IV FONDIPIS, Encontro Regional da Rede Unida Nordeste I e os encontros na Tenda do Conto

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Aconteceu no período de 03 a 07 de fevereiro o IV Fórum Nacional de Diálogos e Práticas Interprofissoionais em Saúde – FONDIPIS e Encontro regional da Rede Unida Nordeste I na cidade de Mossoró/RN.  Com o tema ” Re-existência em Saúde… De sonho-ação o SUS é feito”,  discutiu-se sobre os sentidos produzidos na experimentações interprofissionais, novo financiamento da Atenção Básica, controle social e outros tantos temas que pulsavam nas experiências trazidas de cada canto da nossa região. Mas o que quero contar para vocês é que o SUS estava lá VIVO. Tava uma boniteza de ver a Tenda Paulo Freire, os cactus ganhando lugar de destaque no auditório, as faixas de algodão coloridas com palavras pintadas a muitas mãos, o cine equidade, os círculos de cultura sobre saúde da população LGBT e saúde da mulher, sobre crença, espiritualidade e saberes da tradição, dos povos da terra e das águas, feira de economia solidária, oficinas de aquarela e de chás e ervas medicinais… Tinha também capoeira, ciranda, conversa, abraços. Muitos abraços. Essas coisinhas que andam escasseando, meus queridos, estavam todinhas lá! Estavam lá nos chamando pra vida, uma a uma, nos movendo, nos salvando!

O evento fez história. Teve história. História construída, história contada. Teve história contada e cantada na Tenda do Conto. E, claro, como vocês já sabem, é lá que meu coração se demora mais e faz morada.

Ao ser convidada para fazer acontecer uma Tenda do Conto no Fórum, logo me comuniquei com minha irmã que está trabalhando como psiquiatra do CAPS no município de Apodi que fica a 80 Km de Mossoró onde aconteceria o evento. Não sei se lembram dela…Aquela do post “Pra não dizer que não falei das flores”. Plantio de flores no pátio do Hospital…

Aqui: https://redehumanizasus.net/9381-pra-nao-dizer-que-nao-falei-das-flores/   

Ela me contou que a Tenda do Conto vem sendo realizada com a psicóloga e equipe do CAPS junto aos usuários e logo se interessou em levá-los para vivenciar a Tenda do Conto no evento. Conseguiram transporte e saíram cedinho rumo a Mossoró. Chegaram antes do horário previsto. O céu, farto de sol, derramava um azul tão azul que encandeava as vistas. O lanche trazido era desculpa para se reunir em um piquenique sob as árvores onde nos misturávamos entre risos, apresentações, abraços e cajuína. Meia hora depois, nos dirigimos à sala onde seria realizada a Tenda do Conto e nos juntamos aos outros participantes.

Abrimos a mala.  Dois dos presentes tocavam violão. Que maravilha! (Depois que nosso dentista se foi ficou bem difícil conseguir um violonista).

“É preciso saber viver

É preciso saber viver…”

Cantávamos enquanto montávamos a Tenda. Na mesa principal, os objetos trazidos por eles. No chão, sobre a colcha de fuxico estendida, os objetos da nossa mala. Contamos a história de como surgiu a Tenda do Conto e reforçamos o convite para que todos participassem; reafirmamos que aquele é um espaço de escuta, de acolhimento, de reconhecimento do outro, de encontros.

Cada um sentava na cadeira e trazia um pouco de si. Um diploma, orgulho para sempre. Uma lamparina, luz para guiar os estudos na falta de energia elétrica. O violão, música para trazer de volta a paixão pela vida.

“Ei, dor! Eu não te escuto mais

Você não me leva a nada

Ei, medo! Eu não te escuto mais…”

Um livro, leitura para suportar as dores.  Uma mala, bagagens sempre acrescidas nas viagens da vida.

A rede, canções que embalaram a infância. Coisas miúdas, pequenos fios que conduziram as lembranças e trazem para perto algumas palavras ditas: “Quando a gente se aceita, as coisas doem menos. É preciso se compreender para compreender o outro”. “O remédio não cura, o remédio controla”.

Agradecemos uns aos outros, nos abraçamos e choramos. Acreditem: Chorar diante da beleza das histórias que nos aproximam é das coisas mais alegres que existem.