Ninguém entra no mesmo rio duas vezes, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas já serão outras. (Heráclito)
Espero que assim como fomos mudados ao passar por essa experiência, os leitores desse texto também possam se sentir tocados e transformados ao fazerem essa leitura.
O estágio de Saúde Mental faz parte do internato do curso de Medicina da Universidade Federal de Alagoas. Dentro do estágio, é realizado um acompanhamento semanal nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), além da realização semanal de discussões pertinentes à luta antimanicomial, todas essas atividades com a orientação do professor Sérgio Aragaki. Os alunos, Pedro Antônio da Silva Pimentel Sousa e Gabriel Burmann Barbosa, foram acolhidos no CAPS Dr. Sadi de Feitosa Cavalho, localizado na Chá de Bebedouro, Maceió-Alagoas, no período de novembro de 2023.
A primeira interação que temos é com a equipe profissional composta das mais diversas profissões, entre elas enfermeiras, nutricionistas, farmacêuticos, psicólogas, terapeutas e outras tantas que aqui peço desculpas por não citar, mas que contribuem em demasia para o funcionamento da unidade. Avançado um pouco mais, prontamente nos foi ensinado sobre os horários e fluxo presente no local. Ocorre de maneira simultânea consultas com psiquiatras durante a manhã, liberação de medicamentos (farmácia) e triagem de entrada dos pacientes. Faz-se necessário o adendo que como parte do fluxo existem os grupos terapêuticos que atuam como parte do processo de tratamento dos pacientes. Os grupos podem ser diversos, como tricô, yoga, música, etc. Porém, a unidade CAPS estava passando por uma reforma, dando assim os grupos momentaneamente suspensos.
Também tivemos a oportunidade de acompanhar as visitas domiciliares, demonstrando a importância de levar a assistência aos pacientes mais fragilizados e isolados territorialmente. Esse é um problema que outros CAPS também devem enfrentar, visto que existem poucas unidades para muitos bairros em Maceió.
O projeto terapêutico singular (PTS) é uma ferramenta utilizada que permite a descentralização da responsabilidade terpêutica ou seja familia, usuário e profissionais tem papéis distintos, porém igualmente importantes no tratamento. A todo tempo foi demonstrado isso, principalmente no que chamamos de “metas”, trantando-se de objetivos terapêuticos e sociais, que necessitam do esforço de ambas as partes.
De forma geral, todas as atividades desenvolvidas nos auxiliariam a nos tornarmos profissionais mais humanizados e conscientes sobre as diferentes vertentes e serviços de saúde que fogem da premissa de hospitalização. Conhecemos não só a teoria, mas a prática e o fluxograma desse diferente sistema. Infelizmente, não tivemos a oportunidade de participar de grupos, mas através da literatura e experiências relatadas é nítido a diferença que eles fazem na saúde do paciente, que começa a criar uma rotina e vínculo com o sistema de saúde de maneira até mesmo holística.
No demais agradecer ao professor Sérgio pelas reuniões com temáticas sobre humanização, sistema saúde com enfoque na saúde mental e luta antimanicomial, foram momentos esclarecedores que nos demonstraram outra visão sobre a saúde. Agradecer também a professora Camila Wanderley coordenadora do estágio de saúde mental que não mediu esforços para auxiliar nas demandas que surgiam sejam elas burocráticas ou espontâneas. Gratidão a todos os profissionais e pacientes do CAPS que fizeram parte dessa pequena jornada, e de diversas maneiras contribuíram para nossa formação. Que os obstáculos não os façam perder o brilho dessa luta
“Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…” Fernando Pessoa.
Por patrinutri
Caros Pedro Antônio e Gabriel , que bom ler seus relatos por aqui!
Fui acompanhando o texto e me vi entrado no serviço e conhecendo este trabalho valoroso do SUS de Maceió AL, meso estando taõ distante geograficamente de vocês (Blumenau SC).
Seu relato me fez refletir sobre a importância do SUS e a democratização do acesso ao cuidado e tratamento em liberdade por todo o país.
Pena que não puderam mergulhar nos grupos terapêuticos, mas sugiro fazê-lo em outro momento, se tiverem oportunidade, com certeza sairão enxarcados de um SUS caldoloso, águas vigorosas para seguirem suas carreiras de médicos em breve!
Feliz 2024 e que possamos seguir sabendo mais sobre suas viv~encias profissionais/estudantis por aqui!
AbraSUS
Patrícia