Olá, Rede Humaniza.
Chamo-me Débora, sou acadêmica de psicologia do 4° semestre da FISMA e este texto é referente a um trabalho da cadeira de psicologia da saúde.
Quando solicitado fazer um post nesse grupo, sobre algum assunto relacionado à saúde pública, logo quis entrar no assunto “Drogas”, ou algo relacionado a esse tema. Além de o assunto ser de grande curiosidade e me chamar bastante a atenção, estou fazendo estágio em uma clínica de reabilitação para pacientes que sofrem com a dependência química e transtornos mentais. Com o passar do tempo, fui me preocupando com as famílias desses pacientes, já que as mesmas acabam adoecendo junto e também precisam de um olhar cuidadoso. Eu participando de um grupo privilegiado da nossa sociedade, sendo branca, classe média, com uma família bem estruturada, quis saber mais sobre outras realidades e então me surgiu à ideia de falar sobre “filhos de dependentes químicos e seus desafios”.
A dependência química deve ser entendida como uma doença biopsicossocial, pois é influenciada por diversos fatores, sendo eles; psíquicos, orgânicos, culturais e sociológicos. Essa doença afeta a vida do indivíduo como um todo, inclusive o âmbito familiar. A família é exposta ao estresse e uma preocupação excessiva por um longo período de tempo, o que pode vir a ocasionar muitas vezes patologias, como exemplo a depressão. Na nossa sociedade, o usuário de droga, é extremamente marginalizado, o preconceito com esse grupo acaba respingando em seus familiares. Afinando nosso assunto e focando no tema principal, que são os filhos, o assunto se torna ainda mais delicado. “Filhos de dependentes químicos apresentam risco aumentado para transtornos psiquiátricos, desenvolvimento de problemas físico-emocionais e dificuldades escolares (FIGLIE; FONTES; MORAES; PAYÁ, 2004, p. 54)”. Primeiro fator que eu vejo uma problemática é a grande porcentagem sofrer violência física e/ou psicológica, ou até mesmo presenciá-las. Como todos nós sabemos isso é grave, podendo interferir no comportamento e na maioria das vezes prejudicando o desempenho dessas crianças e adolescentes. O bullying, que é um dos motivos de grande parte dos suicídios na infância, também me causa grande preocupação, já que a dependência química é vista com “maus olhos” pela sociedade. Não podemos esquecer-nos do fator genético, ainda que os estudos tenham que se aprofundar mais, há uma possibilidade de existir uma herança genética, o que ressalta a importância de um olhar especial para com esse grupo.
“Na capacidade da realização do cuidado familiar, é necessário o fornecimento do cuidado básico em saúde, assegurar a segurança no lar, estimulação, afetividade, estabilidade, monitoramento e limites (FIGLIE; FONTES; MORAES; PAYÁ, 2004, p. 61).” Garantir esse olhar, criar novas políticas públicas, ou até mesmo um serviço especializado de prevenção seletiva, não seria um privilégio e sim um modo de prevenir futuros casos. Cada grupo, como cada indivíduo merece um olhar singular, em cima de cada realidade, contexto e história de vida. Todos nós somos diferentes, com necessidades diferentes e vivendo em diferentes contextos, é inútil achar que algo servirá para todos, por isso a ideia de uma prevenção seletiva, atendendo as necessidades de cada grupo, colocando em prática duas ferramentas tão importantes às quais podemos usar e abusar, EQUIDADE E EMPATIA.
REFERÊNCIAS
Figlie, N.; Fontes, A.; Moraes, E.; Payá, R. Filhos de dependentes químicos com fatores de risco bio-psicossociais: necessitam de um olhar especial? Revista De Psiquiatria Clínica, São Paulo, n. 31, v. 2, 53-62, 2004.
Por Raphael Henrique Travia
Olá Débora,
Seja muito bem vinda á RedeHumanizaSUS!
As drogas são um grande problema para a sociedade brasileira apenas se o usuário for negro ou pobre.
Branco portando drogas é usuário, negro portando drogas é traficante.
Quando a família tem condições financeiras geralmente ela interna o sujeito em uma clínica particular e esconde o problema para debaixo do tapete.
Algumas famílias inclusive tem grande responsabilidade pela condição de dependência que o usuário se encontra.
Não é necessário criar novos serviços, mas sim fortalecer a Rede de Atenção Psicossocial e seus dispositivos como os CAPS AD, Unidades de Acolhimento e Consultórios na Rua.
A Redução de Danos é cientificamente mais eficaz do que a abstinência que vem acompanhada do falso moralismo religioso.
Por uma sociedade sem torturas, sem manicômios e sem comunidades terapêuticas!
AbraSUS
Raphael Henrique Travia