“Saúde no Limite da Dor” e “Todo dia a mesma noite” relatos diferentes sobre a mesma tragédia!
Já se vão dez anos desde aquela noite que mudaria nossas vidas para sempre!
Sim, a tragédia da boate Kiss em Santa Maria RS, mudou a minha vida. Porque não é possível passar ilesa a uma marca tão cruel da história humana, ainda sem justiça.
E se faz importante documentar sob os diversos olhares para que a memória não nos traia, e para que se construam novos caminhos para outros jovens que virão.
Saúde no Limite da Dor é uma série documental produzida pela equipe de Projetos Estratégicos em Comunicação do Departamento de Emergências em Saúde Pública (DEMSP) do Ministério da Saúde. Com direção de Taya Carneiro, Roteiro de Gabriel Galli Taya Carneiro e uma grande equipe técnica. A obra trata sobre os aprendizados advindos da resposta do Sistema Único de Saúde à emergência da Boate Kiss, ocorrida em janeiro de 2013. O incêndio na Boate Kiss foi uma das maiores emergências de saúde pública atendidas pelo SUS, trazendo um legado histórico de mudança na forma de tratar esses eventos.
Neste documentário temos o relato de muitos profissionais de saúde, inclusive da Política Nacional de Humanização, então área técnica do Ministério da Saúde. Vivências que perpassam o institucional, sem deixar de tranversalizar nos próprios corpos que relatam. Palavras que revivem momentos duros, e ao mesmo tempo criam oasis de resiliência diante de tanta dor.
Recentemente DANIELA ARBEX, autora do livro “TODO DIA A MESMA NOITE”, lançado pela editora Intrínseca, teve sua história adaptada por Gustavo Lipsztein e tornou-se uma mini série que é exibida pela NETFLIX.
Outras versões, não menos importantes e emocionantes, assumem ao final o mesmo caminho, um clamor por uma justiça.
Lembro de que na época uma força tarefa do Ministério da Saúde atuou diretamente no acolhimento a sobreviventes e aos familiares dos 242 mortos neste episódio triste a doloroso de nossas vidas. Recordo de um momento em que nos encontramos com pais dos jovens vitimados e buscando levar acolhimento a tanta dor, só existia espaço para o grito por justiça, para que a paz pudesse prevalecer.
Passados tantos anos a desejada paz não veio. A luta continua. A dor ainda permanece presente todos os dias nestas famílias. A cidade se transformou, alguns seguiram sua trajetória dentro da vida possível, mas aquela noite se repete interminavelmente como num looping, que só será quebrado pela justiça, pela presença da aplicação da lei a todos os responsáveis, deste que está longe de ser um “acidente”.
Justiça nas letras da lei, devolvendo aos vitimados um novo futuro possível, sem seus entes queridos, sem sua saúde totalmente restabelecida, mas com a certeza que há um lugar na história onde punir os culpados gera esperança.
Por patrinutri
Depois da publicação deste post, tomei conhecimento da luta impetrada pela associação de vítimas da tragédia da Boate Kiss, para receberem parte da arrecadação com a série da Netflix, já que usam a história, sem prévio aviso, ou participação da vítimas, ou de seus familiares.
Esta história se tornou pública, é bem verdade, mas habita a vida e os corpos de quem sofreu e sofre suas consequências. É preciso antes de tudo respeitar as dores e o luto de quem as tem inscritas na pela, na alma.
AbraSUS