Sobre:

Sou mãe de menina. Minha filha nasceu no dia 3/03/13 de parto normal, no Hospital das Clínicas de São Paulo. Como sou prolactinoma e minha primeira gestação foi aos 41 anos, fiz meu pré-natal no HC como gravidez de risco, mas graças a Deus correu tudo bem e a Heloísa nasceu super saudável, pesando 3,330. Foram 13 horas de trabalho de parto em completa solidão, sem direito a acompanhante, sendo forçada a ficar deitada numa maca, sem poder caminhar, tomar banho, receber massagem, ou mesmo sequer segurar na mão do meu companheiro. Não tive escolha, não estava bem informada sobre a lei do acompanhante. Me senti desrespeitada por ser tocada inúmeras vezes por estudantes de medicina que se alternavam para verificar e aprender com minha dilatação. Fiquei tensa, tive medo, sentia tremores, queria ter pessoas por perto que me confortassem e me encorajassem a passar pelo trabalho de parto com mais calor e menos ansiedade. Não queria cesárea, queria parir naturalmente, mas depois de 6h de TP, pedi anestesia. Consegui relaxar e meu corpo começou a se abrir para que minha filha nascesse. A longa e soltiária espera me levou a pedir reforço de anestesia, e meu corpo foi se abrindo devagar, centímetro por centímetro, até que a cabecinha da Heloísa coroasse. Fiz 3 forças de explusão, e na quarta, ela veio `a luz, linda, e foi o momento mais emocionante da minha vida. Anestesiada, não perdi totalmente a sensibilidade, pois me lembro de ter sentido a passagem das perninhas dela cruzadas. Foi tudo muito rápido depois, me mostraram, peguei nos pezinhos da minha pequena, a levaram para longe e a trouxeram já limpa e embrulhada para mamar, mas ela não quis o peito naquele momento, naquelas condições. Tive uma episiotomia, descoberta ao acaso quando olhei para baixo e vi o médico me costurando. Questionei e a resposta que tive foi: preventivo. Meu relato é de alguém que idealizou um parto humanizado dos sonhos, e viveu a realidade de muitas mulheres atendidas neste Brasil.
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