Seminário Humanização na Saúde: Valorização do trabalho e do trabalhador
Trabalho realizado na disciplina Humanização na Saúde, do Mestrado Profissional de Ensino na Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (MPES-FAMED-UFAL).
Autoria: Aryana Isabelle de Almeida Neves Siqueira, médica no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, aluna da disciplina de Humanização na Saúde do Mestrado Profissional de Ensino na Saúde;
Emmanuele Santos Albuquerque, fisioterapeuta no serviço de fisioterapia do Hemocentro de Alagoas, aluna da disciplina de Humanização na Saúde do Mestrado Profissional de Ensino na Saúde;
Sérgio Seiji Aragaki(Coordenador)-MPES-FAMED-UFAL;
Cristina Camelo de Azevedo (Coordenadora)-MPES-FAMED-UFAL.
Esse nosso encontro foi dividido em alguns momentos:
O primeiro envolveu a pactuação com os demais colegas a cerca do tema a ser abordado , metodologia, e tempo médio estimado destinado a cada momento subsequente.
Já no segundo momento foram distribuídos papéis em branco nos quais todos deveriam refletir e definir de forma breve em que consiste a valorização, podendo ser em uma palavra, frase e/ou experiência vivida; devendo o mesmo ficar com os autores para posterior análise.
Na sequência foram distribuídos questionários formulados por nós, especificamente para a realização dessa atividade, contando com questões objetivas e subjetivas, estando os mesmos já respondidos por funcionários (convidados aleatoriamente) de duas instituições públicas obedecendo os critérios de autorização e confidencialidade; visando que as colocações fossem analisadas pelo grande grupo, a proposta inicial era de que fosse feito individualmente e depois discutido, mas como a nossa janela de tempo foi menor que o previsto, o grande grupo foi subdividido em dois subgrupos, onde ocorreram as discussões que posteriormente foram levadas de volta à grande roda. Com essas análises ficou evidente a multiplicidade de fatores que estão envolvidos no âmbito da valorização do trabalho e do trabalhador, e muitas vezes os questionamentos não são feitos porque não se tem conhecimento suficiente da imensidão que engloba. A maior parte das citações envolveu como sendo significado de valorização: a boa remuneração, melhores condições de trabalho, incentivo à capacitações, reconhecimento; mas sabemos que vai muito mais além. É fato que o trabalho, principalmente no setor público, costuma ser atravessado por adversidades e instabilidades de diferentes ordens e pode-se observar uma grande demanda que reflete no adoecimento do trabalhador. Vai envolver a dificuldade do trabalho em equipe, falta de conhecimento, excesso de atividades, poucos espaços de cogestão, necessidade de capacitação continuada,etc.
Posteriormente houve a exposição do vídeo: “Médicos cometem enganos. Podemos falar sobre isso?” Por Brian Goldman. O mesmo proporcionou o disparo de diversos questionamentos envolvendo principalmente o papel que o trabalho ocupa na vida das pessoas, com ênfase na vida dos profissionais da saúde, podendo interferir na auto-estima, nos relacionamentos interpessoais. Quando trabalhamos diretamente com o outro, inevitavelmente muitos sentimentos eclodem, principalmente quando passa a sofrer a exigência de dar respostas imediatas que aliviem ou cessem a dor e o sofrimento do outro, sem que se leve em consideração todo o contexto. Mas muitos esquecem de pensar em como fica o trabalhador diante de situações que não pode dar conta. E a sensação de impotência e frustração? Em contrapartida, há a sensação de potência e satisfação quando pode amparar o outro em suas necessidades. Seguindo com as colocações, sabemos que o trabalho pode ser fonte de saúde e doença, este trabalhador do SUS está diariamente lidando com situações difíceis, com a fragilidade e vulnerabilidade do ser humano, e ainda sim são poucos os espaços destinados para reflexão sobre as fragilidades deste mesmo trabalhador.
Cabe citar Santos quando afirma que a PNH tem como uma de suas prioridades valorizar o trabalhador criativo, abrindo espaço para pensar no protagonismo dos trabalhadores da saúde e as suas implicações na função de cuidar que é exigida dos mesmos (SANTOS-FILHO, 2007 a, p.80). Acabaram sendo geradas inquietações e a sensação de incompletude… saímos convictos da necessidade de tornar possível o diálogo, a análise e possível intervenção no que gera sofrimento e adoecimento, do que fortalece o grupo de trabalhadores e do que propicia os acordos de como agir no serviço de saúde. É essencial assegurar a participação dos trabalhadores nos espaços coletivos de gestão. É necessário fortalecer o trabalhador da saúde para hajam algumas desconstruções e reconstruções para proporcionar um SUS que dá certo. Compartilhar saberes, educar, e colocar em prática é o caminho!
Por Everson Dos Santos Melo
Refletir sobre a valorização do trabalho e do trabalhador, a meu ver, remete inicial e prioritariamente à concepção de que o trabalho vai muito além do que está prescrito, envolvendo uma dimensão subjetiva que se constrói no dia-a-dia das relações no trabalho. Nesse contexto, vários sentidos e sentimentos, por vezes contrastantes, sobre o trabalho e sobre valorização se misturam. Diante disso, se torna difícil definir, a priori, uma “fórmula” homogênea para a valorização. Acredito, entretanto, que existe um ponto de partida, qual seja, a consideração dessa dimensão subjetiva do trabalho e a criação de espaços de fala e escuta dos trabalhadores acerca desse e de outras temas.