CAPS, que contrariando o preconizado está instalado numa área mais distante da cidade.

Finalizando também espero que em suas instalações físicas o CAPS de Indaial ofereça acessibilidade arquitetônica para facilitar a vida de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, que o colorido das oficinas de arte possa preencher o branco das paredes e que o diálogo e as reuniões para conversar sobre os casos seja a mais potente estratégia da equipe.

Depois do almoço, peguei a estrada de volta para casa e para a vida normal…mas recebi alegres notícias de que todos os delegados do segmento dos usuários eleitos para a próxima etapa da Conferência são usuários da saúde mental, também fomos elogiados pelas palestras e confesso que fiquei aliviado e feliz por termos conseguido sensibilizar as pessoas defendendo o SUS na perspectiva da Luta Antimanicomial!