A vida tomou o planeta há cerca de 4 bilhões de anos. Ela atuou junto com as forças geológicas e moldou a face da terra. A revolução industrial da espécie humana é uma mera etapa da saga dos organismos vivos que estocam a energia do sol nas profundezas desse mundo.
Incontáveis espécies existiram e existem neste planeta sem fazerem considerações morais a seu respeito e ao mundo em sua volta. Para elas não há certo ou errado. Apenas persistem na existência até onde suas forças permitem.
Não se trata de não possuírem consciência. Individualmente os seres vivem segundo uma espécie de racionalidade que emerge aleatoriamente de suas capacidades de reagir às mudanças do ambiente. Se uma espécie pode responder afirmativamente a uma mudança, se adapta e persiste. Caso contrário, sem paixão, ela cede espaço e deixa a cena.
Esta compreensão é possível para cada indivíduo da espécie humana. A consciência para nós é um ato. Pensar o pensamento nos permite considerar possibilidades, calcular probabilidades e criar perspectivas virtuais.
Como insetos e répteis não sabem porque a vida se desenvolveu desse modo, também não sabemos. Compartilhamos com os demais seres vivos o mesmo destino individual. Sofremos as dores, gozamos os prazeres da existência e morremos.
A consciência parece ser capaz de estabelecer um diálogo com o universo. Respondemos a cada condição que a realidade nos impõe. Criamos nossa existência na dinâmica de uma constante busca de respostas. O que acontece nos desafia a buscar explicações, causas.
Contamos histórias para dar algum sentido à existência. Histórias dentro de histórias. Memórias como constantes reconstruções. Há um mundo, verdadeiros universos, na imaginação humana. E existe o real que parece anterior aos nossos sonhos: Ele não narra. Não condena, nem absolve. Simplesmente é.
Será que estamos enclausurados no interior do silêncio dessa realidade absoluta. Poderá a ideia do infinito estar contida juntamente com nossa espécie, com nossa consciência, no interior do real? Ou será que a realidade, de algum modo, se espelha no quadro de nossa consciência?
Eu vou deixar essa existência em algum momento. Agora a perspectiva da espécie humana parece, sombriamente, incerta. Meu próprio silêncio figura como natural e inexorável. Mas, como espécie, somos inferiores às baratas, que de alguma forma, estão aqui desde antes dos dinossauros.
A cada avanço tecnológico, a possibilidade de sermos extintos em um evento natural, se aproxima de algo como uma negligência. Podemos nos esquivar dos golpes de um asteroide, da explosão de uma supernova na vizinhança galáctica, podemos talvez colonizar outros planetas e sistemas solares. Mas ainda é incerto.
Mas também ainda não temos certeza de que não seremos nós mesmos, de modo ativo e mesmo inadvertidamente, que iremos causar a nossa destruição.
Como qualquer outra espécie que deixou de existir na terra, o fator determinante da morte da espécie humana deve ser sua falta de abertura para se transformar.
Mecanismos de adaptação exigem disposição para abandonar algo no próprio caráter. No nosso caso, precisamos ser capazes de reconhecer nosso lugar na existência. Deixarmos de lado a arrogância de nos pensarmos como o centro do universo é essencial. Somos apenas o centro da consciência que se manifesta em nós. Nossa consciência, no entanto, não é o centro do universo.
Somos um capítulo da vida. E o universo é suficientemente vasto para que aconteça incontáveis vezes, em outros lugares, o que temos experimentado aqui.